Idosos nada, a vida come�a aos 60

Gera��o 'baby boomers' � mais respons�vel com as finan�as mas se diz relegada pelo mercado varejista

Por MARTHA IMENES

Cec�lia � aposentada mas ainda trabalha e tem a vida cheia de atividades. Ela faz hidrogin�stica com a amiga Simone, na Academia Body Move
Cec�lia � aposentada mas ainda trabalha e tem a vida cheia de atividades. Ela faz hidrogin�stica com a amiga Simone, na Academia Body Move -

Rio - Muita gente com mais de 60 anos está longe de se sentir velho, ou buscar a aposentadoria para "descansar". Ao contrário: esse grupo é composto de consumidores ávidos, cheios de ideias e disposição. Alguns se classificam como "gerontolescentes" - por manterem espírito jovem semelhante ao da adolescência. E, na Terceira Idade -, eles começam a tirar do papel projetos engavetados e descobrem novos caminhos de como se vive e se percebe a velhice. E agora no Rio de Janeiro, com a mudança da classificação de idosos de 65 anos para 60 anos, essa realidade tende a mudar e incrementará ainda mais o mercado consumidor.

O médico especialista em envelhecimento, Alexandre Kalache, classificou como baby boomers a geração que nasceu no pós-Segunda Grande Guerra Mundial (1945-1964) e que rechaça o sentimento do que para muitos é "estar perto do fim".

O especialista diz que é nessa fase que se redescobre o prazer de viver. E de consumir: pesquisa da agência de marketing de fidelização ICLP, do Collinson Group, mostra que mais de dois terços do idosos disseram que aumentariam os gastos se confiassem mais em seus varejistas favoritos, enquanto 77% comprariam mais se os comerciantes entendessem melhor as necessidades e as exigências do grupo.

Enquanto os varejistas brasileiros estão focados para atrair e manter a fidelidade de gerações mais jovens, eles parecem ter esquecido dos clientes mais velhos, apesar deles estarem dispostos a gastar prontamente sua renda disponível. A solução é óbvia: investir nos baby boomers para vender mais.

'NADA DE FICAR PARADA'

Na Lapa, O DIA encontrou na academia Body Move, uma senhorinha que está longe de se sentir cansada, ou achar que tem que fazer tricô - coisas ultrapassadas que pairavam no imaginário das pessoas quando pensavam numa mulher com mais de 60 anos. Cecília Beatriz Silva da Silveira, 65, é aposentada, mas continua no mercado de trabalho.

"Sou professora de inglês autônoma, dou aulas particulares", conta a simpaticíssima Cecília Beatriz, que diz ter nome de princesa. E é mesmo! E no seu reino nada de ficar parada! "Faço hidroginástica, gosto de ler, de dançar, de namorar", enumera. Quando perguntada sobre o estado civil, ela dá um largo sorriso ao lado da amiga Simone Silveira Alfon, 53, e diz: "It's complicated" (É complicado, em inglês).

Maria Noêmia: 'Gosto de dançar' - Maíra Coelho/Agência O Dia

Outra que nem pensa em parar é a manicure Maria Noêmia de Andrade, 73. "Me aposentei aos 60 anos, mas ficar em casa para que?", diz enquanto atende uma cliente no quiosque A 16 na Rua do Riachuelo. "Danço, bebo, gosto de comer, de sair. Só nunca fumei. Isso não faz bem à saúde", afirma com convicção.

Uma gera��o que tem controle total das finan�as

Os consumidores da gera��o baby boomer t�m mostrado que eles t�m o controle das finan�as e do or�amento dom�stico na ponta do l�pis, especialmente quando se trata de compras parceladas. Pesquisa mensal da Telecheque, um servi�o desenvolvido pela MultiCr�dito, mostra leve recuo na inadimpl�ncia do cheque para aquisi��o de produtos em todas as gera��es de idade.

A pesquisa foi feita com idosos, representantes da gera��o X - que inclui as pessoas nascidas a partir de meados dos anos 1960 at� o final dos anos 1970 - e da gera��o Y, tamb�m chamada de Millennials, que s�o os nascidos ap�s 1980 at� meados de 1990.

Em fevereiro, a taxa entre baby boomers ficou em 1,7%; entre a gera��o X, 2,5%, e Y, 4%, contrastando com os n�meros do mesmo per�odo do ano passado, quando os �ndices foram: idosos, 2%; gera��o X, 3%, e Y, 4,5%.

"Favorecido por melhores condi��es no cen�rio econ�mico, com queda da infla��o e redu��o da taxa b�sica de juros, o consumo tem registrado uma movimenta��o positiva no come�o de 2018, e os indicadores com redu��o de inadimpl�ncia mostram esse comportamento", avalia Walter Alfieri, da Multicr�dito.

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Cec�lia � aposentada mas ainda trabalha e tem a vida cheia de atividades. Ela faz hidrogin�stica com a amiga Simone, na Academia Body Move Ma�ra Coelho/Ag�ncia O Dia
Maria No�mia: 'Gosto de dan�ar' Ma�ra Coelho/Ag�ncia O Dia

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