Patrocinador rescinde contrato com o Corinthians após polêmica com 'laranja'
Por Agência Estado
Publicado às 07/06/2024 12:10:23 Atualizado às 07/06/2024 12:10:23Em comunicado, a patrocinadora afirmou ter tomado a decisão com base em dispositivos contratuais. "A marca avalia que não se pode manter a parceria enquanto pairar sobre o acordo qualquer suspeita em relação a condutas que fujam à conformidade com a ética e os preceitos legais. Só a dúvida, no crivo ético da marca, já é suficiente para determinar a rescisão - que foi exercida pela Vai de Bet suscitando cláusulas do contrato que protegem direitos da marca nessa decisão", diz trecho da nota divulgada à imprensa.
"Desde o início de abril a marca acompanha e solicita esclarecimentos sobre as suspeitas levantadas, tendo já realizado reuniões, comunicações formais e notificação extrajudicial. Diante das explicações apresentadas sem nenhuma resolutividade, a VaideBet lamentavelmente se vê obrigada a tomar tal atitude", afirma a empresa.
Ao assinar com a Vai de Bet, o Corinthians fechou o maior acordo de patrocínio do futebol brasileiro. A marca do ramo de apostas ofereceu R$ 360 milhões para estampar o espaço mais nobre da camisa corintiana por três temporadas. O acordo previa o pagamento de R$ 10 milhões ao longo dos 36 meses de contrato. Ao todo, o clube recebeu R$ 60 milhões pela parceria.
O contrato previa também o pagamento de 7% do montante líquido de cada parcela à Rede Media Social Ltda. Ou seja, R$ 700 mil por mês ao longo de três anos, resultando em R$ 25,2 milhões ao fim do contrato. Com CNPJ ativo desde janeiro de 2021, a empresa possui um capital social declarado de R$ 10 mil. Edna Oliveira dos Santos, residente na cidade de Peruíbe, litoral Sul de São Paulo, teve o nome envolvido no episódio. Há a suspeita de que ela tenha sido usada como "laranja" no caso sem a sua anuência.
Segundo reportagem publicada na coluna do jornalista Juca Kfouri, no portal UOL, após os pagamentos da comissão, a Rede Social Media Ltda repassou o parte dos valores por meio de PIX à Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda, empresa com endereço na Avenida Paulista que serviria como "laranja". O clube notificou a intermediadora extrajudicialmente cobrando explicações sobre o caso e solicitou a EY investigação do contrato para esclarecimentos.
Cassundé trabalhou na campanha de Augusto Melo a convite de Sergio Moura, superintendente de marketing do Corinthians. Moura pediu afastamento do cargo após a polêmica vir à tona. Ele também estava sofrendo pressão no cargo por não conseguir fechar outros patrocínios para a camisa do clube.
O caso é investigado pelo Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC). Ao Estadão, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) limitou-se a afirmar que "diligências estão em andamento visando o esclarecimento dos fatos". O Corinthians confirmou ter recebido a notificação e disse que vai colaborar com as investigações pois afirma ser "o maior interessado em esclarecer os fatos".
O contrato também está sendo analisado pela Comissão de Ética e Justiça do Conselho Deliberativo do Corinthians. O parecer deve sair nos próximos dias e será convocada uma reunião extraordinária para pedir esclarecimentos a respeito do episódio, que motivou a saída de Yun Ki Lee do cargo de diretor jurídico, e de Fernando Perino do cargo de diretor jurídico adjunto. Ligado a Lee, Marcelo Mandel, diretor de relações internacionais, decidiu se afastar do cargo nesta quarta.