Reconectando o Jazz com o subúrbio

Próximos shows irão ocupar Padre Miguel e Bangu.

Último evento foi realizado na Casa De Artes e Culturas Percilia Teles Da Silva
Último evento foi realizado na Casa De Artes e Culturas Percilia Teles Da Silva -

O som dos baixos, guitarras, baterias, pianos e saxofones podem ser ouvidos em cada esquina da Zona Oeste. Ligando todos estes instrumentos, jovens negros e suburbanos resgatam para a periferia um dos maiores marcos da música negra no Século XX: o Jazz.

Passando por diversas transformações, o gênero musical saiu das sombras dos subúrbios da cidade de Nova Orleans, nos Estados Unidos, para se tornar uma potência comercial nos "Loucos Anos 20", chamados, não à toa, como "A Era de Ouro do Jazz". Neste período, se conectou com a indústria cinematográfica e teatral, tornando-se o sinônimo da música popular comercial norte-americana.

Mesmo com todo o sucesso, o Jazz foi perdendo suas características negras e sendo apropriado pelas elites, principalmente no Brasil. Com isto, surge o movimento Oeste Jazz para reconectar o estilo musical com suas raízes negras na maior área do Rio de Janeiro, mas com os menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH).

Composto por Pedro Moreira, no violino; Vitor Barros, na guitarra; Jonathan Panta, no Baixo; Pedro Vital, na mixagem; e a produção feita pelo Festival de Música e Cultura de Rua de Bangu, o Oeste Jazz se propõe a ocupar a Zona Oeste do Rio com a música e a cultura negra, incluindo misturas de estilos musicais como: o Funk, o Hip Hop, o Samba, os Corinhos de Fogo (presentes em muitas denominações evangélicas, mas com batuques também nas religiões de matrizes africanas).

O projeto também visa jogar holofotes sobre intérpretes da música instrumental da periferia, como Hermeto Pascoal, levando representatividade para os artistas e produtores culturais dos territórios da Zona Oeste, investindo na democratização do acesso à cultura.

O jovem violinista e idealizador do projeto, Pedro Moreira, afirma a importância da valorização dos artistas deste segmento. "O Oeste Jazz segue se propondo a ser um movimento de valorização e construção das narrativas negras no território, somando esforços com os coletivos locais e potencializando o trabalho de artistas e produtores do gênero para a construção de uma cena potente, adversa e relevante", conta.

A edição mais recente do evento se deu no dia 15 de abril, na Praça Seca, em parceria com a Casa Percilia Teles, núcleo local de produção e organização cultural, além de ponto de articulação do movimento negro na região. Os próximos shows irão ocupar Padre Miguel e Bangu. A agenda completa pode ser encontrada nas redes sociais: @oestejazzrj e @culturaembangu.

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