'A história que a borracha do tempo não apagou'

Munduruku

É o Sol que brilha lá no Norte,
a nossa voz

Vento que sopra pelo Rio Tapajós

É o som da mata que ecoa na raiz

É o som da mata que ecoa na raiz

Atiro a ponta da minha flecha

Mirando em seu peito, na sua ambição

Meu velho, não esqueça que a floresta

Não se rende feito os donos da nação

Barcaça vai trazer

Os ferros que erguem a cidade arredia

Confundem engrenagem
com sabedoria

Ignorando os segredos do lugar

Barcaça vai levar

Meu ouro branco,
rasgado em seringais

A esperança é deixada pelo cais

Pra quem um dia queria sonhar

Ê caboclo de bubuia, quero ver!
Quero ver!

Quem vai acordar antes
do amanhecer?

No ribeirão, vá buscar tracajá!

Não tem capitão se meu povo zangar!

Ê caboclo de bubuia, quero ver!
Quero ver!

Quem vai acordar antes
do amanhecer?

No ribeirão, vá buscar tracajá!

Não tem capitão se meu povo zangar!

Deixa que o canto já ecoou

Quando toda fumaça dissipou

Eaê aê, nossa luta não dá pra comprar

Eaê aê, Amazônia resistirá

Em cada voz do Juruena

Transformada em poema
num antigo ritual

Não temos o tempo dos Pariwá

Borracha nenhuma pode apagar

A nossa história!

A nossa gente!

Meu Carnaval!

Vermelho urukum! O tigre de guerra!

Não se esconda quando eu voltar

Eu sou orgulho e paixão

Bem mais que um pavilhão

A força que faz esse povo lutar