Rio - Após uma longa comemoração que entrou pela madrugada, integrantes da Beija-Flor de Nilópolis revelaram a sensação de dever cumprido e realização com o 15º título da escola. Com poucas horas de sono e alguns até sem dormir, estiveram na quadra da azul e branco, na manhã desta quinta-feira (6), a rainha de bateria Lorena Raissa, o diretor musical Betinho Santos, a porta-bandeira Selminha Sorriso, a filha do mestre Laíla, Laísa Lima, e membros da bateria.
Na região, a celebração se estendeu ainda pelas ruas de toda a cidade. Com orgulho, nilopolitanos aproveitaram para desfilar com roupas da escola e ouvir o samba-enredo em alto e bom som por onde passavam. Apesar do clima de felicidade, a saída do Neguinho da Beija-Flor, que confirmou a aposentadoria após ganhar mais uma estrela no Carnaval carioca, ainda é um tópico sensível na comunidade.
Ao Meia Hora, o diretor musical Betinho Santos conta que trabalhou durante 26 anos com o intérprete. "O sentimento é de felicidade, dever cumprido. Depois de 26 anos ao lado dele, juntos o tempo todo na Sapucaí, um dia antes dele anunciar a aposentadoria ele veio conversar comigo, tentando me convencer que era hora dele parar. Eu entendi, mas dói! Neguinho da Beija-Flor é o maior cantor da Sapucaí. Além de parceiro, eu sou fã dele. Mas a gente ainda vai comemorar, Nilópolis está feliz", disse.
Quem também festeja, mas com coração apertado, é o mestre de bateria Plínio, que está há 54 anos na escola e assistiu todos os títulos da azul e branco.
"É uma honra pra mim essa felicidade. Dessa vez teve uma emoção diferente, Neguinho sempre ajudou a gente na bateria, nunca deixava a gente sozinho, sempre tinha uma ideia boa. Eu até conversei com ele, que ele vai fazer falta, mas ele precisa descansar um pouco e eu sei que ele nunca vai deixar de ser Beija-Flor. Eu nem dormi, mas valeu a pena. Comemorei à beça, a alegria foi tanta que a gente aqui em Nilópolis fomos muito bem recebidos pela comunidade", contou.
Já comemorando o primeiro título como rainha de bateria, Lorena Raissa está grávida de 4 semanas do Gael e revelou que a felicidade tem um gostinho especial.
"Foi difícil dormir, é meu primeiro título como rainha na escola. Eu achei que seria mais um campeonato, mas foi uma emoção totalmente diferente. Está sendo uma emoção duplicada em todos os sentidos. Eu ainda estou processando, mas o coração nilopolitano já sabia", ressaltou.
Homenagem a Laíla fez vitória ser mais especial
Selminha Sorriso, porta-bandeira há 29 anos pela escola, comentou ainda sobre a homenagem feita ao mestre Laíla, histórico carnavalesco e dirigente, que morreu durante a pandemia da Covid-19.
"O coração está muito feliz e muito agradecido por conta de uma vitória tão expressiva, onde o quesito desempate foi a emoção de ter a história do mestre Laíla contada. Foi uma despedida, já que ele faleceu na pandemia. Um homem com tanta relevância cultural não teve tantas pessoas naquele momento. Mas agora tivemos essa vitória, o mundo inteiro cantando ‘Ogum xangô me guia’, que era o orixá dele. Ele cantado e exaltado, esse legado que ele deixou. Agora sim está eternizado", comemorou.
A porta-bandeira ressaltou ainda a grandiosidade do mestre levada a Sapucaí. "Com toda relevância e o amor de todo mundo, ele tinha o jeitão especial dele de liderar, comandar, a gente sabe como é difícil e ele fazia isso com maestria. Passando pra nós a força da união, cumplicidade, o quanto era importante estarmos juntos, foram muitos ensinamentos. Fora que transcendeu a Beija-Flor. Ele era ouvido, um homem negro, morador de comunidade conseguiu ser ouvido pelos letrados, pelos intelectuais, ser respeitado e muitas vezes a palavra dele era a palavra dele final", revelou.
Em relação a saída de Neguinho, Selminha reforçou a relação de amizade. "Foi muito merecido, quesito emoção nota 10. Neguinho é meu irmão, meu ídolo, chegamos aqui então pra cantar com um cara que transcende com o RJ, já viajei com ele para o exterior e todo mundo sabe falar o nome dele".
