Artista da Baixada inaugura sua primeira exposição individual

Lucas Finonho inaugurou sua primeira individual, Imagem e Semelhança, no Museu de Arte do Rio (MAR)
Lucas Finonho inaugurou sua primeira individual, Imagem e Semelhança, no Museu de Arte do Rio (MAR) -
Para um jovem artista, uma exposição individual tem como objetivo apresentar ao público a singularidade de sua produção. Lucas Finonho, que nasceu, cresceu e mora em Duque de Caxias, sabe muito bem disso. Quando se é negro e periférico, a expectativa acerca desse momento é ainda maior, sobretudo porque as oportunidades são escassas. Em vista disso, para alcançar um de seus sonhos foi preciso trilhar um caminho pedregoso. Hoje, diante do resultado, é possível dizer que o esforço valeu a pena.
No dia 13 de julho, foi inaugurada a sua primeira individual, Imagem e Semelhança, no Museu de Arte do Rio (MAR). Reunindo um número expressivo de pessoas, de familiares e amigos a artistas e curadores, a abertura foi um grande sucesso. Considerado uma promessa da nova geração, suas pinturas nos convidam a olhar com sensibilidade para as relações cotidianas. Desde 2020, quando ingressou no curso de Artes Visuais da UERJ, dedica-se a investigar ruínas, no sentido figurado. Atribuindo um significado positivo, mesmo na adversidade, vê nos destroços a possibilidade de fabular novos começos. Com curadoria de Mélanie Mozzer e Osmar Paulino, a dupla acompanhou todo o processo de criação, do esboço ao último retoque, contribuindo para o seu amadurecimento.
A exposição é composta por obras inéditas, fruto da pesquisa visual desenvolvida por Lucas Finonho no último ano. A valorização de determinadas características fenotípicas reforça o lugar do protagonismo negro em seu trabalho, bem como o desejo de gerar identificação em quem até pouco tempo não se via representado na arte. Com a predominância de tons de cinza, o vermelho é usado em partes específicas da composição, sendo a única presença de cor. De fundo neutro, a atenção se mantém nas figuras retratadas, inspiradas em pessoas reais. Os olhos fechados, os abraços calorosos, entre outros gestos, transbordam afetos. A inserção da pedra brita, por sua vez, tão recorrente em nossa paisagem, consiste em uma metáfora visual. Desse modo, vemos a tensão, mas também o diálogo, entre a suavidade dos traços e a aspereza das texturas.
Devido a sua visibilidade, o MAR tem se mostrado uma instituição relevante para a entrada de novos artistas no circuito da arte. Ao ocupar uma de suas galerias, Lucas Finonho não só marca a presença da Baixada Fluminense nesse espaço, como “busca alargar cada vez mais o topo do pódio para caber mais gente”. Com entrada gratuita e classificação livre, a exposição fica em cartaz até o dia 03 de novembro.

João Paulo Ovidio, professor, historiador da arte e colaborador do PerifaConnection

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