Geral
Operação mira quadrilha de roubo de cargas e veículos com 'matriz' na Maré
Agentes buscam cumprir 74 mandados de busca e apreensão também na Baixada e em outros estados. Esquema movimentou R$ 18 milhões em um ano
Por Meia Hora
Publicado às 06/02/2025 11:52:08 Atualizado às 06/02/2025 11:52:08
Rio - A Polícia Civil realiza, nesta quinta-feira (6), uma operação contra um sofisticado esquema criminoso que envolve roubos de cargas e de veículos, receptação qualificada e lavagem de dinheiro. Segundo moradores, tiros foram registrados na região desde as primeiras horas do dia. Ao todo, os agentes buscam cumprir 74 mandados de busca e apreensão nas comunidades Nova Holanda e Parque União, no Complexo da Maré, Zona Norte, e em outras regiões da capital e da Baixada Fluminense —, além dos estados como Ceará, Bahia, Goiás e Santa Catarina.
As investigações da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) tiveram início em meados de 2024, após registros de ocorrência apontarem dois grupos que estariam escondidos nas comunidades da Maré. Os integrantes, vinculados à facção Comando Vermelho (CV), seriam responsáveis pelos grandes roubos de cargas do estado do Rio.
A estrutura da quadrilha foi identificada após a prisão de um suspeito, que relatou a existência de um local dentro da Maré denominado por eles como "escritório", onde criminosos se reúnem com o intuito de planejar os roubos e posteriores revendas dos bens roubados. De acordo com a denúncia, o grupo possui neste local quatro computadores, em que estão armazenados os dados dos funcionários das empresas que fornecem informações privilegiadas para a quadrilha e de empresários que receptam as cargas, bem como o armamento e bloqueadores de sinais GPS, utilizados por eles.
Segundo os agentes, os dois líderes dessas organizações possuem mandados de prisão pendentes pelo crime de roubo de cargas. Um deles é Felipe Pereira Santos, conhecido como Jack Cargas, o maior assaltante de cargas e veículos da atualidade.
A atuação da quadrilha ocorre nas principais vias do estado, e o transbordo das cargas roubadas é realizado em comunidades de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e nos complexos do Alemão, da Maré e de Manguinhos, na Zona Norte.
Ainda durante as investigações, foi possível obter informações que membros desses grupos estariam abrindo empresas de fachada para realizar transações financeiras com receptadores das cargas, legalizar o patrimônio adquirido com o dinheiro proveniente desses roubos e tentar fugir de possíveis investigações criminais contra eles. Diante dessas informações, a equipe solicitou cooperação junto ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), em que foi descoberto um grande esquema criminoso por meio de movimentações financeiras envolvendo roubadores, seus familiares e empresários que receptavam os materiais.
De acordo com dados do Coaf, os bandidos teriam movimentado mais de R$ 18 milhões entre os anos de 2022 e 2023, proveniente das vendas das cargas roubadas. A Justiça determinou o bloqueio das contas bancárias relacionadas aos investigados até o limite deste valor.
Essas movimentações foram feitas entre os diversos membros do grupo e empresários que compravam essas cargas. Foi comprovado também que telefones celulares eram enviados para o estado do Ceará e pagas por meio de transferências bancárias diretamente para os roubadores e seus familiares. Essa mesma dinâmica era realizada com o envio de veículos roubados para a Bahia. Há também indícios de envio de cargas roubadas para Santa Catarina e Goiás.
A ação faz parte da segunda fase da Operação Torniquete, que tem como objetivo reprimir roubo, furto e receptação de cargas e de veículos, delitos que financiam as atividades das facções criminosas, suas disputas territoriais e ainda garantem pagamentos a familiares de faccionados, estejam eles detidos ou em liberdade. Desde setembro, já são mais de 360 presos, além de veículos e cargas recuperadas.
As investigações da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) tiveram início em meados de 2024, após registros de ocorrência apontarem dois grupos que estariam escondidos nas comunidades da Maré. Os integrantes, vinculados à facção Comando Vermelho (CV), seriam responsáveis pelos grandes roubos de cargas do estado do Rio.
