AFINAL, POR QUE ISSO ACONTECE?

Taxa b�sica de juros do Banco Central n�o para de cair. Mas a taxa banc�ria do setor financeiro (p�blico ou privado) n�o para de 'ficar parada'

Por Alex Campos

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A taxa b�sica de juros do Banco Central n�o para de cair. Mas a taxa banc�ria do setor financeiro (p�blico ou privado) n�o para de "ficar parada". A taxa Selic (sigla do Sistema Especial de Liquida��o e de Cust�dia do BC) chegou ao seu piso hist�rico desde 1986 (6,5% ao ano). O problema � que os juros dos bancos brasileiros ainda est�o entre os maiores do mundo (a taxa m�dia do cr�dito pessoal medida pelo BC segue em torno dos 130% ao ano e a taxa m�dia dos juros dos cart�es de cr�dito passa dos 350% ao ano).

Afinal, por que isso acontece?

Quando o governo precisa de dinheiro para financiar seus gastos p�blicos, equilibrar suas obriga��es fiscais, enfim, tentar fechar as contas (que nunca fecham), ele vai pegar emprestado nos bancos, seguradoras ou fundos de pens�o, al�m de fazer emiss�es no exterior oferecendo em troca, como garantia, uma avalanche de t�tulos p�blicos. Como se trata de muito dinheiro, os juros banc�rios sobre esses t�tulos s�o altos, cada vez maiores, e os custos acabam sendo repassados para todos os clientes trabalhadores ou n�o, investidores ou n�o, devedores ou n�o.

Da� que, se os bancos reduzirem muito seus juros para empr�stimos de pequenos ou m�dios portes, (grosseiramente falando, por mais estranho que pare�a) pode "faltar dinheiro" para os bancos comprarem grandes volumes de t�tulos p�blicos que � o que "d� dinheiro" e gera super lucros.

Em nota, o Banco do Brasil comunicou que reduzir� os juros de suas linhas de cr�dito a partir amanh�, dia 26. Tamb�m em nota, o Bradesco prometeu repassar esse �ltimo corte de 0,25 ponto porcentual da taxa Selic nas linhas de cr�dito de pessoas f�sicas e pessoas jur�dicas. Mas n�o detalhou quais seriam as linhas e quais seriam as novas taxas. Tamb�m a partir do dia 26, o Ita� garantiu que cortar� os juros nas linhas de cr�dito para pessoas f�sicas e para micro e pequenas empresas. Segundo o banco, haver� redu��o no juro do cheque especial, para uma taxa a partir de 2,08% ao m�s. Isso d� 28,2% ao ano (quatro vezes maior do que a Selic em 6,5% ao ano). Para micro e pequenas empresas, ser�o alteradas as taxas no cheque especial e capital de giro. Vamos pagar para ver...

DESEMPENHO DE CAMPE�O MUNDIAL

A pesquisa mais recente da PROTESTE revela que o consumidor brasileiro continua pagando taxas alt�ssimas, com m�dia anual de juros de 352,76%, ao recorrer ao financiamento por meio do cart�o de cr�dito no chamado rotativo cobrado do consumidor quando ele opta por n�o pagar o total da fatura do cart�o ou n�o fazer o pagamento at� a data do vencimento, situa��es em que ele est� adquirindo um cr�dito com os maiores juros do mercado. Foram comparadas as taxas m�dias de juros cobradas nas opera��es com cart�es de outros seis pa�ses da Am�rica Latina (Argentina, Chile, Col�mbia, Peru, M�xico e Venezuela), al�m de Portugal e Estados Unidos.

DINHEIRO DADO DE BANDEJA

No Brasil, a associa��o encontrou juros exorbitantes no rotativo nos cart�es do Banco Pan, de 830% ao ano, os maiores do mundo. Nesse caso, se o consumidor tiver uma fatura no valor de R$ 1 mil e resolver pagar somente o m�nimo (15% do valor total da fatura), no m�s seguinte ele estar� devendo nesse cart�o R$ 1.020 reais, mais as compras realizadas ap�s o fechamento do m�s anterior. Ou seja, � como se voc� tivesse dado de bandeja para o cart�o R$ 150 e no m�s seguinte a sua d�vida estaria ainda maior do que antes.

Esses dados s�o ainda mais alarmantes se compararmos a taxa praticada no Brasil com a de outros pa�ses. A taxa m�dia praticada no rotativo no Brasil � 305 pontos percentuais maior do que a praticada na Argentina (m�xima de 47,40% ao ano). No Peru, os juros no rotativo n�o ultrapassam os 44,1%. Na Venezuela (um pa�s em convuls�o) s�o de 29%. Na Col�mbia fica em 29,66%. No Chile, 21,59%. No M�xico, a m�dia da taxa � de 25,4% ao ano. Todos os dados foram coletados atrav�s do Banco Central de cada pa�s.

Em Portugal, os juros m�ximos permitidos no quarto trimestre de 2017 foram de 16,1%. Al�m disso, l� o consumidor j� sabe previamente pelo BC quais ser�o os juros m�ximos aplic�veis para o trimestre seguinte. Nos Estados Unidos, a taxa m�xima encontrada nos juros do rotativo foi de 24,99% ao ano.

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