Rio - Uma ação da Polícia Civil e do Ministério Público (MPRJ) prendeu 14 pessoas envolvidas em um esquema de fabricação clandestina e venda ilegal de anabolizantes. A Operação Kairos tinha como alvo uma quadrilha que movimentou mais de R$ 82 milhões em cerca de um ano com a atividade ilegal e cumpriu mandados em Irajá, Vicente de Carvalho, Guadalupe, Méier e Olaria, na Zona Norte, em Niterói, São Gonçalo e Maricá, na Região Metropolitana, bem como no Distrito Federal.
A ação foi realizada pela 76ª DP (Niterói) e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ), com apoio da Coordenação de Repressão às Drogas (CORD) da Polícia Civil do Distrito Federal. Entre os presos, está o chefe da quadrilha, Miguel Barbosa de Souza Costa Júnior, conhecido como Boss, em um imóvel de alto padrão, em São Gonçalo.
Imagens da TV Globo registraram placas com frases ameaçadoras na residência do criminoso, como "Propriedade particular. Invasores serão alvejados. Sobreviventes serão alvejados novamente" e "Atenção. Da cerca pra dentro agimos igual ao STF. Acusamos, julgamos e executamos a pena!". No local, foram apreendidos três pistolas, uma escopeta e munições.
Uma pessoa também foi presa em flagrante, com armas e drogas. Um outro líder da quadrilha está em um cruzeiro e os agentes realizam diligências para prendê-lo. Ao todo, 23 pessoas foram denunciadas por associação criminosa, falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais e crimes contra as relações de consumo. Os mandados foram expedidos pela 5ª Vara Criminal da Comarca de São Gonçalo, que R$ 82.062.506 da conta dos alvos.
Inseticidas eram usados nas fórmulas
As investigações começaram em junho de 2024, a partir de postagens identificadas pelo setor de Segurança dos Correios, de grandes quantidades de remessas de substâncias anabolizantes, enviadas diariamente por encomenda para diversos locais do Rio e outros estados. A Delegacia de Crimes Contra o Consumidor (Decon) foi comunicada e a estimativa é de que o grupo criminoso movimentou mais de R$ 82 milhões no período.
Os produtos eram fabricados clandestinamente, sem fiscalização das autoridades sanitárias e utilizavam substâncias tóxicas e nocivas para seres humanos nas suas fórmulas, como repelentes de insetos. Os denunciados vendiam para clientes de 26 estados brasileiros. Ao longo das investigações, foram apreendidas mais de 2 mil substâncias ilícitas que seriam remetidas, causando prejuízo de mais de R$ 500 mil ao grupo.
Entretanto, o Gaeco apontou que o número representa apenas cerca de 10% do total efetivamente distribuído pelos criminosos. Segundo a denúncia, as marcas Next Pharmaceutic, Thunder e Plus Suplementos fazem parte do conglomerado envolvido na venda de anabolizantes irregulares, promovidos e vendidos por meio de sites e redes sociais, abaixo do preço de mercada e sem informações sobre os riscos à saúde, induzindo os consumidores a comportamentos prejudiciais.
A Polícia Civil identificou que para maximizar as vendas, o grupo também patrocinava grandes eventos de fisiculturismo e atletas profissionais, além de pagar influenciadores digitais para alavancar as vendas. Eles chegavam a receber mais de R$ 10 mil mensais para promoção da marca.
Também foram identificados diversos operadores financeiros, que lavavam a entrada e saída de quantias milionárias para dificultar a ação da polícia. As investigações seguem para identificar os revendedores, influenciadores e atletas patrocinados pela quadrilha.
A reportagem de O DIA tenta contato com a Next Pharmaceutic, Thunder e Plus Suplementos. O espaço está aberto para manifestação.
*Colaborou Pedro Teixeira