Celebridades e TV

'Se a arte me chamar, estou pronta', comenta Flora Cruz

Aos 20 anos, a influenciadora digital e estudante de moda faz sua estreia como atriz na série 'Encantado's', da Globoplay; saiba mais

Por Isabelle Rosa

Publicado às 18/06/2023 06:00:00 Atualizado às 18/06/2023 06:00:00
Flora Cruz e Luellem de Castro
Flora Cruz, de 20 anos, está radiante com sua estreia como atriz nas telinhas. Ela fará uma participação como Vivi, em Encantado's, disponível a Globoplay. Ao Meia Hora, a influenciadora digital dá detalhes sobre o novo trabalho, fala sobre semelhanças como a personagem e assume que gostaria se integrar o elenco fixo da série. Além disso, a empresária também admite que gostaria de ser reconhecida pelo seu talento, além de 'filha de Arlindo Cruz', e relembra o assédio que sofreu por parte de um dos cuidadores de seu pai neste ano. Confira a entrevista completa!
- Como foi sua estreia na atuação e logo na Rede Globo?
Foi incrível, leve, tranquilo. Já conhecia o ambiente global. Fiz o 'Esquenta' (comandado por Regina Casé, na TV Globo) por muito tempo. Vivia nos bastidores, mas nunca atuando, claro. Fiz teatro na infância, mas estava afastada dos palcos há uns oito anos. De forma surpreendente surgiu esse convite para interpretar a Vivi. Costumo dizer que 'se a arte me chamar, estou pronta'. Minha família sempre trabalhou com arte, eu faço faculdade de moda, danço, sou porta-bandeira. Só não canto - e não pretendo. Estrear como atriz na Globo é bom demais!

- Me fala um pouco sobre a Vivi? Vocês têm muito em comum?
Temos quase tudo em comum. A Vivi só é um pouco mais debochada e barraqueira que eu. Claro que se me perturbarem muito, pisarem no meu calo, eu bato palma e desço do tamanco (risos). É que nós, artistas, temos que pensar muito antes de agirmos. Tudo o que falamos e fazemos tem peso dois, três... As vezes a gente quer brigar, quer falar algo, mas infelizmente não podemos. Aí levo tudo pra minha terapia e desconto no muay thai.
- E como reagiu ao convite para este trabalho?
Levei um susto mas topei. À princípio ia fazer uma participação interpretando eu mesma, não tinha fala nem nada. No dia da gravação o diretor me olhou e disse: agora você é a Vivi. Ela nasceu de uma hora pra outra e foi um presente maravilhoso. Me despertou uma autoestima muito grande. Foi um reencontro com a arte. Confesso que estava desanimada com esta área, procurando outros caminhos. Amo trabalhar com moda, mas ela ainda não me sustenta. Sou muito ligada a minha fé e entreguei meu futuro profissional nas mãos da espiritualidade. Agora, veio a Vivi. Estou muito feliz, ela veio como um presente. Acho muito necessário eu ter esse espaço. Tenho muito orgulho do meu pai, de ser filha dele, mas quero que as pessoas me reconheçam como Flora e pelo meu trabalho.
- Já que cursa moda, o que você achou do estilo da Vivi?
Amei! Brinquei que agora só vou ao mercado igual a ela: de vestido curto, coladinho, bolsa e tamanco (risos). Ela é uma personagem muito popular, sensual, empoderada. O look tem tudo a ver com ela.
- Já tem previsão de quando sua participação vai ao ar?
Ainda não.
- Você fica ansiosa para ver o que o público vai achar deste seu primeiro trabalho como atriz?
Não estou preocupada com o que as pessoas vão falar. Sei que vão ter comentários bons e ruins, é sempre assim. Mas quem me critica não paga as minhas contas. Eu encarei o desafio, foi ótimo, estou feliz. Então, não tenho preocupação com o julgamento do outro.
- Se a Vivi cair no gosto do público e surgir o convite de integrar o elenco fixo da série, você toparia?
Aceitaria. Seria um desafio enorme, mas eu ia topar. Fiquei muito à vontade durante as gravações. A história se passa em um universo muito familiar pra mim, com escola de samba e tudo, a maioria do elenco é preta, eu recebi muito carinho de todos. Acho que eu ia adorar fazer parte deste time de atores. 
- Você tem apenas 20 anos mas mostra uma força descomunal a ponto de denunciar um caso de assédio nas redes sociais. De onde vem essa força toda?
Da minha estrutura familiar, da minha fé, da minha vontade de viver, de ser mais, de querer provar que sou muito além de filha do Arlindo Cruz. Costumo dizer 'nunca duvide da fé de uma mãe que tem um filho para criar'. Tem muito também da questão do autoconhecimento. As críticas não me atingem. Algumas doem, mas eu sei quem sou e eu não permito que elas me afetem. O curioso é que eu não reconhecia toda essa força, comecei a notar quando familiares e internautas apontaram isso. Meu pai ficou doente quando eu tinha 14 anos, sempre tentei manter a calma, ter mais frieza, apoiar minha mãe e meu irmão. E a maternidade me tornou ainda mais forte. Fui mãe aos 16 anos e isso me trouxe muito mais responsabilidade, coragem e força mesmo. 
- E qual foi sua motivação ao expor o caso de assédio nas redes sociais, já que se trata de algo íntimo e até doloroso? 
Usei toda essa minha fala pra impulsionar a denúncia. Cerca de 95% do meu público nas redes sociais são mulheres, mães, pretas, gordas, trabalhadoras, que precisam de voz. Infelizmente, o assédio, estupro, o assédio moral acontecem mais do que a gente imagina. Em um primeiro momento, quando aconteceu comigo, me senti culpada. Achei que podia fazer por menos, deixar pra lá. Pensei na família e nos fillhos do cara. Mas depois refleti e vi que em momento nenhum ele pensou em mim. A situação foi tão impactante que aconteceu durante a madrugada que eu só consegui ligar pra minha advogada e contar o que aconteceu às 17h. Aí tomamos as providências legais, de fazer o registro de ocorrência e tudo mais.
- Mas como aconteceu o assédio?
Eu estava dormindo no meu quarto, sem roupa, bem a vontade mesmo. Não costumo trancar a porta por causa do meu pai. Eu só lembro de acordar e ele estar na minha cama, deitado ao meu lado.
- E como está o andamento deste processo? 
Confesso que não tenho acompanhado de perto, porque me faz mal. Sei que está em andamento. Eu dei meu depoimento, ele deu o dele e estão investigando o caso. Espero que a justiça seja feita e não abro mão disso. 
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