Rio - O imóvel que serviu de cenário para o premiado filme 'Ainda Estou Aqui', dirigido por Walter Salles e estrelado por Fernanda Torres, Selton Mello e Fernanda Montenegro, tornou-se um ponto turístico na Urca, Zona Sul. Localizada na esquina da Rua Roquete Pinto com a Avenida João Luiz Alves, a residência atrai cinéfilos e curiosos desde o lançamento do longa, especialmente após Fernanda Torres vencer o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme de Drama.
Com muros brancos, janelas verdes e um jardim protegido por uma pequena grade, o imóvel se destaca não só pela arquitetura, mas também pela vista privilegiada para o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor. Hoje, a casa está à venda por R$ 15 milhões, oferecendo 600 metros quadrados de área, quatro quartos e piscina.
Embora tenha sido o cenário para o filme, vale destacar que o imóvel foi apenas uma locação. A casa original da família Paiva, retratada na trama, ficava na Praia do Leblon e foi demolida no início dos anos 80 para dar lugar a um edifício.
De refúgio familiar a palco cinematográfico
A última moradora do imóvel da Urca, a musicista Lívia Savini, de 22 anos, que viralizou nas redes sociais após mostrar detalhes da casa, viveu no local com a família de 2019 até 2022. Para ela, a casa foi um refúgio durante a pandemia. "A casa já era maravilhosa, mas durante a pandemia, foi o melhor lugar possível. Espaçosa, acolhedora, com uma área externa e uma vista linda para os barquinhos na Baía de Guanabara", relembra.
Lívia revelou que assistir ao filme foi uma experiência emocionante, especialmente pela cena em que Maria Beatriz, a filha mais nova da protagonista, observa a casa vazia quando vão se mudar. “Foi a cena mais tocante do filme para mim, porque estava carregada de minhas próprias memórias da casa vazia e do sentimento de despedida que tive ao me mudar. Foi muito intenso", diz.
Ela também compartilhou que a decisão de deixar a casa foi difícil: "Estávamos alugando e tínhamos mais tempo de contrato, mas sinalizamos ao proprietário o interesse em comprá-la. Iniciamos as negociações, mas, ao final, preferimos nos mudar para a Vieira Souto, em Ipanema. Mesmo assim, ficamos muito indecisos, pois tínhamos construído uma história de dez anos na Urca e éramos muito felizes naquela casa."
Durante as filmagens, o imóvel passou por uma revitalização para recriar o ambiente dos anos 1970. Lívia recorda o choque ao perceber as mudanças na casa: "Sempre visitamos a Urca e notamos que a casa estava sendo alterada: pintura envelhecida, varandas fechadas, portão elétrico retirado. Ficamos intrigados e até um pouco revoltados, até descobrirmos que as mudanças eram para um filme do Walter Salles."
Apesar da surpresa inicial, a musicista valorizou a oportunidade de ver sua antiga casa ganhar vida na telona. "É fascinante perceber como as construções, a música e o cinema estão entrelaçados. As memórias de um lar ficam eternamente conectadas a essas narrativas, e isso é algo que transcende o tempo."
Ponto turístico
Após a premiação de Fernanda Torres, o casarão amanheceu cercado de visitantes, como Lucas Florêncio, de 31 anos, de Contagem, Minas Gerais, que aproveitou a viagem ao Rio para incluir o imóvel no roteiro do passeio.
"Eu assisti ao filme, me emocionei muito e chorei horrores. A história aborda um período ruim do Brasil e é um filme que todos os brasileiros deveriam ver. Sou grande fã da Fernanda Torres, acompanho ela desde 'Tapas e Beijos'. Foi muito emocionante ver ela ganhando o prêmio de Melhor Atriz do Globo de Ouro. Como a vitória foi na madrugada de hoje, está muito recente, então foi a hora perfeita para visitar a casa. A casa está à venda então quis aproveitar logo porque eles podem mudar a fachada no futuro e descaracterizar o local. A casa é um dos grandes personagens do filme. É ali que a família Paiva se reúne, o pai presente na vida da família e o afeto entre eles", conta.