Cabral algemado em Curitiba

Secret�rio que n�o impediu regalias a ex-governador mant�m cargo, apesar de ordem judicial

Por Bruna Fantti

Rio - O ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, passará os próximos 15 dias sozinho em uma cela do Complexo Médico Penal de Pinhais, em Curitiba. Ele chegou ao local ontem à tarde após ter sido transferido devido a constatações de regalias no sistema prisional do Rio. Na chegada ao IML, onde fez exame de corpo de delito, estava algemado pelas mãos e pés.

De acordo com o Departamento Penitenciário do Paraná, o isolamento faz parte do processo de adaptação ao presídio. Por duas semanas, Cabral não terá acesso a televisão, rádio, visitas ou banho de sol. Somente conversas com seus advogados estão liberadas.

Depois do isolamento, Cabral deve ser transferido para uma cela com, no máximo, dois detentos. Nela, terá direito a uma televisão de até 20 polegadas e a um rádio.

No Complexo Médico Penal, cumprem penas o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari, e o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, Aldemir Bendine.

A transferência de Cabral ocorreu após o Ministério Público Estadual constatar que ele recebia refeições não permitidas, conseguir emprego e convites de eventos para familiares de presos, além do envolvimento na aquisição de um home theater.

Costa Filho não sai

O Ministério Público Estadual solicitou o afastamento do secretário de Administração Penitenciária, Erir Ribeiro da Coista Filho, e mais cinco funcionários por supostamente terem conhecimento das regalias e nada terem feito. O pedido foi acatado pela Justiça. O governo do Rio disse que recebeu a notificação e encaminhará à PGE, que dará um parecer jurídico sobre o caso. Depois, Pezão se pronunciará sobre o caso.

Uso de algemas divide opini�es

Ao descer do cambur�o da viatura da Pol�cia Federal em Curitiba, Cabral estava algemado nas m�os e nos p�s. Seu advogado, Rodrigo Roca, ironizou: "esqueceram apenas de colocar o capuz e a corda".

Especialistas divergiram sobre a aplica��o das algemas. O promotor Andr� Guilherme Freitas analisou como necess�ria o uso das algemas. "Acho justific�vel em criminosos de acentuada periculosidade, como � o caso dele", disse.

J� o professor de Direito Penal Eduardo Antunes avaliou a situa��o como um espet�culo. "S� � l�cito o uso de algemas em caso de possibilidade de fuga ou risco da integridade f�sica do acusado. A Lava Jato quis dar uma esp�cie de satisfa��o para a opini�o p�blica", afirmou.

Em nota, a Pol�cia Federal disse que "havia necessidade do emprego das algemas, seja para preserva��o do pr�prio custodiado, seja para preserva��o de terceiros que tivessem ali presentes".

Coment�rios

�ltimas de Rio De Janeiro