Violência despedaça mais uma uma família

Menino autista é morto por tiro indo pra escola, e PMs são acusados

Câmeras acopladas nas fardas dos PMs que estariam envolvidos na morte de um menino autista de 11 anos, em Maricá, na manhã de ontem, serão analisadas pela Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI). A família acusa os agentes de chegar atirando, mas os policiais dizem que foram atacados por criminosos.

Quatro PMs prestaram depoimentos, além de parentes do garoto, que ia para a aula numa escola municipal quando foi baleado. O mesmo disparo atravessou a mochila de uma colega dele, que não foi atingida. Os agentes contaram que estavam em patrulhamento quando foram alvo de tiros no condomínio Minha Casa, Minha Vida na Estrada do Bosque Fundo, em Inoã.

Familiares lembraram que o estudante estava uniformizado e com mochila. O pai, José Roberto Santos de Souza, disse aos prantos que o filho, por ter autismo, não teve reação para correr no momento dos disparos. "Os policiais entraram atirando, ninguém atirou contra eles. É covardia, aquele lugar é um inferno, eu estou muito mal, não estou aguentando mais", disse.

Na delegacia, um vizinho da família, Carlos Alberto Jaime, disse que o seu carro foi atingido pelo mesmo projétil que acertou o menino. "Eles (PMs) entraram atirando. Meu carro estava parado na garagem. Começaram a atirar, eu olhei da minha janela e vi a mãe tentando puxar o garoto, mas ele já tinha sido baleado. A bala pegou no peito dele, vazou e atingiu meu carro estacionado".