Histórias sobre a influência carioca no dia a dia de Juiz de Fora são comuns - a cidade, também conhecida como a Manchester mineira, ama o Rio. Sandra Portella, sambista juiz-forana, mostra todo seu amor pelo Rio e pela música da cidade em seu novo CD, 'Banho de Fé'. Que ganhou lançamento na última quarta-feira no Teatro Carlos Gomes, com participação da veterana Sandra de Sá e da novata Grazi Brasil.
"Foi lindo. Tinha uma expectativa muito grande, porque afinal estou levando meu samba para o Rio de Janeiro, né?", conta Sandra, que é filha de pessoas ligadas ao mundo do samba - o pai era carioca, Valcir Delgado, da ala de compositores da Imperatriz Leopoldinense, e a mãe, dona Lecy, é compositora.
"Não conheci meu pai. Ele e minha mãe se conheceram em Juiz de Fora, se apaixonaram e eu nasci. Tenho familiares no Rio que não conheço", revela. "Em Juiz de Fora, tem muito sambista, sofremos mesmo influência da cultura carioca", completa Sandra, que é desde cedo frequentadora dos ensaios da escola verde e branca da cidade, a Juventude Imperial. "Em paralelo, eu cantava jazz, forró, cantava numa banda de baile... Mas sempre tinha essa coisa de 'você tem que ir pro samba, vai pro samba'. Assumi de vez minha raiz", diz.
SUPERMERCADO
A história de Sandra na música começou por causa de um colega de trabalho. "Eu trabalhava num supermercado e um colega, que era cozinheiro, ficou impressionado com a minha voz. Ele era barítono!", lembra. "Me levou para um estúdio e o dono me pediu para gravar um CD com composições próprias dele". Foi a partir daí que começou o envolvimento dela não apenas com o samba, mas com diversos estilos musicais.
O repertório de 'Banho de Fé' é composto basicamente por sambas compostos ou originalmente gravados por grandes nomes. Martinho da Vila participa da releitura de uma parceria sua com Candeia, 'Amor Não É Brinquedo', e Moacyr Luz está nos vocais de 'Vida da Minha Vida', música sua com Sereno. Do repertório de Zeca Pagodinho, tem 'Maneiras' (Sylvio da Silva). Tem ainda Cartola ('Autonomia'), Geraldo Pereira ('Pisei Num Despacho'), João Donato e Gilberto Gil ('Emoriô') e a dupla Rildo Hora e Sergio Cabral ('Os Meninos da Mangueira').
Rildo, por sinal, é produtor do disco, e já tinha cuidado de um EP de Sandra. "Ele é um arranjador incrível, uma pessoa muito cativante, humana", diz, rindo. "Na hora de fazer o disco, tiramos tom até pelo telefone".
