Rio - O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio (Sepe RJ) organiza uma assembleia neste sábado (10) para definir se mantém a "greve pela vida", movimento a favor da permanência dos professores em ensino remoto por conta da pandemia. Nesta sexta-feira (9), o governo do Rio anunciou a volta às aulas na rede estadual para os alunos do 3º ano do Ensino Médio.
"A gente vem conversando com o secretário e a nossa posição é que o objetivo, que é garantir as melhores condições de estudo, não justifica (a volta). Sobretudo aqueles que vão fazer Enem. Não justifica arriscar alunos, responsáveis e professores. A gente não pode dar um direito, o direito à educação de qualidade, retirando outro, que é a proteção da saúde", comentou Gustavo Miranda, coordenador-geral do Sepe. "A gente está em greve em defesa da vida dos profissionais da educação. É uma medida extrema que será debatida amanhã".
O sindicato acredita que a maioria dos profissionais da rede estadual são contra a retomada das aulas presenciais. O estado conta com cerca de 60 mil professores. "Em geral, as pessoas são contra porque elas têm a noção de que o retorno, na maneira como está acontecendo, não vai resolver o problema do ensino do ano. Ou seja, além da falta de tempo para repor as aulas, não há planejamento pedagógico para esses dois meses. As pessoas são contra por acharem ineficaz nesse atual momento. Mas sobretudo porque não querem colocar a vida em risco. A Covid-19 não infecta só idosos, nem só quem tem comorbidade. As pessoas não querem arriscar mãe, pai ou filho", analisou o coordenador do sindicato.
Segundo Miranda, uma possibilidade que será sugerida é o ensino em 'ciclos' de dois ou três anos. Assim, o aluno que está no 2º ano do Ensino Médio em 2020 seguirá na mesma série até o fim do ano que vem, para que consiga receber todo o conteúdo programado para o ano letivo.
3º ano volta dia 19 de outubro; outras séries só ano que vem
Em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira, o governo do Rio anunciou a volta às aulas para o dia 19 de outubro. As outras séries não retornam às salas esse ano. Entre os educadores, a exceção para o retorno são os servidores com mais de 60 anos, além de gestantes, mulheres que acabaram de ter filho e pessoas com doenças crônicas, por estarem no grupo de risco da covid-19. Os professores deverão preencher uma autodeclaração detalhando os motivos para a permanência em casa. Os que voltarem a lecionar nas salas de aula receberão horas extras, a Gratificação por Lotação Prioritária (GLP). "Quem é do grupo de risco não precisará voltar. Basta uma autodeclaração. E a secretaria pretende repor esses professores", afirmou Cláudio Castro.