Rio - Ir à escola, curtir uma manhã de sol na praia ou um passeio em família no shopping, brincar e ser feliz. Esta é a rotina dos irmãos Miguel, de 8 anos, e Wescley, de 10, mas nem sempre eles tiveram a oportunidade de desfrutar de uma vida com todos os direitos que uma criança tem. A reviravolta positiva teve início há cerca de dois anos, quando eles foram afastados judicialmente do lar de origem após viverem em um ambiente de extrema violência e situação social bastante precária.
Os irmãos foram levados para um abrigo institucional e, pouco tempo depois, abraçados pelo Serviço Família Acolhedora (SFA) da Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMAS) de Nova Iguaçu. Lançado pela Prefeitura em 2018, o serviço completa quatro anos na próxima segunda-feira (5).
Alternativa para os abrigos, o Família Acolhedora já contou, neste período, com sete famílias habilitadas para receber crianças e adolescentes afastados judicialmente de suas famílias de origem. O número ainda é pequeno, pois cerca de 50 meninos e meninas estão em acolhimento institucional no município. Por isso, o SFA segue cadastrando novas famílias que queiram abrir as portas de seus lares.
Os irmãos foram levados para um abrigo institucional e, pouco tempo depois, abraçados pelo Serviço Família Acolhedora (SFA) da Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMAS) de Nova Iguaçu. Lançado pela Prefeitura em 2018, o serviço completa quatro anos na próxima segunda-feira (5).
Alternativa para os abrigos, o Família Acolhedora já contou, neste período, com sete famílias habilitadas para receber crianças e adolescentes afastados judicialmente de suas famílias de origem. O número ainda é pequeno, pois cerca de 50 meninos e meninas estão em acolhimento institucional no município. Por isso, o SFA segue cadastrando novas famílias que queiram abrir as portas de seus lares.
Uma das famílias habilitadas pelo SFA e que recentemente passou pela experiência do acolhimento é a de Ana Cristina Soares do Rosário, de 47 anos, moradora de Jardim Alvorada. Professora da rede municipal de Nova Iguaçu e mãe de Isabel Cristina do Rosário, de 18 anos, ela conta que a filha sempre pediu irmãos, mas que este não era um desejo da família. Decidiram então ingressar no serviço e unir o útil ao agradável: dar carinho e afeto a quem precisa e proporcionar à filha a oportunidade de conviver com crianças em casa.
A experiência foi em dose dupla. Quando Ana Cristina recebeu uma ligação telefônica do Família Acolhedora, era para oferecer duas crianças que precisavam de um lar temporário. Eles não pensaram duas vezes e aceitaram o desafio para receberem, em outubro de 2020, os irmãos Miguel e Wescley.
“A família de origem era de uma situação social bem precária e as crianças viviam em um ambiente de muita violência. Miguel chegou a ser hospitalizado por 15 dias e quase não resistiu. Quando chegou aqui, ele não falava. Hoje ele fala e até nos surpreende com seu vocabulário. Já o Wescley, que tem nanismo, tinha um bloqueio muito grande, não se achava querido pelas pessoas e agora tem o nosso carinho e afeto”, conta Ana Cristina.
Um ano e meio depois, a situação é bem diferente. Além de terem sido acolhidos, os irmãos foram matriculados em escolas da rede municipal e vivenciaram experiências transformadoras. “Fizemos muita coisa boa neste período. Passeamos muito, os meninos conheceram várias praias e pontos turísticos do Rio de Janeiro, como o Museu do Amanhã, o Pão de Açúcar e o Corcovado. Eles descobriram que existe um mundão aqui fora, com várias pessoas e lugares”, relembra a professora.
Experiência transformadora
Nos últimos meses, Miguel e Wescley passaram por um processo de transição e, no dia 14 de julho, deixaram o Família Acolhedora. Mas o motivo foi dos melhores: uma nova família os recebeu, desta vez em definitivo. “Fizemos um diário de memórias para registrar cada momento que passamos juntos e que eles possam guardar com carinho. Nossa casa estará sempre aberta para os meninos”, garante Ana Cristina.
Já sua filha, Isabel Cristina, comemora o encerramento deste ciclo com os irmãos com um final feliz, mas se diz ansiosa para iniciar novos ciclos no lar dos Rosários. “Foi uma experiência de tirar o fôlego. Vivemos momentos tão incríveis que eu acho que a nossa vida e a vida dos meninos nunca mais vai ser a mesma. A nossa principalmente, pois não vamos sair do programa. Acredito que as próximas crianças acolhidas por nós vão trazer novas experiências que irão modificar mais ainda nossas vidas”, celebra a jovem.
A coordenadora do Família Acolhedora, Viviane Cordeiro Marques, comemora o sucesso da passagem de Miguel e Wescley pelo lar de Ana Cristina e diz que foi cumprido à rigor a proposta do serviço: proporcionar uma vida com tudo o que é necessário às crianças até que a Justiça determinasse para onde elas seriam encaminhadas: o lar de origem ou a adoção.
Viviane explica que o serviço busca compreender por quais razões a criança ou adolescente é afastado judicialmente da família de origem e tenta sua reinserção neste lar até que todas as possibilidades sejam esgotadas. Em último caso, ele é direcionado para a adoção. Por isso, as famílias cadastradas no Família Acolhedora assinam um termo de não interesse pela adoção.
“A família que acolhe é um braço do nosso serviço e trabalha junto com nossa equipe técnica composta por psicólogos e assistentes sociais em prol da reinserção da criança na família de origem. Então, se a família pensa em adotar, ela não irá cooperar conosco, pois iria rivalizar com a família de origem da criança. Por isso que nossos cadastrados assinam um termo de não interesse”, esclarece Viviane.
Oportunidade de doar amor
Segundo a coordenadora do Família Acolhedora, Viviane Cordeiro Marques, a grande vantagem do serviço é poder proporcionar à criança e ao adolescente um lar. “Eles são retirados do lar de origem e ao invés de irem para uma instituição, vão para um lar onde poderão ser tratados de forma individualizada e ter rotinas básicas de uma criança em família, como ir passear no shopping ou ir à praia”, esclarece Viviane, revelando que o grande ganho do serviço é o afeto. “Sem ele, a criança não se desenvolve de forma saudável. Quer doar amor a quem precisa, procure o nosso serviço. É muito importante que as famílias se cadastrem”.
Para fazer parte do Família Acolhedora, é preciso morar em Nova Iguaçu há pelo menos dois anos, ter moradia que atenda às necessidades básicas da criança, entre outros requisitos. Também é fundamental que todos os membros da família estejam de acordo com a inserção no serviço. Desta forma, elas serão submetidas a exame psicossocial e irão passar por processo de capacitação para que tenham condições de acolher as crianças afastadas dos lares de origem.
Os interessados em se cadastrar podem procurar a sede do serviço, localizada na Rua Teresinha Pinto, 297, 4° andar, no Centro. Também é possível entrar em contato pelo telefone 2667-3680 ou pelo e-mail familiaacolhedora.ni@gmail.com.