O padeiro André Araújo da Silva, de 43 anos, usava uma enxada para improvisar a abertura de uma valeta no chão de terra batida. Morador do Morro do Pau Branco, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, ele queria impedir, após os últimos temporais, que a água que alagou vários municípios e o esgoto entrassem em sua casa.
O esforço foi em vão. A comunidade inteira ficou coberta de lama devido ao temporal. A situação poderia ser diferente se as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, estivessem ficado prontas. O projeto de urbanização, orçado em R$ 66,6 milhões, parou e o drama dos moradores parece não ter fim. "Fizeram só o meio-fio. As ruas estão sem asfalto e o esgoto fica a céu aberto", contou o pedreiro.
Segundo o Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, 229 obras do PAC, como a do Morro do Pau Branco, foram interrompidas e aguardam uma solução do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Elas somam R$ 52,6 bilhões de investimentos em infraestrutura, saúde, educação, cultura e transportes, distribuídos em 45 das 92 cidades do estado.
E não é só do PAC. O governo federal abandonou, por exemplo, os trabalhos de duplicação da BR-493, em Manilha, Itaboraí. Dos R$ 289,4 milhões orçados, apenas R$ 69 milhões foram aplicados. Em Barra Mansa, a adequação da linha férrea, que deveria ficar pronta em 2012, também não foi concluída. Faltaram R$ 51 milhões.