Empreender nas favelas exige apoio e inovação

Sebrae Rio discute desafios e soluções para empreendedores das comunidades cariocas

Carla Panisset, do Sebrae Rio, aborda desafios e oportunidades para empreendedores nas favelas do RJ.
Carla Panisset, do Sebrae Rio, aborda desafios e oportunidades para empreendedores nas favelas do RJ. -

O Sebrae Rio traz o empreendedorismo periférico como pauta principal na próxima edição do programa "Papo do Dia". A iniciativa abordará os desafios e as oportunidades de microempreendedores (MEIs) das favelas cariocas, explorando ações que podem expandir os negócios locais para além das comunidades. Segundo o Sistema de Assentamento de Baixa Renda, o Rio de Janeiro abriga 1.074 comunidades com mais de 1,4 milhão de moradores. Em nível nacional, o Data Favela aponta a existência de 13.151 favelas, onde vivem 17,9 milhões de pessoas em 5,8 milhões de domicílios. Esses territórios, ricos em potencial econômico, se destacam como espaços férteis para empreendimentos que promovem desenvolvimento e impacto social positivo.

Os desafios dos MEIs nas comunidades cariocas

Carla Panisset, gerente de Empreendedorismo Social do Sebrae Rio, destaca que os microempreendedores das comunidades enfrentam obstáculos singulares, como a ausência de infraestrutura básica e dificuldades com saneamento, água e eletricidade. Essas barreiras dificultam a formalização dos negócios e o acesso ao crédito, além de sujeitar os empreendedores a preconceitos. De acordo com o Sebrae, cerca de 70% dos negócios nessas áreas operam na informalidade, o que limita o crescimento e a geração de receita, mantendo essas economias periféricas abaixo de seu potencial.

A presença do Sebrae Rio
nas favelas

Segundo Panisset, 76% dos moradores das favelas do Rio já empreendem, já empreenderam ou desejam iniciar um negócio, e para 80% deles, o empreendedorismo representa um verdadeiro sonho. Para apoiar esses empreendedores, o Sebrae Rio mantém 22 pontos de atendimento em grandes complexos de favelas, com programas como o Top Empreendedor, que oferece capacitação para microempreendedores aprimorarem seus negócios. Além disso, a instituição desenvolve conteúdos digitais, cursos práticos e oficinas, como o uso do WhatsApp para negócios, visando fomentar o desenvolvimento e ampliar oportunidades nas comunidades.

Capacitação para empreendedores nas favelas cariocas

Em muitas favelas do Rio, a evasão escolar é uma realidade, pois jovens e adultos abandonam os estudos para ajudar no sustento familiar. Panisset reforça que, além de dominar uma atividade, é crucial entender como vender e promover os produtos e serviços adequadamente, ampliando o faturamento e a sustentabilidade dos negócios. "O tempo é um recurso escasso para o empreendedor das favelas, que frequentemente inicia um negócio por necessidade", afirma. Ela observa que a formação profissional pode vir a competir com a urgência de obter renda imediata, já que, ao deixar de vender um bolo, por exemplo, para fazer um curso, o empreendedor perde um dia de faturamento.

Estratégias para o sucesso dos negócios nas favelas

Panisset aconselha os microempreendedores a observarem deficiências nos serviços já ofertados nas comunidades e a identificarem potenciais de mercado ainda inexplorados. Além disso, recomenda que o empreendedor conheça seu próprio perfil e invista em diferenciais que possam atrair clientes tanto da comunidade quanto de outras áreas da cidade. Por fim, ela destaca a importância de estabelecer parcerias estratégicas que impulsionem o crescimento e a visibilidade do negócio.

Com esse programa, o Sebrae Rio visa fornecer ferramentas e conhecimento para que os MEIs das favelas se fortaleçam, promovendo uma visão de crescimento sustentável e de inclusão econômica.