Babu Santana se tornou um ícone de resistência ao levar a voz das comunidades para o horário nobre da TV. Orgulhoso das suas origens, foi através da consciência do seu local de fala que o ator, de 40 anos, cria do Morro do Vidigal, na Zona Sul do Rio, tirava força para superar obstáculos no Big Brother Brasil 20, na Globo. Tudo isso acompanhado do seu grito de guerra e de gratidão entoado a cada paredão: "Favelaaa!".
"A favela é um lugar de potência! Potência criativa, social, de convivência. A gente pensa no coletivo, se orgulha dos nossos. Queria mostrar a nossa força. Foram as minhas origens que me ajudaram a chegar até aqui. Fico feliz em saber que muita gente pode se sentir representada e acolhida pelas minhas falas", diz Alexandre da Silva Santana, o Babu.
Apesar de ter deixado o Vidigal — o ator mora na Ilha da Gigoia com a namorada, Tatiane Melo, e os filhos, Carlos e Laura —, ele não nega suas raízes. "Essa ruptura não existe, a favela faz parte da minha vida. É minha história", destaca.
Filho de Luiz Carlos Tavares Santana, de 62 anos, e Maria Rosa, falecida há cinco anos, Babu começou a trabalhar cedo, numa barraca da Praia de Ipanema, e lembra com carinho da infância no Vidigal. "Minha infância na favela foi a melhor que se possa imaginar. Eu tinha muitos amigos, a minha casa ficava num conjunto, onde aprendi o significado de coletividade. Se eu tivesse um biscoito, dividia com meus amigos. Se tinha uma pipa, todo mundo soltava. Isso me ensinou a dividir, a ver o outro e sentir o outro. A favela tem muito disso: toda essa troca humana", conta o Paizão, ressaltando que só conseguiu realizar o sonho de ser ator graças ao projeto Nós do Morro. "Minha formação profissional vem daí. De um nível de irmandade e carinho."
Fora do BBB, Babu segue colhendo frutos: assinou contrato com a Globo, tem sete milhões de seguidores no Instagram e está bombando com seu canal no YouTube. "Estou bem feliz", comemora.
A saída do reality show, no entanto, foi assustadora. Foi quando Babu se deparou com a pandemia do coronavírus. "Muitas coisas precisam ser repensadas para a comunidade. O fundamental seriam políticas públicas eficientes. A favela não tem um minuto de paz nem em meio à pandemia. Como se já não bastasse ter que se preocupar com os hospitais públicos sem leito, ainda tem as operações sem nenhuma estratégia e que matam inocentes. Quantos João Pedro, Ágathas, quantos mais?", questiona.