O mestre da bateria Rodney compartilha da mesma sensação dos demais membros. "O sentimento é de dever cumprido, coração batendo a mil por hora, fizemos um belo desfile para contemplar nosso querido amigo Laíla, que me ensinou muita coisa. Foi uma tripla emoção porque ainda tem a despedida do Neguinho, a ficha ainda não caiu, nós vamos aproveitar até sábado, aproveitar a presença dele. Ele fez muito pela música, pela Beija-Flor e merece esse descanso. Eu estou na escola há 27 anos. Esse tem um sabor especial, ganhar e ter reconhecimento do seu trabalho e esse do Laíla foi especial".
Sem voz, a filha do mestre Laíla, Laísa Lima, contou que a ficha ainda não caiu. "Talvez caia (a ficha) na Marquês de Sapucaí no sábado. Mas é muito gratificante saber que a gente voltou para o lugar de onde não deveria ter saído, ver a comunidade abraçando a gente de novo, acreditando na gente. E eu tive a honra e o privilégio de ter meu pai, não tem como descrever, só meu coração sabe, é ansiedade, amor, tudo, a gente sentiu ele lá com a gente, eu chorei a temporada toda, eu tinha certeza que era da gente", disse.
Laísa também comentou sobre a saída do intérprete e acrescentou que ele merece um descanso. "Eu tive a honra de cantar com o Neguinho o samba do meu pai, fizemos uma versão nossa. Ele me viu crescer. Eu acho que ele tem que descansar. Ele é Beija-Flor e nunca vai deixar de ser, mas ele tem que descansar. Ele é a voz da experiência e a voz da experiência que manda", finalizou.
O desfile arrebatador da azul e branco ocorreu na madrugada de terça-feira (4) e empolgou a Sapucaí. A escola gabaritou em todos os quesitos julgados. Em segundo e terceiro lugar ficaram Grande Rio e Imperatriz Leopoldinense.
Quem também festeja, mas com coração apertado, é o mestre de bateria Plínio, que está há 54 anos na escola e assistiu todos os títulos da azul e branco.
"É uma honra pra mim essa felicidade. Dessa vez teve uma emoção diferente, Neguinho sempre ajudou a gente na bateria, nunca deixava a gente sozinho, sempre tinha uma ideia boa. Eu até conversei com ele, que ele vai fazer falta, mas ele precisa descansar um pouco e eu sei que ele nunca vai deixar de ser Beija-Flor. Eu nem dormi, mas valeu a pena. Comemorei à beça, a alegria foi tanta que a gente aqui em Nilópolis fomos muito bem recebidos pela comunidade", contou.
Já comemorando o primeiro título como rainha de bateria, Lorena Raissa está grávida de 4 semanas do Gael e revelou que a felicidade tem um gostinho especial.
"Foi difícil dormir, é meu primeiro título como rainha na escola. Eu achei que seria mais um campeonato, mas foi uma emoção totalmente diferente. Está sendo uma emoção duplicada em todos os sentidos. Eu ainda estou processando, mas o coração nilopolitano já sabia", ressaltou.
Homenagem a Laíla fez vitória ser mais especial
Selminha Sorriso, porta-bandeira há 29 anos pela escola, comentou ainda sobre a homenagem feita ao mestre Laíla, histórico carnavalesco e dirigente, que morreu durante a pandemia da Covid-19.
"O coração está muito feliz e muito agradecido por conta de uma vitória tão expressiva, onde o quesito desempate foi a emoção de ter a história do mestre Laíla contada. Foi uma despedida, já que ele faleceu na pandemia. Um homem com tanta relevância cultural não teve tantas pessoas naquele momento. Mas agora tivemos essa vitória, o mundo inteiro cantando ‘Ogum xangô me guia’, que era o orixá dele. Ele cantado e exaltado, esse legado que ele deixou. Agora sim está eternizado", comemorou.
A porta-bandeira ressaltou ainda a grandiosidade do mestre levada a Sapucaí. "Com toda relevância e o amor de todo mundo, ele tinha o jeitão especial dele de liderar, comandar, a gente sabe como é difícil e ele fazia isso com maestria. Passando pra nós a força da união, cumplicidade, o quanto era importante estarmos juntos, foram muitos ensinamentos. Fora que transcendeu a Beija-Flor. Ele era ouvido, um homem negro, morador de comunidade conseguiu ser ouvido pelos letrados, pelos intelectuais, ser respeitado e muitas vezes a palavra dele era a palavra dele final", revelou.
