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Saem casas, vem o prédio

Moradores e comerciantes avaliam construção de edifício de oito andares no Bairro de Fátima

Por BEATRIZ PEREZ

Publicado às 09/07/2023 00:00:00 Atualizado às 09/07/2023 00:00:00

Incrustado no Centro do Rio, o Bairro de Fátima é um refúgio e motivo de orgulho para seus moradores. Quem vive por ali elogia a tranquilidade, a paz e o clima "interiorano" do sub-bairro, que tem como via principal a Avenida Nossa Senhora de Fátima, acessada pela movimentada Rua do Riachuelo. A bucólica Praça Presidente Aguirre Cerda, frequentada por crianças, adolescentes e idosos, é outro símbolo da região, que acaba de perder suas duas últimas casas. Após serem demolidas, elas darão lugar a um moderno empreendimento residencial com oito andares. 

As duas casas tinham dois andares e dispunham de quintal e árvores. O terreno já foi limpo e está cercado com tapumes para a construção de um edifício com 60 apartamentos. No local, um corretor de imóveis cadastra o nome e contato de interessados.

O porteiro José Francisco, de 56 anos, cuidou por 12 anos de uma das residências que vieram abaixo. Ele, que mora e trabalha há 36 anos no Bairro de Fátima, conta que sentiu pena ao ver a demolição, mas acha que a região seguirá sendo a mesma.

"Fiquei com pena porque eu que tomava conta de uma. Era bonita! E eram as duas últimas casas daqui. Isso é a tecnologia mesmo. Não tem jeito. Eu acho que o bairro vai ficar a mesma coisa. Não muda nada. Muda só em termos de ter mais pessoas", afirma. Para José, o Bairro de Fátima é "bom demais, tranquilão e um dos melhores do Centro."

Apaixonada pelo bairro, onde mora há mais de 15 anos, a aposentada Lia Dalethese diz que ele "é tranquilão e tem tudo". "Eu amo. Aqui somos uma família. Dessa rua até a praça, tem os bares, restaurantes e as comidas são as melhores", exalta Lia, acrescentando que sofre com a poeira dos escombros e teme perder o sol no seu apartamento com o prédio. "Essa casa tinha uma mangueira muito bonita lá atrás. Mas enfim, né? É construção moderna, a cidade está crescendo e o que vale hoje é o dinheiro. Tô com medo de tirar o sol. Queria envelhecer na minha varanda pegando sol", lamenta.

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