Taís Araújo e Jéssica Ellen participaram de uma ‘live’ muito especial. As duas que fazem parte do elenco da novela ‘Amor de Mãe’, da Globo, que está com as gravações suspensas por conta da quarentena, conversaram abertamente sobre seus papéis na trama e a evolução de suas carreiras através das diferentes gerações.
Emocionadas, as duas falaram sobre questões sociais e a luta contra o racismo em épocas diferentes.
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“O ativismo para mim veio quase tardiamente como consciência, estudo. Quando mergulhei na questão da mulher negra vi o quanto é apaixonante, arrebatador.
Durante um tempo era muita paixão. Ainda é, mas eu comecei a me questionar como eu poderia ser mais útil. Às vezes eu falo, escrevo, dou a cara a tapa.
Minha cara já está dada. Ninguém duvida do meu posicionamento político, das minhas lutas. Mas existe essa estratégia de ser cirúrgica", disse ela.
Já Jéssica disse que a geração dela já nasceu bombardeada com o conceito de consciência e que, diferente da geração de Taís, sente que tem mais liberdade para falar o que pensa.
Já Jéssica disse que a geração dela já nasceu bombardeada com o conceito de consciência e que, diferente da geração de Taís, sente que tem mais liberdade para falar o que pensa.
“Eu penso parecido com você. Sou da Rocinha, minha mãe é empregada doméstica. Já cresci tendo muitos bombardeamentos de consciência pela minha mãe, que é a minha referência de tudo. Muitas coisas me atravessam. Eu vejo, fico indignada, sinto necessidade de vomitar, de falar. Mas penso que existe um grupo de pessoas que estudam, se debruçam nisso e sabem falar até melhor do que eu. Falo às vezes do que me sinto capaz de falar”, explicou.
Jéssica contou que sofre uma cobrança imensa para que ela represente a mulher negra, mas que, por mais que se sinta identificada com a luta contra o racismo, não pode esquecer de sua própria individualidade como pessoa.
Jéssica contou que sofre uma cobrança imensa para que ela represente a mulher negra, mas que, por mais que se sinta identificada com a luta contra o racismo, não pode esquecer de sua própria individualidade como pessoa.
“Mas sou uma artista, uma atriz. Penso em como posso contribuir, se não é o caso de transformar isso em uma música, uma cena. Eu sinto que rola uma cobrança de saber o que a gente pensa por a gente representar muita gente. Eu penso muito que sim, represento, mas onde fica a minha individualidade e qual exatamente é a minha responsabilidade. Como devo me colocar, sobre o que eu devo falar", completou.
Taís contou que tem um tempo que pede para não ser chamada para se pronunciar sobre determinados assuntos. Afirmou, que existe toda uma nova geração que precisa ser ouvida e não é só a voz dela que precisa ecoar.
Taís contou que tem um tempo que pede para não ser chamada para se pronunciar sobre determinados assuntos. Afirmou, que existe toda uma nova geração que precisa ser ouvida e não é só a voz dela que precisa ecoar.
“Chegou um momento em que comecei a pedir para não me chamarem mais para falar sobre alguns assuntos e indicar que chamassem outras pessoas, atrizes. Se não ficaria só eu falando. Nós mulheres negras somos muitas. Não pode ter eu falando por todas nós. Eu falo uma vez, você fala outra, depois a Juliana Alves, a Sharon Menezzes, a Isabel Vilares, a Camila Pitanga”, disse.
Ela explica, que por conta da diversidade de pensamentos, e vivências, de cada uma, é importante que todas as mulheres sejam ouvidas.
Ela explica, que por conta da diversidade de pensamentos, e vivências, de cada uma, é importante que todas as mulheres sejam ouvidas.
“Esses múltiplos pensamentos têm que ser escutados. Somos múltiplas, com origens e pensamentos diferentes. Às vezes divergimos. Existe o perigo de encaixarem a gente como um único tipo, um único pensamento. Isso limita. Temos que fortalecer uma à outra enquanto imagem, enquanto voz. Se você é forte, eu sou forte. É daí que vem a mudança real. A exceção só serve para justificar a regra", completou Taís.
No final, as duas se emocionaram ao trocarem elogios. Principalmente Jéssica, que ficou tocada ao lembrar que a geração de Jéssica e de sua filha, não precisarão passar por tudo que ela, e outras mulheres negras, passaram no passado.
No final, as duas se emocionaram ao trocarem elogios. Principalmente Jéssica, que ficou tocada ao lembrar que a geração de Jéssica e de sua filha, não precisarão passar por tudo que ela, e outras mulheres negras, passaram no passado.
“Eu acho você muito f***, a sua geração, seu pensamento. Quando você chegou, o mito da democracia racial já tinha sido derrubado. Você já chegou entendendo o país. Isso facilita muito, não viver com aquele véu da mentira. É papo reto. É bonito de ver. A sua geração não precisa passar pelo que a minha passou. A gente está fazendo um caminho que poderia ser muito mais rápido, mas é muito bonito”, disse.
Taís disse que quando a colega de elenco lhe jogou na cara a frase ‘eu não passei pelo que você passou’, no início incomodou, mas depois viu que era motivo de orgulho, pois cada geração evoluiu um pouquinho a fim de dar mais consciência e liberdade para a próxima.
Taís disse que quando a colega de elenco lhe jogou na cara a frase ‘eu não passei pelo que você passou’, no início incomodou, mas depois viu que era motivo de orgulho, pois cada geração evoluiu um pouquinho a fim de dar mais consciência e liberdade para a próxima.
“Por mais que eu tenha recebido um tapa no peito no começo, quando nós discordamos. É muito importante como vocês se colocam, se respeitam, não se subjugam. É bonito toda a autoestima que vocês têm desde o nascimento. Isso é símbolo de conquistas de mulheres que vieram antes que a gente. Nenhum passo atrás será dado", concluiu.