Crise econômica faz escolas reduzirem preços para completar as alas

Interessados em desfilar na Apoteose encontram opções entre R$ 600 e R$ 1,6 mil, em 11 das 13 escolas

Por O Dia

Leidi Lúcia prepara fantasias da Vila Isabel. Na escola, os preços dos figurinos de alas comerciais caíram de R$ 1,4 mil para R$ 1 mil para estimular as vendas, em baixa
Leidi Lúcia prepara fantasias da Vila Isabel. Na escola, os preços dos figurinos de alas comerciais caíram de R$ 1,4 mil para R$ 1 mil para estimular as vendas, em baixa - Marcio Mercante / Agencia O Dia

Rio - A três semanas do Carnaval, sobram fantasias em muitas das escolas de samba do Grupo Especial. Com a crise e vendas mais baixas neste ano, alguns diretores reduziram preços e fizeram promoções em condições especiais para conseguir vender e completar suas alas. Os interessados em desfilar na Apoteose encontram opções entre R$ 600 e R$ 1,6 mil, em 11 das 13 escolas. A São Clemente oferece as peças mais baratas, mas quem estiver interessado é bom se apressar porque resta apenas uma ala disponível.

Na União da Ilha, fantasias são ofertadas por R$ 850, R$ 50 a menos do que no começo das vendas. Com o enredo 'Brasil Bom de Boca', existem opções disponíveis em quatro alas. A responsável pela 'Alegrilha', Eliana Siqueira, admitiu descontos na base do diálogo e revelou que vive o momento mais difícil desde que entrou no Carnaval.

"Tudo é conversado. Também depende de quantas pessoas vão comprar a fantasia, tem promoção para grupos de três ou mais. É a primeira vez em 28 anos que passo por essa dificuldade. Estou assustada. Não sei se vale a pena continuar nos próximos anos," queixa-se Eliana.

Quem também enfrenta obstáculos para vender fantasias é a Grande Rio, que apostou no enredo 'Vai para o trono ou não vai'. De acordo com Paulo Cavalcante, o 'Paulo 10', presidente da ala 'Todo Dia Era Dia de Índio', as peças saem a R$ 900, mas é possível negociar para conseguir um desconto de até R$ 150. Paulo destacou problemas que prejudicam as vendas. "Está fraco. Vendi metade das 100 roupas até agora. O pessoal não está comprando por conta da crise e da violência no Rio. Este ano só não é o pior porque em 2009 tive câncer e não consegui vender direito", explicou.

Apesar do panorama geral apontar o contrário, o clima é de esperança na Vila Isabel. A escola, que levará o enredo 'Corra que o futuro vem aí' à avenida, reduziu o preço das fantasias de R$ 1,4 mil para R$ 1 mil. As vendas aumentaram e algumas das peças estão sendo preparadas para entrega.

Com um dos preços mais baixos do Grupo Especial, a Imperatriz Leopoldinense comercializa suas roupas por R$ 800. Ainda restam unidades em todas as nove alas comerciais, mas os responsáveis afirmaram que as vendas estão em ritmo normal. O Salgueiro, que explora o tema 'Senhoras do ventre do mundo', é outro a destoar do cenário de dificuldade presente na maioria das escolas. As fantasias da ala 'Narciza" custam R$ 1,2 mil e podem cair para R$ 1,1 em compras conjuntas de cinco pessoas ou mais. Das 90 peças de início, apenas 18 seguem à venda. Fernando Kaden, um dos responsáveis, descartou qualquer desconto de última hora por considerar um "desrespeito" com quem comprou por antecedência.

Uma das campeãs de 2017, a Portela segue comercializando três tipos de fantasias. A chefe de uma das alas mais tradicionais garantiu que a procura é grande, pois a escola está bem cotada e os preços chegam a R$ 1,6 mil.

Na Mocidade, a outra campeã do ano passado, os preços estão em torno de R$ 1,2 mil e ainda restam fantasias de nove alas. Na Mangueira, há pelo menos cinco grupos de figurinos com vagas e os preços estão em torno de R$ 1,6 mil.

Na Beija-Flor, responsáveis por alas se ajudam

A manutenção de um público fiel acaba sendo uma das soluções para driblar as dificuldades de um período de crise econômica. É o que acontece com o setor 4 da Beija-Flor de Nilópolis, que contempla as alas 'Signus' e 'Vamos Nessa', sob o comando de Débora Rosa Santos Cruz Costa.

Débora diz que não teve problemas para vender suas fantasias por possuir muitos clientes fixos, mas admitiu que amigos de outras alas não contam com a mesma sorte. Em todos os anos, ela indica fantasias de outros setores para quem a procura quando suas peças estão esgotadas. Em 2018, porém, essas buscas não ocorreram.

"O custo de vida está influenciando. Estou sofrendo junto com o pessoal de outras alas. Estamos prestando solidariedade aos nossos amigos. Sempre fizemos assim: quando enchia minha ala, apoiava as outras. Seja como for, iremos completar as alas e colocá-las na rua. Temos um compromisso com a escola. Estamos fazendo tudo para conseguir vender todas", confessou. Os preços em algumas alas da escola de Nilópolis caíram de R$ 1,3 mil para R$ 1,2 mil.

O Império Serrano tem vagas em nove alas e os preços estão em média a R$ 800. A Unidos da Tijuca e a Tuiuti informam que as fantasias foram distribuídas para membros das comunidades e que não estão à venda.

Para adquirir fantasias, é preciso acessar o site ou Facebook das agremiações. Algumas oferecem venda online e, em outras, é preciso ligar para os responsáveis pelas alas.

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Leidi Lúcia prepara fantasias da Vila Isabel. Na escola, os preços dos figurinos de alas comerciais caíram de R$ 1,4 mil para R$ 1 mil para estimular as vendas, em baixa Marcio Mercante / Agencia O Dia
R$ 150 a menos na Grande Rio Reprodução site
Fantasia a R$ 1.600 na Portela Reprodução site
Imperatriz tem alas a R$ 800 Reprodução site
Na São Clemente, sai a R$ 600 REPRODUÇÃO
Na Ilha, fantasia a R$ 850 Reprodução site
No Salgueiro, R$ 1,2 mil Reprodução site

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