Favela de Ouro

Raíssa Lima começou a treinar judô aos 14 anos
Raíssa Lima começou a treinar judô aos 14 anos -
O que uma lutadora de judô do Complexo da Maré e uma jogadora de futebol de São Gonçalo têm em comum? Elas tiveram o apoio de projetos sociais para desenvolver suas habilidades no esporte. Com o fim das Olimpíadas de Paris neste domingo, 11, a coluna do PerifaConnection traz a história de duas mulheres de ouro.

Com apenas 14 anos, Raíssa Lima começou a treinar judô após ver a sua atual sensei (professora em japonês) lutando no tatame. Essa oportunidade veio por meio da Luta Pela Paz (LPP), instituição que atua oferecendo atividades esportivas, educacionais e desenvolvimento de treinamentos para educadores sociais nas favelas.

A jovem estava motivada a praticar o esporte para defender sua mãe que sofria violência doméstica. Mas, na iniciativa, ela recebeu suporte psicológico e de assistência social e se encontrou profissionalmente. E o que começou com um problema familiar trouxe para a lutadora uma bolsa de estudos de 50% na faculdade de educação física como prêmio pelo primeiro lugar em uma competição de judô. A outra metade do valor foi paga pela LPP.

Atualmente com 28 anos, ela atua como professora na Luta Pela Paz há três anos e tem um projeto próprio, o Para Elas, voltado para ensinar defesa pessoal a mulheres na Maré. “Depois que eu entrei no Luta Pela Paz tudo foi melhorando. A minha relação com a escola, em casa e com as outras pessoas. Inclusive, eu fui a primeira faixa preta mulher da Luta Pela Paz”, conta.
Layza Cristina Rosa, com apenas cinco anos, começou a jogar futebol com seus primos - Filipe Celestino / Divulgação


Em um campo no bairro de Vista Alegre, em São Gonçalo, Layza Cristina Rosa, com apenas cinco anos, começou a jogar futebol com seus primos. Motivada a mudar a vida de sua família com o esporte, a jovem continuou a prática esportiva ao longo dos anos.

Até que, em 2018, uma partida de futebol disputada por meninas no mesmo local chamou a atenção da jogadora. “Eu sempre jogava lá, mas quando eu vi muitas meninas junto, fiquei muito emocionada”, disse. O tio de Layza a apresentou ao time. Esse foi o primeiro contato da jovem com o Projeto Karanba, instituto social que utiliza o futebol e a educação como ferramentas de transformação social.

Com a iniciativa, a jogadora conseguiu fazer cursos de informática, inglês e o ensino superior, ter um trabalho e sair do país para jogar futebol. “Eu pude ir para a Noruega em 2022 participar de umas das maiores competições mundiais de base, a Norway cup. Lá, a gente conseguiu o terceiro lugar. Foi muito disputado, pois tinha jogos todos os dias. Ficamos tristes por não ter conseguido a primeira posição, mas felizes por ter voltado para casa com uma medalha”, conta.
Marcos Furtado, jornalista e colaborador do PerifaConnection
Layza Cristina Rosa, com apenas 5 anos, começou a jogar futebol com seus primos
Layza Cristina Rosa, com apenas 5 anos, começou a jogar futebol com seus primos Filipe Celestino / Divulgação

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