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Morre o radialista Armando Campos aos 87 anos

Armando Campos deixa deixa a esposa, Isabel Ramos, de 60 anos, e três filhos

Armando Campos fundou a rádio Tropical FM e foi um dos grandes responsáveis para a entrada e consolidação do samba nas rádios
Armando Campos fundou a rádio Tropical FM e foi um dos grandes responsáveis para a entrada e consolidação do samba nas rádios -
Rio - Faleceu, na manhã desta quinta-feira (25), o radialista Armando Campos, aos 87 anos, vítima de infarto. Nos anos 1980, Campos fundou a Mater FM, que posteriormente seria chamada de Tropical FM, famosa por levar para a FM as melodias do samba e a batida do funk. O radialista deixa a mulher, Isabel Ramos, de 60 anos, com quem compartilhou 34 anos de sua vida, e três filhos.
"Seu Armando sempre atuou com maestria em todas os departamentos das suas rádios: era locutor, operador, administrador. Ele amava o que fazia e respirava rádio 24h por dia", contou a jornalista e editora do site Papo de Samba, Denise Carla, de 59 anos. A Rádio Tropical foi seu primeiro trabalho de carteira assinada, onde atuou como repórter. "Se a gente tropeçasse numa nota, se falasse uma palavra errada, ele brincava, perguntava se estávamos tomando sopa de letrinhas, era muito criterioso. A Rádio Tropical foi a grande escola da minha vida em todos os sentidos", afirmou.
A paixão de Campos pelo trabalho levou outras pessoas a iniciarem na profissão. Esse é o caso da Karla Sampaio, de 47 anos, que chegou na Tropical FM para trabalhar na captação de recursos, fazendo contato publicitário, e saiu como repórter. "Ele nos dava oportunidade. Era um grande professor, incentivador. Ele ia descobrindo vários potenciais na equipe que ele mesmo formava. De tanto vê-lo trabalhando e ver a forma, que era tudo ali muito mágico, eu acabei me apaixonando", lembrou Karla.
Mas o agradecimento não vem só dos jornalistas. Foi por conta do radialista que grandes grupos de pagode caíram no gosto do público. "Armando Campos, junto com os pagodeiros, furou a 'supremacia' das Rádios FMs da época que tocavam sertanejo e internacional. Um verdadeiro estouro. Tanto ele quanto a Rádio Tropical têm um capítulo inteiro na história da música, do samba e da rádio", explicou Ludmilla Aquino, que nos anos 1980 trabalhou na extinta gravadora RGE, fazendo a divulgação de artistas como Zeca Pagodinho e Jovelina Pérola Negra.
"Ele tocava samba 22h por dia. Ele tinha duas horas de um programa de funk e o resto era samba", relembrou Marcos Salles, de 61 anos, que trabalhou com seu Armando nos anos 1980, através da coordenação de produção dos artistas junto com Milton Manhães, na época produtor. Depois, foi diretor da banda da Tropical, que fazia shows durante todo o ano, além de ter sido convidado para tocar o programa "Eles fazem sucesso", onde conversava com compositores. "Seu Armando ficou um bom tempo em primeiro lugar, ultrapassou todo mundo da época e era venerado por todos os sambistas, porque ninguém tinha tido essa coragem até então", afirmou.
Atualmente, Salles escreve um livro sobre a trajetória do grupo Fundo de Quintal, fundado nos anos 1970. Em um dos capítulos, Armando Campos está presente. "Ele está no capítulo dessa parte da mídia, onde ele conta essa história, de como começou isso. Esse capítulo é muito importante porque a partir daí o samba começou a tocar em FM", explicou.
A artista Leci Brandão se manifestou nas redes sociais: "O mundo do samba essa semana perdeu um grande incentivador, uma pessoa que ajudou muitos e muitos artistas a fazerem sucesso nos anos 80, senhor Armando Campos. Ele era diretor da rádio 104 FM, a FM que tocava samba, que botou o samba para virar sucesso no Rio de Janeiro. Ele prestou grande serviço à cultura carioca, ao samba. Muito grata por tudo o que o senhor fez, não só por mim, mas por outros companheiros também. Esteja em paz", saudou a artista.
O jornalista Anderson Baltar, do site Rádio Arquibancada, também prestou sua homenagem ao radialista. "Para quem acompanha há muitos anos a imprensa de carnaval, Armando Campos foi uma pessoa fundamental. Fundador da rádio Tropical, que, nunca neguei, junto com a TV Manchete, é uma das principais inspirações da Rádio Arquibancada. Venho expressar, em meu nome e em nome da Rádio, nosso mais profundo pesar, nossa tristeza e condolências. Ressalto a importância de Armando Campos para o jornalismo, especialmente para o jornalismo de carnaval, sobretudo por tudo que ele fez com a Rádio Tropical", disse emocionado, em vídeo publicado. 
Armando Campos será enterrado nesta sexta (26), no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul. O velório começou às 13h e o enterro acontecerá às 16h. 
*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes
Armando Campos fundou a rádio Tropical FM e foi um dos grandes responsáveis para a entrada e consolidação do samba nas rádios Reprodução/ Redes Sociais
Marcos Salles e seu Armando em conversa para o livro sobre a trajetória do grupo Fundo de Quintal Divulgação