'Miami brasileira' virou a Barra Pesada

Índices de violência aumentam e preocupam os moradores da Barra da Tijuca

Foi o tempo em que moradores e frequentadores não precisavam ter medo quando iam à praia da Barra
Foi o tempo em que moradores e frequentadores não precisavam ter medo quando iam à praia da Barra -

São cinco horas da tarde de um dia de semana de muito sol na Barra da Tijuca. A ideia de João Paulo dos Santos, de 30 anos, era curtir com a namorada um final de tarde gostoso num dos muitos quiosques espalhados pela orla. O escolhido foi um situado no posto 7, mas o rapaz não teve muita sorte. Mal sentou-se na cadeira de praia, um dos atendentes do quiosque avisou que sua moto havia sido roubada.

"Eu ainda tentei fazer alguma coisa, mas, quando vi, o cara estava armado com o maior trabuco", disse o funcionário do quiosque, que por motivos óbvios, preferiu não se identificar. O motociclista ficou chateado, mas, como tinha seguro, não se preocupou tanto. "Fazer o quê, não é?", disse João Paulo, resignado.

Esse caso não é único na Barra da Tijuca. Pelo contrário, assaltos e até assassinatos ocorrem, faça sol ou chuva, num local que já foi um paraíso para muitos. Considerado a Miami brasileira, há muito tempo que o bairro deixou de ser um lugar com total segurança, para o desespero de moradores que pagam caro pelo aluguel ou propriedade e para os transeuntes e motoristas. Quem passa pela Avenida da Américas nem pensa em abrir a janela do carro, pois pode ser assaltado, seja de manhã, tarde ou noite.

Os condomínios de luxo também não fogem à regra. Uma jovem estava sentada em local estruturado aguardando um Uber e levaram o celular dela em frente do Condomínio Blue, em uma rua sem saída com segurança 24 horas. A jovem ficou assustada, pois há pouco mais de um ano aconteceu um assassinato perto dali e há mais de dois, um tiroteio que deixou todos perplexos.

Dados do Instituto Segurança Pública (ISP) apontam um aumento de 13,4% no número de roubos a residência no município do Rio este ano. Foram 195 casos de janeiro a julho de 2024, frente aos 172 registrados no mesmo período de 2023. Já o total de roubos aumentou 27,3%.