Advogada de acusada de matar namorado com brigadeirão pede exumação do corpo

Júlia Andrade Cathermol Pimenta está presa pela morte do empresário Luiz Ormand

Júlia Pimenta foi indiciada por matar Luiz Ormond envenenado com um brigadeirão
Júlia Pimenta foi indiciada por matar Luiz Ormond envenenado com um brigadeirão -
A defesa da psicóloga Júlia Andrade Cathermol Pimenta, acusada de matar Luiz Ormand com um brigadeirão envenenado, solicitou a exumação do corpo do empresário para esclarecimentos sobre a causa da morte. A informação foi divulgada em entrevista coletiva nesta sexta-feira (25).

Segundo a advogada Flávia Frões, a solicitação é justificada pela inconclusividade dos laudos cadavéricos anteriores, que não indicaram a quantidade das substâncias encontradas no organismo da vítima. Os exames apontaram a presença de cafeína, clonazepam e morfina, mas sem quantificação.

"Os três primeiros laudos de necropsia apontaram a causa da morte como indeterminada. No quarto, o exame toxicológico revelou a presença de substâncias, mas sem indicar a quantidade. Sem esse dado quantitativo, é impossível determinar o que realmente causou a morte", explicou a advogada.

A defesa também destacou que apurou que o empresário fazia uso de tadalafila, um estimulante sexual, e que isso pode ter contribuído para o óbito. "Podemos apurar que ele fazia uso de outras substâncias que podem ter acarretado a morte dele. Segundo testemunhas que ouvimos, ele fazia uso de tadafila e outros estimulantes sexuais que podem ter levado à morte da vítima naquelas circunstâncias", disse a advogada.

O médico da defesa, Assuero Silva, argumentou que as substâncias encontradas no organismo de Luiz Ormand são de uso comum e podem ser seguras em doses controladas. Ele enfatizou que é essencial saber a quantidade ingerida e absorvida pelo organismo para avaliar qualquer efeito prejudicial.

"Para associar essas drogas a algum efeito negativo no paciente, é fundamental termos a quantificação", destacou.

Silva também comentou sobre o uso de tadalafila, citada pela defesa como uma possível causa da morte. "A tadalafila é um vasodilatador e é usada diariamente para disfunção erétil e hipertensão pulmonar. Se usada em doses recreativas, que são mais altas, pode se tornar um fator adicional a ser considerado. Por isso, é necessário avaliar a quantidade", detalhou o médico.

A advogada Flávia Frões completou, explicando que na época do ocorrido não foi solicitado teste para outras substâncias, como a tadalafila, pois não havia elementos que justificassem a análise. "Os reagentes do instituto são limitados a não ser que haja o pedido de determina substância, o que não ocorreu. Ele pode ter tido um infarto, pode ter sido o uso da tadalafila, mas para determinar qualquer uma dessas coisas, é preciso saber a quantidade", concluiu.

Hortência Menezes, que também representa a defesa de Júlia, afirmou que imputar o crime de homicídio à sua cliente não faz sentido. Segundo ela, "as substâncias que foram encontradas no organismo, por falta de um exame quantitativo, não permitem determinar o que causou a morte".

"É insano a autoridade policial e o MPRJ acusarem ela pelo crime de homicídio, já que a causa da morte não pode ser afirmada", disse.

De acordo com as investigações da Polícia Civil, Luiz morreu envenenado após comer o brigadeiro feito pela namorada. A apuração identificou que o crime teve motivação financeira, pois Júlia tinha uma dívida de R$ 600 mil com a cigana Suyany Breschak por causa da contratação de trabalhos espirituais.

A investigação apontou que Júnia deu um brigadeiro com 50 comprimidos moídos de dimorf de 30mg, um remédio controlado, para o homem. Imagens do circuito interno de segurança do prédio onde Luiz morava mostram, no dia 17 de maio, o empresário sonolento ao conversar com a namorada, o que para a polícia significou que ele já tinha sido envenenado.

Exames do Instituto Médico Legal (IML) confirmaram a presença de morfina e outras substâncias no corpo de Luiz Marcelo.

A polícia apontou ainda que Suyany Breschak, considerada a mandante do crime, foi beneficiária de todos os bens furtados do empresário e recebeu o carro dele como parte do pagamento da dívida. O veículo da vítima foi encontrado em Cabo Frio, na Região dos Lagos, após ter sido vendido por R$ 75 mil, e recuperado, junto com outros bens. O homem que dirigia o carro foi preso por receptação. Com ele, os agentes localizaram o celular e o computador da vítima.

Júlia, que está presa desde o dia 5 de junho, responderá pelos crimes de homicídio por motivo torpe com emprego de veneno e com uso de traiçoeira ou emboscada, por estelionato, associação criminosa, falsidade ideológica, fraude processual e uso de documento falso. Ela também foi indiciada por se apropriar dos bens do empresário e por vender suas armas.

Suyany, presa desde o dia 28 de maio, responderá pelos mesmos crimes da psicóloga menos o uso de documentos falsos. Considerada a mandante do assassinato, a cigana teria instruído Júnia a ministrar o medicamento, além de ter descoberto como adquirir os comprimidos inseridos no brigadeirão.
Caso Brigadeirão: defesa de psicóloga acusada realizou coletiva nesta sexta-feira (25)
Caso Brigadeirão: defesa de psicóloga acusada realizou coletiva nesta sexta-feira (25) Roberta Sampaio / Agência O Dia
Caso Brigadeirão: defesa de psicóloga acusada realizou coletiva nesta sexta-feira (25)
Caso Brigadeirão: defesa de psicóloga acusada realizou coletiva nesta sexta-feira (25) Roberta Sampaio / Agência O Dia
Júlia teria envenenado o namorado com 50 comprimidos moídos dentro de um brigadeirão
Júlia teria envenenado o namorado com 50 comprimidos moídos dentro de um brigadeirão Reprodução
Câmera do elevador do prédio registrou os últimos momentos do empresário Luiz Ormond com vida
Câmera do elevador do prédio registrou os últimos momentos do empresário Luiz Ormond com vida Reprodução
Suyane Brechak, considerada mandante do crime, e a psicóloga Júlia Cathermol
Suyane Brechak, considerada mandante do crime, e a psicóloga Júlia Cathermol Reprodução