Prefeitura do Rio anuncia compra do edifício A Noite, na Praça Mauá

Prefeito Eduardo Paes quer induzir ainda mais a revitalização da região central

O Edifício A Noite, construído na década de 1920, foi vendido para a Prefeitura do Rio
O Edifício A Noite, construído na década de 1920, foi vendido para a Prefeitura do Rio -
Rio - O prefeito do Rio, Eduardo Paes, assinou nesta sexta-feira (31) a compra do Edifício Joseph Gire, também conhecido como 'A Noite', na Praça Mauá, no Centro do Rio. O município adquiriu o imóvel histórico por R$ 28,9 milhões após tentativas frustradas de negociação entre o governo federal e a iniciativa privada. O objetivo, de acordo com a Prefeitura do Rio, inicialmente, é negociá-lo com a iniciativa privada. O valor de manutenção do prédio enquanto ele não é vendido será de R$ 110 mil por mês.

"A gente vive uma consolidação do projeto Porto Maravilha. Estamos vendo agora os lançamentos imobiliários, mais de seis mil unidades de apartamentos residenciais já vendidas, sendo construídas. Em três meses a gente conseguiu realizar esse sonho, que é ter o edifício A Noite disponibilizado para o mercado, em condições favoráveis. A Prefeitura consegue negociar melhor com o setor privado, nosso desejo é ter aqui um projeto residencial ou um hotel, entendemos que é um estímulo que estamos dando ao Centro da cidade. O papel da Prefeitura é fazer a infraestrutura, e isso já temos aqui, estamos em frente ao mar, com esta vista incrível da Baía de Guanabara", disse o prefeito, que informou que construtoras já manifestaram interesse pelo imóvel.

"A gente têm construtoras que manifestaram interesse. Qual é o grande desafio aqui de custo? É óbvio, pelas características do prédio, há uma série de restrições. Manutenção de certas características da arquitetura que a gente considera muito importante. Então, nós vamos trabalha isso para que seja sustentável para quem comprar o prédio", explicou Eduardo Paes.

O prefeito disse, ainda, acreditar que a negociação deva seguir a regra de mercado. "Acho que dificilmente, com vacancia de móveis comerciais no Centro da cidade, alguém vai desejar fazer centro comercial aqui, porque os incentivos existentes para fazer o residencial são muito maiores do que para fazer comercial. Então é uma coisa de demanda misturada com os incentivos que a prefeitura dá", afirma.

A negociação do edifício será feita através do fundo de investimento imobiliário, o que permite mais versatilidade à negociação com investidores privados, como pagamento com entrada mais parcelamento e permutas. Nos últimos anos, a Prefeitura fez negociações de imóveis públicos similares, como um terreno no Santo Cristo onde está sendo erguido um empreendimento residencial, o Rio Energy. Outro exemplo é o prédio no Largo dos Leões, no Humaitá, que será convertido em outro residencial. Em 2023, a Prefeitura comprou o Mercado de São José e negocia, atualmente a aquisição de um prédio do INSS na Avenida Venezuela.

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Prefeito Eduardo Paes vai colocar o prédio para ser negociado com a iniciativa privada Divulgação / Beth Santos
Eduardo Paes com o superintendente da SPU, Carlos Augusto Rodrigues. Divulgação / Beth Santos
Eduardo Paes acredita que a negociação deva seguir a regra de mercado Divulgação / Beth Santos
O Edifício A Noite, construído na década de 1920, foi vendido para a Prefeitura do Rio Divulgação / Beth Santos


Após quatro tentativas de venda pelo governo federal entre 2021 e 2022, a Superintendência de Patrimônio da União disponibilizou o prédio no mercado pela quinta vez. Em setembro de 2022, Eduardo Paes anunciou que o compraria caso não houvesse uma proposta até o prazo estabelecido para lances, no dia 18 de fevereiro de 2023. Como as propostas privadas não vieram, dias antes do prazo a Prefeitura do Rio deu entrada na aquisição do 'A Noite'.

"Um imóvel desse porte não pode ficar sem uso, e a recuperação do prédio vai ter um efeito multiplicador em todo o Centro. Essa já é uma região revitalizada, com vários empreendimentos. E ficamos muito felizes com esse projeto", comentou o superintendente da SPU, Carlos Augusto Rodrigues.

A compra é um marco importante para induzir ainda mais a revitalização da região central do Rio. O prédio é um ícone da cidade na Praça Mauá, coração do Porto Maravilha. O entorno já revitalizado pelas obras do Porto deve ganhar ainda mais potencial com a venda do edifício, que fica em endereço privilegiado, em frente ao museu mais visitado do Brasil e símbolo da renovação da área: o Museu do Amanhã.

"A Praça Mauá foi o início da revitalização do Porto Maravilha, a gente fez o Museu do Amanhã, hoje tem o Museu de Arte do Rio, é um lugar muito frequentado. Esses dois museus, juntos, atraem mais de 100 mil pessoas todo mês, e o prédio, infelizmente, ficou no meio dessa revitalização. Aqui na frente passava a Perimetral, às vezes a gente esquece disso, era um lugar escuro, ninguém passava, as pessoas vinham pela Rio Branco, não atravessavam esse limite aqui da Praça Mauá. E esse prédio, infelizmente, ficou esses oito anos fechado. Agora, vindo para a Prefeitura, somos capazes de estruturar um projeto para dar uma ocupação ao imóvel", disse o presidente da Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar), Gustavo Guerrante.

Sobre o edifício A Noite

O Edifício A Noite, construído na década de 1920, no Centro do Rio de Janeiro, é tido por muitos como um dos grandes marcos da arquitetura brasileira. Considerado o maior prédio da América Latina na época da sua inauguração, em 1929, foi batizado em referência ao jornal homônimo sediado no local. O arranha-céu de 22 andares e 102 metros de altura, em estilo art déco, também foi a casa da vanguardista Rádio Nacional, emissora de maior audiência do país na época, além de consulados e do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi).

Inaugurado de frente para a Praça Mauá e com o cenário da Baía de Guanabara ao fundo, o edifício foi projetado pelos arquitetos Joseph Gire, nome por trás do Copacabana Palace e do Hotel Glória, e Elisiário Bahiana. Em 1936, recebeu sua moradora mais conhecida: a Rádio Nacional.

Pelos corredores dos quatro andares ocupados pela emissora passaram nomes como as cantoras Emilinha Borba, uma das intérpretes mais populares da Rádio Nacional, e Marlene, além de outros grandes artistas da música popular brasileira como Dalva de Oliveira, Luiz Gonzaga, Cauby Peixoto e Elizeth Cardoso.

Foi no ano de 1940, por conta de dívidas com o Governo Federal, que o prédio passou a ser propriedade da União. Tombado em 2013 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) pelas suas características arquitetônicas e históricas, tornou-se ícone da região portuária da cidade.