Demora na subvenção fez escolas da Série A desfilarem com alegorias modestas
Especialista em Carnaval e jurado do Prêmio Tamborim de Ouro entregue aos destaques da folia carioca pelo jornal O DIA, Aydano André Motta, apenas o Grupo Especial não sentirá o peso da redução do repasse municipal
Por O Dia
Rio - A crise financeira e a demora para receber a subvenção da Prefeitura do Rio - que ocorreu apenas em janeiro - fez com que muitas escolas de samba da Série A desfilassem com alegorias modestas e fantasias mal acabadas. De acordo com o especialista em Carnaval e jurado do Prêmio Tamborim de Ouro entregue aos destaques da folia carioca pelo jornal O DIA, Aydano André Motta, apenas o Grupo Especial não sentirá o peso da redução do repasse municipal. "Tinha escola muito pobre, mal acabada, o que evidencia que faltou dinheiro. Isso foi visto na Alegria da Zona Sul, Rocinha e Acadêmicos do Sossego", destacou.
Segundo ele, as três escolas, acrescentando a Unidos de Bangu, recém-promovida à Série A, irão brigar contra o rebaixamento. De acordo com o regulamento, a última colocada nos desfiles terá que desfilar no ano que vem na Estrada Intendente Magalhães, enquanto a campeã será promovida ao Grupo Especial. "Não é que os desfiles tenham sido ruins, mas como o júri 'julga' dinheiro, quem fez alegorias maiores e luxuosas, é fácil perceber que as escolas menores correm mais risco", justificou.
A Alegria da Zona Sul abriu a segunda noite de desfiles com um enredo que falava da luta contra a intolerância religiosa. A comissão de frente exibiu uma faixa com a frase "Não à intolerância religiosa", o que provocou aplausos das arquibancadas. No entanto, durante a apresentação, um integrante teve problemas com a fantasia, o que comprometeu a exibição aos jurados. A escola pode perder pontos no quesito. A Rocinha foi a quarta escola a pisar na avenida e contou o enredo '110 Anos da Xilogravura e Homenagem ao Cordelista José Francisco Borges'. A agremiação apostou no carnavalesco campeão do ano passado pelo Império Serrano, Marcus Ferreira, mas pecou em quase todos os quesitos.
A Acadêmicos de Santa Cruz teve como destaque o intérprete Quinho, que marcou época no Salgueiro. A escola da Zona Oeste foi a segunda a desfilar e falou sobre fé. A última alegoria, que trazia uma mensagem de paz entre os povos, teve problema na parte elétrica e passou apagada em mais da metade do desfile. A Inocentes de Belford Roxo falou sobre os 452 anos da cidade de Magé, que contemplou uma homenagem ao ex-jogador Garrincha. A Acadêmicos do Cubango, que balançou as arquibancadas, falou sobre o Bispo do Rosário e fez um desfile animado.