'A gente não sabe como será o amanhã', diz trabalhador da Uruguaiana

Local foi interditado pela Defesa Civil por tempo indeterminado

Bombeiros finalizam rescaldo do camelódromo da Uruguaiana
Bombeiros finalizam rescaldo do camelódromo da Uruguaiana -
Rio - O primeiro dia após o incêndio que atingiu o camelódromo na Uruguaiana, no Centro do Rio, no domingo (12), foi marcado pela incerteza dos comerciantes locais. Mesmo quem não teve a loja atingida diretamente pelas chamas, não sabe quando poderá retornar ao trabalho, já que o mercado popular está interditado por tempo indeterminado pela Defesa Civil Municipal.
Hugo Oliveira, de 41 anos, trabalha com serviços de jogos eletrônicos há 18 anos no mercado popular. Ele e o funcionário estão sem a fonte de renda e temem pelo futuro do centro comercial. "Fui atingido indiretamente. Eu terceirizava o serviço e acabei perdendo peças e ficando sem fornecedores, que sofreram com o incêndio. A sensação é de insegurança. A gente não sabe como será o dia de amanhã e se vai voltar a ser como era", disse o autônomo. 
O trabalhador ressalta que o movimento de clientes já vinha caindo desde a pandemia de covid-19, em 2020, quando muitos trabalhos foram transferidos para o home office. "Muita empresa saiu do Centro. Isso tudo fez com que o movimento caísse. Hoje a gente fica com a incerteza maior ainda se vai poder reabrir", desabafa Hugo. "A Uruguaiana já estava com metade dos boxes fechados. Já teve promessa de sorteio, de reforma, mas ficamos na incerteza se vai acontecer ou não", completou.
No início da tarde desta segunda-feira (13), os bombeiros encerraram o trabalho do rescaldo, que se estendeu desde a noite de domingo. O porta-voz da corporação, major Fabio Contreiras, informou que cerca de um terço do camelódromo foi atingido, uma área estimada em 1.200 metros quadrados, sendo 30 metros de comprimento por 40 metros de largura.
"As equipes conseguiram preservar boa parte do centro comercial. Os atingidos foram principalmente boxes que comercializavam roupas, fantasias e  lanchonetes. Houve monitoramento de prevenção por toda a madrugada. Havia muito material empilhado, as equipes jogaram água durante toda a noite. Os trabalhos se encerraram por volta das 13h30. Entregamos o local para a prefeitura", destacou o major.
A partir da tarde desta segunda-feira, a responsabilidade pela interdição do local ficou a cargo da Subprefeitura do Centro e da Defesa Civil Municipal.
"A gente permanece no local enquanto há risco de incêndio. O telhado treliçado, aparentemente teve deformação. Isso só vai ser confirmado pela Defesa Civil do Município, que vai checar se há risco estrutural e isolar o local", completou o porta-voz dos Bombeiros, Major Fabio Contreiras.

Equipes da Light também estiveram na Uruguaiana na manhã desta segunda-feira. No entanto, a concessionária informou que não recebeu autorização para energizar os transformadores da região. A companhia aguarda a liberação da Defesa Civil para viabilizar a atuação no local.
A causa do incêndio é investigada pela 1ª DP (Praça Mauá). Em nota, a Polícia Civil informou que a perícia foi realizada e que diligências estão em andamento.
A Defesa Civil do Estado, por meio de assessoria, informou que o local possui um processo de regularização em andamento junto ao Corpo de Bombeiros (CBMERJ).
A Defesa Civil Municipal interditou o complexo comercial da Uruguaiana no domingo (12), após o incêndio de grande proporção atingir o equivalente a 92 boxes. "O complexo comercial foi isolado com fita e equipes da Subprefeitura do Centro e do Centro Histórico e Coordenadoria de Licenciamento e Fiscalização foram acionados para tomarem as providências cabíveis. O local permanecerá interditado por tempo indeterminado", reforçou a pasta nesta segunda-feira.
A Coordenadoria Geral de Operações Especiais (CGOE), da Secretaria de Conservação e Serviços Públicos, informou que vai começar, nesta terça-feira (14), às 8h, os trabalhos de demolição e retirada dos escombros do incêndio nos quiosques do Camelódromo da Uruguaiana, no Centro. A limpeza do espaço deve durar cerca de 15 dias.
Promessa de reconstrução 
No domingo, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, disse que o caso deve servir para que sejam relizadas melhorias no mercado popular e tranquilizou os comerciantes de que a prefeitura vai reconstruir as lojas afetadas.
O incêndio teve início na manhã de domingo em uma loja na Rua dos Andradas, na altura da Rua Senhor dos Passos, e se espalhou rapidamente. Bombeiros de dez quartéis foram acionados para combater as chamas. A fumaça tomou grandes proporções e pôde ser vista de outras áreas da cidade, como do Pão de Açúcar, na Zona Sul do Rio. Na manhã desta segunda-feira ainda havia episódios de fumaça e forte cheiro de queimado no mercado popular.