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'Justiça': Jovem baleada na cabeça pela PRF escreve bilhete à família

Internada desde a véspera de Natal, Juliana Leite Rangel, 26, ainda não consegue falar, mas responde bem ao tratamento

Por Rachel Siston

Publicado às 17/01/2025 14:13:33
Juliana Leite Rangel usou bilhete para desabafar e pedir justiça
Rio - A jovem de 26 anos baleada por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) continua respondendo bem ao tratamento e se comunicou com familiares por meio de um bilhete. Juliana Leite Rangel está internada no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN), em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, desde a véspera de Natal do ano passado, quando foi atingida na cabeça. No recado que escreveu aos familiares, a vítima desabafou sobre seu estado e pediu justiça.

De acordo com o pai da vítima, Alexandre Rangel, Juliana já sabe que foi baleada e, nesta quinta-feira (16), entregou o bilhete durante uma visita dele, já que ainda não consegue falar. "Quero justiça. Só Deus e eu sabemos o que estou passando", diz o texto assinado por ela.
"Graças a Deus, cada dia que passa ela está interagindo mais, está se recuperando bem. Ontem fui visitá-la e ela fez até uma cartinha, escreveu. Apesar dela estar com a traqueostomia, não podendo falar, está interagindo muito bem, escreveu na cartinha que quer justiça. Eu estou muito feliz que a minha filha está viva, isso foi um milagre de Deus", celebrou Alexandre.
"Quero agradecer a todos que estão ajudando nessa fase da Juliana, em que ela está interagindo, está se expressando através de cartinhas. Ontem, ela pediu justiça, porque ela está sabendo mais ou menos o que está acontecendo com ela. Ela pediu justiça porque só ela e Deus sabem o que ela está passando ali. É só alegria, ontem ela acabou com a medicação de antibióticos, porque ela estava com infecção, e graças a Deus está dando tudo certo, já deu. É só felicidade, só vitória", declarou a mãe, Dayse Rangel. 
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias, a paciente segue respirando por meio da traqueostomia e está em processo de desmame, ficando em períodos do dia fora do suporte ventilatório, depois que precisou voltar para a ventilação mecânica, no último dia 7. A pasta disse ainda que a jovem se mantém sem necessidade de sedação, despertando e interagindo, e realizando fisioterapia motora e respiratória.
"Do ponto de vista neurológico, não apresentou novos sintomas, sem novos déficits e sem necessidade de nova abordagem neurocirúrgica". Juliana continua em terapia intensiva e não há previsão de alta do CTI. O boletim médico divulgado na manhã desta sexta-feira (17) aponta que ela está em bom estado geral, apresentando estabilidade hemodinâmica, sinais clínicos e laboratoriais de boa resposta ao tratamento para controle do quadro infeccioso.
Animados com a evolução de Juliana, os pais agradeceram a equipe médica do hospital e aos policiais militares que socorreram a jovem, na ocasião. "A gente quer agradecer a Deus em primeiro lugar, aos dois policiais que salvaram minha filha e a equipe inteira do (Hospital Municipalizado) Adão Pereira Nunes, agradecer por tudo. Minha filha está voltando, já voltou. Em nome de Jesus, é só vitória", disse Dayse. 
Relembre o caso

Juliana foi atingida por um disparo de fuzil na noite do dia 24 de dezembro, dentro do carro da família, na Rodovia Washington Luís (BR-040), na altura de Duque de Caxias. Segundo o pai dela, que dirigia o carro, não havia nenhum motivo para a abordagem a tiros. Ele também foi atingido na mão esquerda e recebeu alta no mesmo dia. O carro da família, de cinco pessoas, ficou com várias perfurações. A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) investigam o caso.

O diretor-geral da PRF, Antônio Fernando Souza Oliveira, afirmou que a corporação apura todos os casos de excessos durante abordagens policiais feitas pelos seus agentes. Os dois homens e a mulher que participaram da abordagem foram afastados preventivamente de todas as atividades operacionais. O caso aconteceu horas depois de o Governo Federal ter publicado um decreto para regulamentar o uso da força durante operações policiais, que estabeleceu que “o emprego de arma de fogo será medida de último recurso".