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Petrobras paralisa seis plataformas em Campos e afeta economia local

Sindipetro-NF questiona decisão da empresa, lamenta cortes e aponta ilegalidade em redução salarial

Segundo o Ministério de Minas Energia, a premissa dos trabalhos é o respeito à 'liberdade de preços, livre negociação entre os agentes econômicos e responsabilidade fiscal'
Segundo o Ministério de Minas Energia, a premissa dos trabalhos é o respeito à 'liberdade de preços, livre negociação entre os agentes econômicos e responsabilidade fiscal' -
Campos — A economia campista sofreu mais um baque, reflexo também da pandemia do coronavírus. A Petrobras anunciou a paralisação da operação de seis de suas plataformas na Bacia de Campos, o que deve provocar impactos significativos na cidade. O Sindipetro-NF (Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense) criticou a decisão e prevê a demissão de 700 pessoas apenas na região.
“A postura da empresa é contraditória. Em vez de manter os postos de trabalho e indenizar seus trabalhadores, a Petrobras informou o pagamento de R$ 2,6 bi de bônus para sua alta direção e apadrinhados”, aponta o coordenador do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra.
Em resposta à reportagem, a assessoria da estatal informou que "foi postergado o pagamento do Prêmio por Performance e dos dividendos para os acionistas, além da renegociação de contratos com grandes fornecedores".
A companhia vai "hibernar" 62 plataformas em campos de águas rasas das bacias de Campos, Sergipe, Potiguar e Ceará, o que representa um corte de produção de 23 mil barris de petróleo por dia. A justificativa é a crise mundial do mercado do petróleo, "a pior da indústria em 100 anos", diz a nota.
As seis plataformas da Bacia de Campos que cessam atividades produzem 5,4 mil barris por dia, segundo dados do boletim divulgado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)
O sindicato da categoria prevê um efeito cascata para o município. “As cidades perderão com a queda nos Royalties e perda de ICMS, além do dinheiro que circula a partir desses 1500 famílias de funcionários próprios e terceirizados que deixam de consumir, pagar aluguéis e impostos na região”, calcula Bezerra.
A empresa diz que, de todas as plataformas em suspensão, apenas 80% são habitadas. Os trabalhadores das demais serão demitidos, mas realocados, garante a Petrobras. No entanto, o Sindipetro diz que esses petroleiros vão sofrer 50% de redução salarial, o que é ilegal, de acordo com a entidade. 
A Petrobras oferece três possibilidades aos petroleiros: transferência para outras bases com redução salarial, adesão ao plano de demissão voluntária e o desligamento com acordo individual. O Sindipetro diz prestar apoio jurídico e social àqueles aos afetados, mas aponta que os terceirizados não são protegidos da mesma forma, e vão sentir mais.
Uma das propostas do sindicato para contornar o problema é a interrupção das importações de petróleo, e a concentração de toda a produção internamente, como forma de se evitar os cortes.