Mulher que disse 'odeio preto' para jovem em loja do McDonald's é indiciada por três crimes

Amanda Queiroz Ornela irá responder por racismo, ameaça e falsidade ideológica

Caso aconteceu em loja do McDonald's, em Campo Grande, onde Amanda é acusada de ofender o estudante Mattheus da Silva, de 22 anos
Caso aconteceu em loja do McDonald's, em Campo Grande, onde Amanda é acusada de ofender o estudante Mattheus da Silva, de 22 anos -
Rio - A Polícia Civil indiciou, nesta terça-feira (29), a auxiliar administrativo Amanda Queiroz Ornela pelos crimes de racismo, ameaça e falsidade ideológica depois dela dizer "odeio preto" para um jovem negro dentro de uma loja do McDonald's em Campo Grande, Zona Oeste do Rio, no dia 31 de julho.
A investigação da 35ª DP (Campo Grande) apontou que a mulher, que se apresentou como médica e disse que era casada com miliciano, ofendeu o estudante Mattheus da Silva Francisco, de 22 anos, apenas por ele ser negro. A ofensa estava sendo investigada por injúria por preconceito até o depoimento de funcionários do estabelecimento. Contudo, os agentes decidiram mudar a tipificação para racismo depois das oitivas. A diferença para o racismo e a injúria é o alvo dessas ofensas. O primeiro é entendido como um crime contra a coletividade. Já o segundo é direcionado ao indivíduo.
Por ter mentido sobre sua profissão duas vezes, uma no momento do crime e outra em seu primeiro depoimento, ela também foi autuada por falsidade ideológica. Já por causa da tentativa de intimidação, ela irá responder por ameaça. De acordo com o delegado Vilson de Almeida, o processo já foi enviado para a Justiça. 
"Relatamos e encaminhamos para a Justiça. Agora, ela vai ser processada judicialmente e poderá ser condenada pegando uma pena de até 10 anos de prisão", contou.
No dia dos crimes, Amanda teria dito que não sabia o motivo do jovem estar no estabelecimento porque ele não teria dinheiro para comprar lanche. No vídeo, obtido pelo O DIA, a mulher aparece dizendo "odeio preto" duas vezes, que não é "obrigada" a gostar e que "racismo não dá cadeia".
O estudante chegou a chorar devido aos ofensas raciais que recebeu. "A gente parou ao lado dela para fazer um pedido de lanche porque não tinha fila. A atendente nos atendeu antes dela. Aí, ela se revoltou contra a gente e começou a insultar a gente. Disse que eu era preto, que eu não conseguia chegar a nenhum lugar devido à minha cor e o lugar onde eu moro", disse.
Amanda foi levada para a 35ª DP em busca de prestar depoimento. Na ocasião, a mulher foi ouvida e liberada. Porém, a Polícia Civil a chamou novamente para questionar seu registro como médica. Ela afirmou, tanto na lanchonete como na delegacia, que era psiquiatra, mas, de acordo com as investigações, seu nome não foi encontrado no Conselho Regional de Medicina (Cremerj).
Em seu segundo depoimento, ela assumiu que mentiu e disse que trabalha como auxiliar administrativo em uma farmácia. Amanda destacou que falou que era médica porque uma outra mulher alegou que era advogada. A suspeita também admitiu ter mentido sobre ser casada com um miliciano - no vídeo, ela aparece dizendo "Casada com milícia [SIC], beijos". Desta vez, alegou ter sentido medo de ser agredida.
Em relação às ofensas, ela alegou que estava bêbada e que passou o dia bebendo diferentes bebidas alcoólicas.