Há três anos reconhecido como Patrimônio da Humanidade pela Unesco, o Cais do Valongo, localizado na região portuária da cidade, recebeu uma lavagem simbólica na manhã de ontem. O ato foi realizado pela 9ª vez e já é uma tradição em memória e respeito aos escravizados que desembarcaram no Cais.
"O Cais do Valongo traz uma memória de muita dor do nosso povo. Dor essa, que não pode ser esquecida. Foi uma violência contra a humanidade. A lavagem é uma homenagem simbólica à resistência e a luta de nossos ancestrais e para reafirmar o compromisso do poder público e da sociedade contra o racismo e desigualdade", explicou na ocasião o presidente do Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), Rodrigo Nascimento.
A Ialorixá Mãe Edelzuita de Oxalá foi a responsável pelo ato e lamentou pela pandemia. "Peço a Deus que nos abençoe e dê uma ideia para acabar com isso. Esse ano o povo está com medo. Mas vim representar, eu comecei a cuidar de orixá em 1943, em plena Segunda Guerra Mundial. A gente precisa que Deus se faça presente", explicou a sacerdotisa.
Em respeito às medidas de isolamento, o evento foi realizado apenas forma simbólica, sem as apresentações artísticas e as orientações de saúde pública.