Jovem baleada na cabeça pela PRF segue em estado gravíssimo

Juliana Leite vai passar por novos exames para evitar piora na parte cerebral

Juliana Leite Rangel, de 26 anos, foi atingida por um tiro de fuzil na cabeça
Juliana Leite Rangel, de 26 anos, foi atingida por um tiro de fuzil na cabeça -
Rio - O estado de saúde da jovem Juliana Leite Rangel, de 26 anos, baleada na cabeça por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), segue gravíssimo. A paciente está internada no CTI do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN) desde a noite de véspera de Natal. 
De acordo com o boletim médico, divulgado na manhã desta quinta-feira (26), Juliana está instável, entubada e acompanhada por equipe multidisciplinar. "A paciente mantém o quadro gravíssimo", disse a unidade de saúde.
Em entrevista coletiva na quarta-feira (25), na unidade de saúde, a médica intensivista Juliana Paitach explicou que a equipe ia esperar as próximas 24 horas para repetir exames e evitar risco de piora na parte cerebral. Os profissionais vão avaliar, entre outras coisas, se a paciente está apta ou não para a retirada da ventilação mecânica.
Tiro de fuzil na cabeça
Juliana foi atingida na cabeça por um tiro de fuzil, na Rodovia Washington Luiz (BR-040). A vítima passava pela via, quando o veículo em que estava com a família foi alvo de disparos. Em um vídeo que circula nas redes sociais, o pai da jovem, que dirigia o veículo, afirma que os tiros partiram de agentes da PRF. 
Segundo a mãe de Juliana, os agentes atiraram mais de 30 vezes contra o carro da família. Dayse Rangel ainda contou que os policiais ficaram desesperados após perceberem que atingiram a jovem. "A PRF mandou tiro na gente para matar todo mundo, mais de 30 tiros. Aí acertaram a cabeça da Juliana. Quando a gente conseguiu parar o carro, a gente teve que ficar abaixado. Eu gritei: 'para que a aqui é família' e responderam: 'vocês que estão dando tiro na gente'. Quando tentei falar com a minha filha, ela já estava caída no carro, toda ensanguentada. Eu gritei para o policial: 'você matou a minha filha'. Aí ele botou a mão na cabeça, deitou de bruços e ficou batendo no chão, vendo a besteira que tinha feito", contou Dayse.
Em depoimento, os policiais alegaram que ouviram tiros e pensaram que tinham sido disparados de dentro do carro do pai da Juliana, mas depois reconheceram que cometeram um grave equívoco. Os agentes admitiram que atiraram contra o veículo da família.
Agentes afastados
A Polícia Rodoviária Federal informou, nesta quarta-feira (25), que afastou preventivamente os agentes que balearam a jovem. Na nota, a PRF afirma que a Corregedoria-Geral, em Brasília, determinou abertura de um procedimento interno para apuração dos fatos e lamentou o caso. "A PRF lamenta profundamente o episódio. Por determinação da Direção-Geral, a Coordenação-Geral de Direitos Humanos acompanha a situação e presta assistência à família da jovem Juliana". 
O Ministério Público Federal (MPF) instaurou, nesta quarta-feira (25), um Procedimento Investigatório Criminal (PIC) para apurar o caso. No documento, o Procurador da República Eduardo Banones pediu o afastamento dos agentes envolvidos na ocorrência, além do recolhimento das armas e das viaturas utilizadas por eles.
 
Alexandre e Dayse Rangel, pais de Juliana, aguardam informações sobre a vítima no Hospital Adão Pereira Nunes
Alexandre e Dayse Rangel, pais de Juliana, aguardam informações sobre a vítima no Hospital Adão Pereira Nunes Reginaldo Pimenta
Mãe de Juliana Leite Rangel, Daisy Rangel afirmou que agentes dispararam diversas vezes contra carro da família
Mãe de Juliana Leite Rangel, Daisy Rangel afirmou que agentes dispararam diversas vezes contra carro da família Reginaldo Pimenta/Agência O Dia
Juliana Leite Rangel foi atingida por um tiro de fuzil na cabeça
Juliana Leite Rangel foi atingida por um tiro de fuzil na cabeça Reprodução/Redes sociais