Em relação a saída de Neguinho, Selminha reforçou a relação de amizade. "Foi muito merecido, quesito emoção nota 10. Neguinho é meu irmão, meu ídolo, chegamos aqui então pra cantar com um cara que transcende com o RJ, já viajei com ele para o exterior e todo mundo sabe falar o nome dele".
O mestre da bateria Rodney compartilha da mesma sensação dos demais membros. "O sentimento é de dever cumprido, coração batendo a mil por hora, fizemos um belo desfile para contemplar nosso querido amigo Laíla, que me ensinou muita coisa. Foi uma tripla emoção porque ainda tem a despedida do Neguinho, a ficha ainda não caiu, nós vamos aproveitar até sábado, aproveitar a presença dele. Ele fez muito pela música, pela Beija-Flor e merece esse descanso. Eu estou na escola há 27 anos. Esse tem um sabor especial, ganhar e ter reconhecimento do seu trabalho e esse do Laíla foi especial".
Sem voz, a filha do mestre Laíla, Laísa Lima, contou que a ficha ainda não caiu. "Talvez caia (a ficha) na Marquês de Sapucaí no sábado. Mas é muito gratificante saber que a gente voltou para o lugar de onde não deveria ter saído, ver a comunidade abraçando a gente de novo, acreditando na gente. E eu tive a honra e o privilégio de ter meu pai, não tem como descrever, só meu coração sabe, é ansiedade, amor, tudo, a gente sentiu ele lá com a gente, eu chorei a temporada toda, eu tinha certeza que era da gente", disse.
Laísa também comentou sobre a saída do intérprete e acrescentou que ele merece um descanso. "Eu tive a honra de cantar com o Neguinho o samba do meu pai, fizemos uma versão nossa. Ele me viu crescer. Eu acho que ele tem que descansar. Ele é Beija-Flor e nunca vai deixar de ser, mas ele tem que descansar. Ele é a voz da experiência e a voz da experiência que manda", finalizou.
O desfile arrebatador da azul e branco ocorreu na madrugada de terça-feira (4) e empolgou a Sapucaí. A escola gabaritou em todos os quesitos julgados. Em segundo e terceiro lugar ficaram Grande Rio e Imperatriz Leopoldinense.
Comunidade celebra vitória da Beija-Flor
No calçadão de Nilópolis, o samba-enredo que gabaritou na apuração tocava alto em caixas de som de várias lojas e o orgulho aparecia estampado nos rostos, camisas e bonés.
Na loja de calçados De Santos, além do samba, uma bandeira da agremiação recepcionava os clientes na entrada. Além disso, os funcionários ostentavam a camisa do enredo da campeã, em homenagem ao mestre Laíla.
O vendedor Raoni Guimarães, de 37 anos, lembrou que a escola vinha de um jejum de títulos de sete anos e que fez por merecer ser a grande campeã de 2025.
"Foi muito emocionante, tinham sete anos que a gente não ganhava, então esse ano lavamos a alma, principalmente com essa homenagem para o grande mestre Laíla. Foi muito merecido. O patrão liberou e desde sábado estamos trabalhando com a camisa da escola e hoje principalmente tinha que ter", afirmou o funcionário.
"Depois de um tempinho sem ganhar, ganhar com essa homenagem para o Laíla, ganhamos com louvor. Comemorei muito, não consegui nem tirar a camisa, precisava mostrar esse orgulho", disse o vendedor Jean Torquato, 31.
Felizes, avó e neta foram às compras no calçadão com suas camisas da escola. Carmem Lídia, de 65 anos, conta que é torcedora da Azul e Branca de Nilópolis há 40 anos, e que a pequena Katarina Helena, de 6 anos, também já é uma grande fã.
No calçadão de Nilópolis, o samba-enredo que gabaritou na apuração tocava alto em caixas de som de várias lojas e o orgulho aparecia estampado nos rostos, camisas e bonés.
Na loja de calçados De Santos, além do samba, uma bandeira da agremiação recepcionava os clientes na entrada. Além disso, os funcionários ostentavam a camisa do enredo da campeã, em homenagem ao mestre Laíla.
