Rio - Um dos principais nomes do Comitê Gestor de Futebol do Botafogo, Carlos Augusto Montenegro fez duras críticas a um possível retorno progressivo do futebol brasileiro a partir de maio, conforme parecer elaborado pelo Ministério da Saúde, a pedido da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O dirigente garantiu que o Alvinegro não vai participar e ignorou eventuais punições.
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"Se vier pressão de CBF, Ministério da Saúde, Federação para iniciar treinos nessa situação que estamos vivendo no mês de maio, o Botafogo não vai jogar. Vai continuar treinando em casa, os atletas em casa, porque estão protegidos. A gente perde ponto, mas cada ponto perdido vai ser uma vida salva. Estamos combatendo uma doença traiçoeira, invisível, que ninguém tem noção do que fazer. É tudo desconhecido. Quando se passa de 150 para quase 500 mortes diárias aumenta-se a pressão para treinar. Estão querendo fazer o futebol de bode expiatório, mas se depender do Botafogo, o futebol só volta quando as coisas estiverem perto da normalidade, com a curva caindo, os hospitais com vagas. Como vou dormir à noite se um atleta meu sai para treinar, se contamina, vai para o hospital e não tem vaga para ele? Como que eu vou dormir?", declarou Montenegro, em entrevista ao canal do jornalista Thiago Franklin, na última sexta-feira. Médicos de clubes de futebol brasileiro elaboraram em conjunto um guia para a retomada progressiva do esporte. O Ministério da Saúde se mostrou favorável à medida com o argumento que as transmissões das partidas pela TV seriam uma forma de ajudar a manter as pessoas em isolamento social. O órgão governamental fez, no entanto, ressalvas quanto a falta de testes para Covid-19 no país.
"É como se fosse um circo, vão lá colocar os palhacinhos jogando mesmo sem público e danem-se eles, põe para jogar porque vai alegrar as pessoas domingo à tarde em casa. É uma falta de respeito, uma coisa inescrupulosa, horrível! Jogador para treinar tem que sair de casa, pegar condução, ter contato com todo o pessoal de estádio, joga, tem o contato do jogo, depois volta para casa, chega em casa estão os pais, os avós. O risco dele trazer contaminação é brutal. Por que essa maluquice com o futebol? Por que que tem que começar dia 20 de maio? Vai ter uma fila de profissionais de saúde indo tratar os internados, outra fila de pessoas enterrando gente e outra de jogadores indo treinar? As pessoas perderam a cabeça! Sei que é uma ordem que vem de cima, mas o Ministério da Saúde falar que tem que treinar é ridículo", completou Montenegro.