Bruno Ferreira Correia, apontado como o autor do feminicídio da estudante de ciências sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Luiza Nascimento Braga, 26 anos, ainda está foragido. O corpo da universitária foi encontrado na casa do procurado, que era ex-namorado da vítima. Uma recompensa de R$ 1 mil é oferecida por informações que levem à sua captura.
Bruno, que também estudava na Uerj (curso de História), teve a prisão temporária decretada há oito dias, mas ainda não foi encontrado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DH-Capital), que chegou a fazer buscas no interior do estado, mas não o localizou. A Polícia Civil tem sido procurada desde o dia 25 de junho para dar informações sobre o caso, mas não retornou os pedidos da reportagem.
Quem tiver informações sobre o paradeiro de Bruno pode denunciar pelos seguintes canais: pelo Mesa de Atendimento do Disque-Denúncia (21) 2253-1177, pelo Whatsapp ou Telegram Portal dos Procurados (21) 98849-6099; pelo facebook/(inbox), endereço: https://www.facebook.com/procurados.org/, ou pelo Aplicativo para celular – Disque Denúncia. O Anonimato é garantido. As informações serão encaminhadas para DH-Capital.
Assim que o caso veio à tona, relatos de amigos nas redes sociais apontaram Bruno como o suspeito. Ele sumiu da casa depois do crime e apagou as redes sociais, além de ligar para o proprietário do imóvel dizendo que ia viajar, levando quase todos seus pertences. Assim como a vítima, ele também estuda na Uerj, no curso de História, e ambos atuavam como militantes na universidade em causas ligadas aos direitos humanos.
O pai da estudante reforçou a suspeita do ex-companheiro ser o assassino da universitária. "Eles se conheciam (começo do namoro) faria um ano, em julho. Estavam morando juntos há quatro meses, quando ela decidiu sair para ter a vida dela. Ele não aceitou, fazia chantagem, ia para médico, ligava para minha esposa querendo falar com ela", lembrou Luiz Antonio Pereira Braga.
Segundo Luiz Antonio, a filha nunca comentou sobre uma possível violência que o namorado tenha cometido, mas disse que o suspeito, estudante da Uerj, era inseguro quanto ao relacionamento com Luiza.
"Ela conversava mais com a minha esposa, que é mulher. Mas não tinha nenhum indício (de agressão), ele era muito ciumento e possessivo porque ela era bonita, tinha o jeito dela, comunicativa, falante. Não aceitou o fim do relacionamento e fez essa brutalidade, feminicídio. O que queremos é justiça, que encontrem ele para que pague pelo que fez, para não acontecer com outras famílias", lamentou o pai.
Semana passada, os pais e duas primas de Luiza prestaram depoimento na Delegacia de Homicídios. Documentos do suspeito e dois notebooks que estavam em sua casa foram entregues à polícia para serem analisados. Um dos computadores seria da estudante. O aparelho da jovem não foi encontrado, mas informações dão conta que ele estava online em um aplicativo de mensagens na última segunda-feira, dois dias após o corpo da jovem ter sido encontrado.
"Ele não pode ficar impune, meus tios (pais de Luiza) estão à base de calmantes. A gente acorda todo dia é o pensamento é nela, a gente não se conforma. Não pode virar estatística, ligar a TV e ver um caso atrás do outro. Ele não pode ficar impune, ficar solto por aí", disse Jeane Barga, 28 anos, prima da vítima.
Homenagem será realiza quinta-feira na Uerj
O Núcleo de Mulheres de Ciências Sociais da Uerj realizará, nesta quinta-feira, às 18h, um ato em homenagem à Luiza Nascimento Braga. "Luiza Braga era mais uma de nós. Inteligente e talentosa. Esta é uma homenagem à vida e memória de nossa companheira", diz a descrição do evento, que ocorrerá no primeiro andar da instituição, no auditório 11. Procurada, a universidade não se pronunciou sobre a morte da jovem.
Além de estudar ciências sociais, Luiza também era fotógrafa e já colaborou na produção de três curtas metragens, tendo com paixões a fotografia e o cinema. Ela estava cursando Montagem e Edição de Imagem e Som na Escola de Cinema Darcy Ribeiro, onde também colaborava no Centro de Documentação e Referência do Audiovisual. A instituição lamentou a morte da jovem.
Luiza é descrita por amigos em relatos nas redes sociais como uma jovem combativa e que lutava pelo direitos das mulheres. O Núcleo de Estudos de Desigualdades e Relações de Gênero (NUDERG) da Uerj, que agrega pesquisa e extensão nas áreas de Gênero e Desigualdades, disse que Luiza "sonhava com uma sociedade mais justa para as mulheres e outras minorias sociais" em sua nota de pesar.
"Temos a memória viva de suas participações nas disciplinas do curso, mostrando-se fortemente engajada com o debate sobre a escolarização de meninas e jovens, interessada em identificar formas de empoderamento social, político, profissional e educacional das mulheres. Luiza sonhava com uma sociedade mais justa para as mulheres e outras minorias sociais. Manifestamos nossa solidariedade aos seus familiares e desejamos que a espera pelas respostas que anseiam seja abreviada pelo empenho e compromisso da Polícia, responsável pela investigação de sua morte", diz o texto.
"Luiza era doce, sonhava e era livre acho que ela precisa ser lembrada com esse sorriso lindo e a nós fica o desejo de que a justiça seja feita e de que o #feminicídio pare de acontecer. Vá em paz flor. Sua luz será lembrada", postou uma amiga.
A universitária chegou a postar uma mensagem sobre relacionamento abusivo antes de sua morte. A postagem em sua rede social aconteceu dia 11 de junho, possivelmente uma semana antes de sua morte.