O vendedor Raoni Guimarães, de 37 anos, lembrou que a escola vinha de um jejum de títulos de sete anos e que fez por merecer ser a grande campeã de 2025.
"Foi muito emocionante, tinham sete anos que a gente não ganhava, então esse ano lavamos a alma, principalmente com essa homenagem para o grande mestre Laíla. Foi muito merecido. O patrão liberou e desde sábado estamos trabalhando com a camisa da escola e hoje principalmente tinha que ter", afirmou o funcionário.
"Depois de um tempinho sem ganhar, ganhar com essa homenagem para o Laíla, ganhamos com louvor. Comemorei muito, não consegui nem tirar a camisa, precisava mostrar esse orgulho", disse o vendedor Jean Torquato, 31.
Felizes, avó e neta foram às compras no calçadão com suas camisas da escola. Carmem Lídia, de 65 anos, conta que é torcedora da Azul e Branca de Nilópolis há 40 anos, e que a pequena Katarina Helena, de 6 anos, também já é uma grande fã.
"Laíla mereceu essa homenagem, ele fez muito pela escola, deu muitos títulos para a gente. A comunidade toda comemorou muito e vai continuar comemorando", declarou Carmem.
Nascido e criado no município da Baixada Fluminense, o militar Flávio Rocha, 45, também viu com merecimento a conquista do campeonato da agremiação.
"A gente estava muito confiante, a escola estava preparada, fez um desfile bonito e emocionante. Eu sou nascido e criado em Nilópolis, então estou muito feliz. Agora só ando com o boné (da escola), camisa azul. Estamos muito felizes, Nilópolis e o mestre Laíla merecem. Acordar vencedor é muitobom", brincou.
Nascido e criado no município da Baixada Fluminense, o militar Flávio Rocha, 45, também viu com merecimento a conquista do campeonato da agremiação.
"A gente estava muito confiante, a escola estava preparada, fez um desfile bonito e emocionante. Eu sou nascido e criado em Nilópolis, então estou muito feliz. Agora só ando com o boné (da escola), camisa azul. Estamos muito felizes, Nilópolis e o mestre Laíla merecem. Acordar vencedor é muitobom", brincou.
Ao mesmo tempo que a felicidade é uma realidade para os nilopolitanos, um sentimento de saudosismo paira entre eles. Neguinho da Beija-Flor anunciou que 2025 seria seu último Carnaval como intérprete. Na Sapucaí, chegou a dizer que o desfile seria sua penúltima apresentação, já que estava confiante que voltaria com a agremiação para o sábado das campeãs.
"A gente ficou triste, porque ele está com a gente há muitos anos. A idade chega e ele quer descansar. Mas, ele jamais vai abandonar a gente, de vez em quando ele vai estar lá, ele nunca vai deixar de ser Beija-Flor", pontuou Carmem.
"Vai ficar um vazio, igual a ele vai ser difícil e substituir não vai ser fácil. Ele é a Beija-Flor, a grande voz da Sapucaí. Mas, ele e a escola sabem o que estão fazendo", confiou Raoni.
Além dos torcedores conforme, há ainda aqueles que não acreditam no adeus de Neguinho. "Eu acho que ele não vai largar tudo, não, acho que pelo menos o grito de guerra ele vai dar. "Olha a Beija-Flor aí, gente". Não tem como desfilar sem o grito de guerra. Acho que ele sempre vai estar por perto", apontou Flávio.
"A gente ficou triste, porque ele está com a gente há muitos anos. A idade chega e ele quer descansar. Mas, ele jamais vai abandonar a gente, de vez em quando ele vai estar lá, ele nunca vai deixar de ser Beija-Flor", pontuou Carmem.
"Vai ficar um vazio, igual a ele vai ser difícil e substituir não vai ser fácil. Ele é a Beija-Flor, a grande voz da Sapucaí. Mas, ele e a escola sabem o que estão fazendo", confiou Raoni.
Além dos torcedores conforme, há ainda aqueles que não acreditam no adeus de Neguinho. "Eu acho que ele não vai largar tudo, não, acho que pelo menos o grito de guerra ele vai dar. "Olha a Beija-Flor aí, gente". Não tem como desfilar sem o grito de guerra. Acho que ele sempre vai estar por perto", apontou Flávio.
