Moedas virtuais vieram para ficar

Para o bem ou para o mal e apesar dos trope�os, divisas como o bitcoin s�o cada vez mais comuns

Por Ag�ncia France-Press

Em Paris, a Maison du Bitcoin n�o s� opera transa��es com a criptomoeda: tamb�m tem um arsenal de suvenires a aficionados, como canecas
Em Paris, a Maison du Bitcoin n�o s� opera transa��es com a criptomoeda: tamb�m tem um arsenal de suvenires a aficionados, como canecas - AFP/GEOFFROY VAN DER HASSELT

Apesar da bolha que levou o valor do bitcoin a níveis inéditos, dos roubos em plataformas de trocas e da ameaça de regulamentação dos governos, as moedas virtuais vieram para ficar, indicam especialistas. Recentemente, elas voltaram à tona quando a plataforma de intercâmbio japonesa Coincheck anunciou o roubo por parte de um grupo de hackers de criptomoedas no valor de 530 milhões de dólares (R$ 1,7 bilhão).

As criptomoedas "caíram muitas vezes, mas sempre conseguem se levantar de novo", garante Stephen Innes, diretor para Ásia-Pacífico da Oanda, especialista na análise de moedas virtuais.

Mas o megarroubo de 26 de janeiro derrubou os preços e destacou mais uma vez a vulnerabilidade e a volatilidade das criptomoedas. A cifra de 530 milhões de dólares supera a do roubo, em 2014, na plataforma MtGox, também japonesa, que levou o governo de Tóquio a obrigar esse tipo de empresas a obter uma licença prévia.

Após o roubo da Coincheck, o ministro de Finanças japonês, Taro Aso, admitiu que seu governo "precisa reforçar a supervisão". Também disse que faltaram à plataforma "conhecimentos de base e bom senso".

Em países como Coreia do Sul ou China, onde as moedas virtuais também são muito populares, as autoridades já anunciaram sua intenção de regulamentar sua criação e as trocas.

Na mesma linha, o primeiro-ministro indiano, Arun Jaitley, anunciou na quinta-feira que as criptomoedas não têm curso legal no país e que tomará "todas as medidas para eliminar" seu uso como sistema de pagamento, em particular em atividades ilegais.

Segundo Stephen Iennes, a onda de regulamentação era previsível, levando em conta que até agora "o marco regulatório na Ásia era espantoso e atraia criminosos com objetivos muito apetitosos".

Tecnologia t�o ou mais valiosa

Cuidado: moedas s�o s� enfeites, n�o valem nada - AFP/GEOFFROY VAN DER HASSELT

Criptomoedas como o Bitcoin se utilizam de uma tecnologia revolucion�ria que, segundo especialistas, vai se expandir para al�m dos pagamentos: o blockchain.

Ao contr�rio do real, do d�lar e do euro (e por a� vai), o Bitcoin n�o � regulado por nenhum Estado, muito menos tem um Banco Central tomando conta. A lisura dos processos, garantem os operadores, est� nos milh�es de computadores que validam cada transa��o. Todas, desde 2009, est�o em um 'livro-caixa' p�blico e inviol�vel. Esse � o 'blockchain'. Qualquer um pode verificar quando e onde cada transa��o foi feita.

Apesar de circularem moedas douradas com o s�mbolo B, o Bitcoin n�o existe em forma f�sica. Para guard�-lo, � preciso criar uma carteira virtual em seu computador ou no celular. Ela traz duas grandes sequ�ncias de letras e n�meros que a identificam. Uma � o 'endere�o p�blico' da carteira, que o dono tem de informar a cada transa��o. A outra, secreta, � a chave que abre o cofre. Tem de ser guardado com muito cuidado e fora da rede.

Davos e Facebook tentam conter especula��o e fraude

Koichiro Wada, da Coincheck, sem cara ap�s o roubo - AFP/JIJI PRESS

A regulamenta��o das criptomoedas tamb�m foi uma das preocupa��es do F�rum de Davos, realizado recentemente na Su��a, onde o ministro de Finan�as brit�nico, Philip Hammond, pediu prud�ncia aos governos. J� o Facebook anunciou que vai proibir a publicidade de criptomoedas em seu site para evitar fraudes.

Tudo isso tem consequ�ncias para o bitcoin, a mais conhecida de todas as moedas digitais, que chegou a valer 20 mil d�lares, antes de cair a menos da metade.

No entanto, apesar da m� reputa��o, o entusiasmo n�o diminui. A BitFlyer, principal plataforma japonesa de troca de bitcoins, afirma ter mais clientes desde o roubo da Coincheck. Os atores da ind�stria tecnol�gica est�o convencidos de que n�o h� volta e que, mesmo se algumas criptografia desaparecerem, outras vir�o substitu�-las. "As fraudes acontecem. As pessoas que optam por usar esta tecnologia ter�o de levar em considera��o o risco associado", afirmou Ken Kawai, especialista em regula��o financeira e em tecnologia de "blockchains", que est� por tr�s da cria��o das moedas digitais.

� espera de mais regula��o, o bitcoin, o litecoin e o ethereum tamb�m poderiam cair na mira das autoridades fiscais e atrapalhar os investidores, segundo analistas.

De acordo com Hikaru Kusaka, cofundador da Blockhive, uma empresa de inova��o, os consumidores v�o abandonar as criptomoedas fracas e s� as melhores sobreviver�o.

Talvez nem todas as criptomoedas desapare�am, mas novas chegar�o e haver� um processo de sele��o", indica.

Coment�rios

�ltimas de Brasil