A estrutura da quadrilha foi identificada após a prisão de um suspeito, que relatou a existência de um local dentro da Maré denominado por eles como "escritório", onde criminosos se reúnem com o intuito de planejar os roubos e posteriores revendas dos bens roubados. De acordo com a denúncia, o grupo possui neste local quatro computadores, em que estão armazenados os dados dos funcionários das empresas que fornecem informações privilegiadas para a quadrilha e de empresários que receptam as cargas, bem como o armamento e bloqueadores de sinais GPS, utilizados por eles.
Segundo os agentes, os dois líderes dessas organizações possuem mandados de prisão pendentes pelo crime de roubo de cargas. Um deles é Felipe Pereira Santos, conhecido como Jack Cargas, o maior assaltante de cargas e veículos da atualidade.
A atuação da quadrilha ocorre nas principais vias do estado, e o transbordo das cargas roubadas é realizado em comunidades de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e nos complexos do Alemão, da Maré e de Manguinhos, na Zona Norte.
Ainda durante as investigações, foi possível obter informações que membros desses grupos estariam abrindo empresas de fachada para realizar transações financeiras com receptadores das cargas, legalizar o patrimônio adquirido com o dinheiro proveniente desses roubos e tentar fugir de possíveis investigações criminais contra eles. Diante dessas informações, a equipe solicitou cooperação junto ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), em que foi descoberto um grande esquema criminoso por meio de movimentações financeiras envolvendo roubadores, seus familiares e empresários que receptavam os materiais.
De acordo com dados do Coaf, os bandidos teriam movimentado mais de R$ 18 milhões entre os anos de 2022 e 2023, proveniente das vendas das cargas roubadas. A Justiça determinou o bloqueio das contas bancárias relacionadas aos investigados até o limite deste valor.
Essas movimentações foram feitas entre os diversos membros do grupo e empresários que compravam essas cargas. Foi comprovado também que telefones celulares eram enviados para o estado do Ceará e pagas por meio de transferências bancárias diretamente para os roubadores e seus familiares. Essa mesma dinâmica era realizada com o envio de veículos roubados para a Bahia. Há também indícios de envio de cargas roubadas para Santa Catarina e Goiás.
A ação faz parte da segunda fase da Operação Torniquete, que tem como objetivo reprimir roubo, furto e receptação de cargas e de veículos, delitos que financiam as atividades das facções criminosas, suas disputas territoriais e ainda garantem pagamentos a familiares de faccionados, estejam eles detidos ou em liberdade. Desde setembro, já são mais de 360 presos, além de veículos e cargas recuperadas.
Serviços impactados
Devido a operação, para a segurança de profissionais e usuários, a Clínica da Família (CF) Jeremias Moraes da Silva suspendeu o funcionamento na manhã desta quinta-feira (6).
Enquanto a CF Diniz Batista dos Santos mantém o atendimento. Apenas as atividades externas realizadas no território, como as visitas domiciliares, estão suspensas.
Enquanto a CF Diniz Batista dos Santos mantém o atendimento. Apenas as atividades externas realizadas no território, como as visitas domiciliares, estão suspensas.
Segundo a Secretaria de Estado de Educação, até o momento, duas escolas da rede estadual precisaram ser fechada na região. Enquanto 36 unidades escolares municipais suspenderam aulas.
'Caixinha do CV'
Em janeiro deste ano, agentes das Forças de Segurança do Rio realizaram, no Complexo do Alemão, na Zona Norte, uma outra operação contra um grupo investigado por gerenciar a "caixinha do CV", núcleo financeiro da organização criminosa Comando Vermelho (CV). Na ação, 13 pessoas foram presas, três suspeitos mortos e um PM do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) acabou baleado.
Na ocasião, mães, irmãs, mulheres e até sogras de criminosos estiveram entre os presos. Investigações apontam que familiares dos bandidos eram responsáveis por operar o fundo da facção, em que o financiamento é alimentado por diversos crimes, como roubo e furto de veículos e de cargas, compra de drogas e armamentos, expansão territorial, pagamento de propinas, assistência a membros presos e crimes conexos, como extorsões, além da exploração monopolizada de serviços de internet.