Atriz j� sentiu na pele a dor da intoler�ncia racial e religiosa

Luellem de Castro � adepta do candombl� como sua personagem em 'Malha��o'

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Luellem de Castro
Luellem de Castro -

A atriz Luellem de Castro, de 22 anos, foi v�tima de racismo in�meras vezes, mas nunca se deixou abalar. Na inf�ncia, era chamada de bruxa, macumbeira, feiticeira ou qualquer outro adjetivo associado. A lembran�a, que hoje n�o d�i mais, vem � tona sempre que Tal�ssia, sua personagem em 'Malha��o: Vidas Brasileiras', � v�tima de intoler�ncia religiosa.

Coincidentemente, Luellem iniciou no candombl� na mesma �poca em que fez os testes para fazer parte do elenco da trama. Hoje, mais preparada para contar a hist�ria da bolsista, que foi violentada e viu o terreiro que frequenta destru�do, ela diz que sente na pele a dor da personagem.

"Dentro do candombl�, a gente ganha muita for�a para lidar com isso, ent�o muita gente d� apoio, fala que est� tudo bem", diz ela, que entende que a falta de informa��o, muitas vezes, � o que gera a intoler�ncia. "O que a gente n�o conhece, a gente teme, e o que a gente teme, a gente apaga. Eu acho que � interessante ouvir, ver o que �. Existem v�rias festas abertas ao p�blico", faz o convite.

Na vida, Luellem costuma conversar e explicar para as pessoas como funciona o candombl�, mas quando percebe que n�o tem jeito, prefere se afastar. No cap�tulo de sexta-feira, inclusive, Tal�ssia mostrou o quanto � forte, chorou ao ver a destrui��o da casa de Simone (Dani Ornellas), mas decidiu bater de frente com os respons�veis pelo crime.

"Eu concordo com a atitude que ela teve, a Tal�ssia � muito forte. Ela lida com valentia e com do�ura, � s�bia. Ela � um retrato interessante dos nossos adolescentes de hoje. Ela mostra que n�s fazemos parte de uma gera��o que est� a� para definir coisas", defende.

REPRESENTATIVIDADE

Quando o assunto � mudar, Luellem j� pensa na representatividade. Embora acredite que por ser uma jovem negra e da periferia est� ocupando e abrindo espa�os que antes pareciam imposs�veis, a atriz pensa no quanto ainda falta para chegar ao "lugar ideal".

"Estamos a passos lerdos e isso n�o � uma quest�o nossa. Existe um mundo de atores negros, cantores, modelos, um mundo de profissionais que esperam ser chamados para trabalhar porque a gente precisa ser convidado para fazer algo na TV", critica.

Para ela, a falta de oportunidade justifica a exist�ncia de alguns "movimentos pretos", o que � incr�vel, mas n�o deveria ser necess�rio. "O fato � que a gente quer estar junto de todo mundo. A nossa luta � pela igualdade, ent�o eu fico muito feliz de fazer parte disso com a Tal�ssia, que fala firme sobre o que � ser preto, o que � a vida na favela e no candombl�", explica.

Quando a atriz descobriu que em sua primeira novela seria m�e, ficou assustada. Luellem, que sempre se deu bem com crian�as, diz que o tempo foi curto para conquistar a pequena Maria Alice Guedes, que interpreta a Valentina. O que facilitou, no entanto, foi pensar que essa � a realidade de muitas amigas pr�ximas.

"Tenho um grupo do ensino fundamental, e eu e mais outra somos as �nicas que ainda n�o t�m filho. Isso � muito comum e acontece o tempo inteiro", conta ela, feliz de poder abordar o assunto na TV. "A gente n�o est� romantizando o que � ser m�e adolescente, mas tamb�m n�o est� jogando para baixo e dizendo que a vida acabou. A gente precisa falar para os adolescentes que isso deve ser evitado porque � um impacto gigante".

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Luellem de Castro Mar��lia Cabral/Globo
Luellem de Castro Cesar Alves/Globo
Luellem de Castro no lan�amento da novela (alto) e em cenas de 'Malha��o': personagem � v�tima de intoler�ncia religiosa, mas n�o se cala diante do preconceito Estevam Avellar/Globo

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