PSDB busca identidade pr�pria para derrotar Lula e Bolsonaro em 2018
Tucanos come�am a deixar o governo Temer para elaborar estrat�gia para a disputa presidencial
Por O Dia
A dez meses das elei��es presidenciais, o Brasil s� tem duas certezas: a esquerda � de Lula e a direita � do deputado e ex-militar Jair Bolsonaro.
No meio, est� uma ampla avenida de centro, que muitos veem como potencial op��o para vencer em outubro de 2018, e pela qual o PSDB, do duas vezes ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), tenta transitar.
Esse vasto espa�o pol�tico por ora n�o tem definido um nome de peso, em grande parte devido � impopularidade do governo do presidente Michel Temer, que, com seu PMDB, costurou uma alian�a de mais de dez for�as que compartilham de uma vis�o liberal no aspecto econ�mico e conservadora em termos sociais, o popular "centr�o".
O PSDB manteve uma prudente dist�ncia desse grupo, que liderou o impeachment da presidente Dilma Rousseff (2011-2016), em meio a uma grave crise econ�mica, mas teve um papel-chave na constru��o do governo que se instalou depois.
Agora j� come�a a abandonar o gabinete de Temer e elaborar uma estrat�gia pr�pria pensando nas elei��es.
Dois de seus tr�s ministros renunciaram (o segundo, o ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, o fez nesta sexta-feira) e s� permanece o ministro das Rela��es Exteriores, Aloysio Nunes.
Neste s�bado, elegeu seu novo presidente, o governador S�o Paulo Geraldo Alckmin, 65, que aparece como seu prov�vel candidato presidencial.
Alckmin assume assim o lugar que foi do senador A�cio Neves, o ex-peso pesado do PSDB, do qual foi afastado duas vezes acusado de crimes de corrup��o passiva e obstru��o da justi�a, embora tenha sido reintegrado ao cargo por decis�o do STF.
No entanto, as pesquisas n�o s�o muito animadoras para o governador do Estado mais rico do pa�s e que j� tentou a sorte em 2006, quando foi derrotado no segundo turno por presidente Luiz In�cio Lula da Silva, eleito para um segundo mandato.
A �ltima pesquisa da Datafolha mostra Lula com 36% das inten��es de voto, apesar de arrastar uma condena��o, em primeira inst�ncia pelo juiz Sergio Moro, a quase dez anos de pris�o por corrup��o, o que poder� tir�-lo da corrida se a senten�a for confirmada em segunda inst�ncia.
Atr�s dele est�o Bolsonaro (18%) e a ambientalista Marina Silva (10%), que que chegou em terceiro lugar nas �ltimas elei��es.
Alckmin soma apena 7% e ainda mais atr�s (1% a 2%) o outro aspirante a aglutinar o centro, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
Procura-se candidato
"A necessidade de encontrar um candidato que venha pelo centro para fazer contraponto aos extremos a direita e esquerda vai mobilizar alian�as entre alguns partidos e acredito que Alckmin vai ser pe�a fundamental do debate 2018. Acho que o cen�rio se desenha para uma vit�ria do PSDB (...) N�o tem outro nome nesse espa�o", declarou � AFP o deputado peesedebista Betinho Gomes.
A tradicional pol�tica brasileira navega em um oceano de descr�dito por causa dos esc�ndalos revelados pela Opera��o Lava Jato, que trouxe � tona os desvios milion�rios de fundos p�blicos para os partidos. E Alckmin, al�m de n�o ser uma figura nova, aparece entre os investigados de receber propinas da construtora Odebrecht.
"Tem chances, mas n�o s�o muito favor�veis. Nenhum candidato do PSDB aparece bem nas pesquisas; o partido foi atingido muito fortemente pelas den�ncias de corrup��o", explica Fernando Lattman-Weltman, do Instituto de Ci�ncias Sociais.
Fundado em 1988 como uma for�a de centro-esquerda, ap�s o fim da ditadura militar (1964-1985), o PSDB abra�ou com o tempo ideias liberais e foi se voltando para a direita.
Sua figura de proa continua sendo FHC, que possui uma forte influ�ncia no cen�rio pol�tico nacional.
Em 1992, o partido apoiou o impeachment que destituiu Fernando Collor e, em 2016, o de Dilma tamb�m. Depois da queda da herdeira de Lula, assumiu quatro minist�rios no gabinete multipartid�rio de Temer e agora pretende deixar a forma��o peemedebista.
"O PSDB n�o est� c�modo no governo; o PSDB deu toda a for�a para esse governo porque se sentiu respons�vel por causa do impeachment. Mas o PSDB n�o � esse governo. Como o FHC escreveu mais de uma vez, n�s temos que apoiar as reformas, temos que ter uma identidade pr�pria", afirma o deputado Silvio Torres, aliado de Alckmin.
Grande vencedor das elei��es municipais de 2016 e derrotado por margem m�nima nas presidenciais de 2014, o PSDB quer governar o Brasil.
Mas, para isso, precisar� de uma consolida��o da recupera��o econ�mica.
"Se fracassar na recupera��o da economia, vai fracassar todo esse movimento que fez o pa�s substituir um governo pelo outro para dar respostas � economia", sentencia Betinho.