Rivalidade às vias de fato em Embu

Subsecretário é exonerado do cargo, suspeito de atentado contra jornalista que era contra o prefeito

Por O Dia

Renato Oliveira (esquerda), ao lado do prefeito Ney Santos, em visita a Brasília
Renato Oliveira (esquerda), ao lado do prefeito Ney Santos, em visita a Brasília -

Brasília - Subsecretário de Tecnologia e Comunicação da Prefeitura de Embu das Artes, na Grande São Paulo, e membro do MBL (Movimento Brasil Livre), Renato Oliveira foi exonerado do cargo na última semana após ser acusado de envolvimento em um 'crime político'. Indiciados por lesão corporal grave, Renato e seu segurança pessoal, o agente penitenciário Lenon Roque, são suspeitos de um atentado em 28 de dezembro do ano passado contra o jornalista Gabriel Binho, do site 'Verbo Online'. O veículo de Binho tem postura crítica em relação ao prefeito Ney Santos (PRB), para quem Oliveira trabalha.

O subsecretário teria jogado o automóvel contra a moto de Binho na Rodovia Régis Bittencourt. O segurança Lenon ainda teria sido o autor de três disparos contra o jornalista, que conseguiu se proteger, mas fraturou o tornozelo.

Horas depois, Binho recebeu uma mensagem no Facebook, dizendo que os próximos tiros seriam "no meio da cara dele para aprender a parar de ser falador".

O subsecretário e o amigo confessaram que procuraram o jornalista, mas, segundo eles, para conversar sobre um "assunto pessoal, motivado por questões familiares".

"Quando baixamos o vidro, falei: 'Binho, vamos conversar, encosta aí que quero conversar com você'", disse Oliveira. Para ele, o jornalista pode não ter percebido que era ele que se aproximava, se desequilibrou e caiu da moto.

O subsecretário negou, porém, que tenha havido disparos de arma de fogo contra Binho. A pena para este tipo de crime é de um a cinco anos de reclusão, mas Oliveira e Lenon responderão em liberdade.

O jornalista disse ao portal de notícias 'Ponte' que "não existe nenhuma possibilidade de não ter pessoas ligados ao governo" no atentado.

Prefeitura duvidosa

A gestão Ney Santos é envolta em polêmica. O prefeito é investigado pela Promotoria por participação em organização criminosa, lavagem de dinheiro e tráfico. Ele só assumiu após obter liminar no Supremo, depois de ficar 42 dias foragido. De 2003 a 2005, Santos ficou preso por roubo. Também foi acusado de usar postos de gasolina para lavar dinheiro do PCC (Primeiro Comando da Capital).

O prefeito informou que afastou o subsecretário devido à "repercussão na mídia como sendo um possível atentado contra a liberdade de imprensa" e ao seu "apreço aos profissionais da categoria".

Já a Câmara dos Vereadores de Embu divulgou uma moção de repúdio sobre o caso. O MBL divulgou nota em que afirmou que Oliveira foi expulso da organização no meio de 2016, apesar de não divulgar documento comprovando a informação.

 

Holiday e a denúncia de caixa-dois

MP-SP investiga Holiday - André Bueno/CMSP

O vereador de São Paulo Fernando Holiday (DEM), um dos coordenadores nacionais do Movimento Brasil Livre (MBL) e um dos novos nomes que entraram na política, teria feito uso de caixa-dois em sua campanha no ano de 2016, segundo Cleber Santos Teixeira, que atuou como advogado.

Esse dinheiro não contabilizado, diz Teixeira, foi usado para pagar contas pessoais, como a mensalidade de sua faculdade, e despesas da campanha, como gastos com combustível, alimentação e cabos eleitorais que trabalharam com panfletagem na reta final da disputa.

A campanha de Holiday teria encerrado com um caixa excedente não contabilizado de, pelo menos, R$ 11.000. À Justiça Eleitoral, o democrata informou uma sobra de menos de R$ 600.

Cleber Teixeira divulgou um vídeo em que afirmou que foi ameaçado de morte por pessoas ligadas ao MBL.

"Porque eu tenho que escolher pelo direito à minha vida, à minha integridade física, à integridade da minha família. Decidi contar tudo", disse o advogado. O Ministério Público de São Paulo investiga o caso.

Galeria de Fotos

Renato Oliveira (esquerda), ao lado do prefeito Ney Santos, em visita a Brasília Reprodução do Facebook
O jornalista Gabriel Binho, logo após o ataque a tiros em dezembro. À esquerda, o ex-secretário Renato Oliveira (de óculos), ao lado do prefeito Ney Santos, em visita a Brasília Arquivo pessoal

Comentários

Últimas de Brasil