01 de janeiro de 1970
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Família não sabia de bullying

Pai do garoto que matou dois colegas de turma conta que jamais ouviu reclamações

Por O Dia

Alunas do Colégio Goyases se abraçam. Entrada da escola, fechada esta semana, foi coberta de cartazes e homenagens aos dois jovens mortos
Alunas do Colégio Goyases se abraçam. Entrada da escola, fechada esta semana, foi coberta de cartazes e homenagens aos dois jovens mortos - DIOMÍCIO GOMES/O POPULAR/ESTADÃO CONTEÚDO

O pai do garoto de 14 anos que disparou contra colegas na sexta-feira, no colégio Goyases, em Goiânia, deixando dois mortos, depôs na Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais (Depai) na manhã de ontem. O major Divino Aparecido Malaquias, da Polícia Militar de Goiás, disse que não sabia que o filho sofria bullying na escola, como o menino relatou em seu depoimento. O adolescente foi transferido na tarde de ontem para um centro de internação. Ele deve cumprir 45 dias de internação provisória.

De acordo com o delegado Luiz Gonzaga Júnior, o major confirmou que a arma utilizada pelo filho, uma pistola calibre. 40, pertencia à mulher, também policial. No depoimento, Malaquias disse não saber se o filho sofria bullying dos colegas atingidos pelos disparos. "Ele disse que o filho sempre teve um bom relacionamento familiar, mas que nunca relatou uma situação de bulliyng ou pertubação psicológica, nem a coordenação ou professores do colégio nos trouxeram que isso poderia ter ocorrido", disse o delegado.

Tratamento psicológico

Ainda segundo o policial, o major informou que o filho passou por tratamento psicológico há alguns meses, mas não precisou por quanto tempo, nem por qual motivo. "Ele confirmou que nunca, em casa, ninguém ensinou o filho a atirar; disse que ele aprendeu pela internet", descreveu Gonzaga Júnior.

O pai também afirmou que o garoto jamais manifestou interesse pela arma, que, de acordo com o major, ficava em cima do guarda-roupa do casal e separado da munição, que era trancada em uma gaveta. O policial disse não saber como o filho teve acesso aos projéteis. A Polícia Militar do Estado de Goiás vai abrir procedimento administrativo para esclarecer esse ponto.

Sábado, a juíza plantonista Mônica Cezar Moreno Senhorelo havia decidido pela internação no Centro de Internação Provisória (CIP) de Goiânia. A advogada do estudante, Rosângela Magalhães, disse que iria buscar internação em outro local sob a alegação de que o CIP não seria seguro, uma vez que o caso é de grande repercussão e o adolescente é filho de policiais militares. O estudante pode ter sido encaminhado a qualquer um dos dez centros de internação do estado, dentro ou fora da capital.

Baleados apresentam melhora

Uma das adolescentes baleadas no ataque recebeu alta da UTI no domingo. A jovem, de 13 anos, continuará o tratamento em um leito de enfermaria do Hospital de Urgências de Goiânia. A outra paciente que continua no Hugo, também de 13 anos, está consciente e respira sem aparelhos. Ela segue internada na UTI.

Outra vítima, um garoto de 13 anos, recebeu alta hospital na manhã de domingo. Ele foi atingido nas costas. Seu pai, Thiago Gomes, afirmou que a bala ficou alojada nas vértebras e passou a menos de um centímetro da medula. Ele deve ser ouvido pela polícia amanhã.

As duas vítimas que morreram, João Vitor Gomes e João Pedro Calembo, ambos de 13 anos, foram enterradas no sábado.