Um século de tradição nas águas de Copa

Pescadores artesanais unem a força do trabalho ao respeito pelo meio ambiente

Selmo Mantovani, de 64 anos, trabalha na reparação de uma rede de nylon antes de voltar pro barco
Selmo Mantovani, de 64 anos, trabalha na reparação de uma rede de nylon antes de voltar pro barco -

Estabelecida num pequeno canto do Posto 6 da Praia de Copacabana, a Colônia de Pescadores Z-13 completa cem anos de existência como se tivesse parado no tempo. Não há grandes barcos, sinais agudos de sonares, redes de arrasto e apetrechos industriais. Toda a descarga de pescado vem da pesca artesanal, num ritual diário que une a força humana à natureza com baixo impacto no meio ambiente.

A colônia fundada em 29 de junho de 1923, Dia de São Pedro, padroeiro dos pescadores, resiste à modernidade e e segue tradições. A única mudança perceptível são as embarcações. Antigamente, prevaleciam traineiras e canoas de madeira. Hoje os barcos com motor a diesel são maioria.

Após navegarem por horas, ainda pela manhã ou no início da tarde, os profissionais vendem ali mesmo na colônia, em uma estrutura de alvenaria dividida em 20 boxes numerados, o alimento que acabou de ser retirado do mar. O lucro é dividido diariamente entre os tripulantes de cada barco. O produto não comercializado vai para a Ceasa, em Irajá.

Os pescadores foram os primeiros moradores de Copacabana (quando o Forte de Copacabana, ao lado da colônia, começou a ser construído, em 1908, eles já estavam naquela região), sofrendo, posteriormente, um processo de desterritorialização com a urbanização do bairro e aterramento de grande parte da areia da praia. Da beira do mar, onde tinham as suas casas, os pescadores tiveram que mudar para as favelas.