Rio - A primeira audiência de instrução do caso ‘Brigadeirão’, marcada para esta segunda-feira (7) na 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), foi interrompida no início da tarde e remarcada para o dia 9 de maio, às 10h. O motivo: Julia Andrade Cathermol Pimenta e Suyany Breschak, acusadas de matar o empresário Luiz Marcelo Ormond envenenado, não foram apresentadas pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap).
Ao fim da sessão, a juíza Lucia Mothe Glioche estipulou um prazo de cinco dias para que a secretaria e as direções das unidades prisionais onde cada uma das rés está acautelada justifiquem o motivo da não apresentação. Procurada, a pasta ainda não retornou. O espaço segue aberto.
Das 20 testemunhas aguardadas para a audiência desta segunda, apenas nove compareceram. Destas, o delegado Marcos André Buss, titular da 25ª DP (Engenho Novo), que investigou o caso, foi o único a ter o depoimento colhido.
A juíza Lucia Mothe Glioche encerrou a audiência intimando todas as testemunhas para o encontro de 9 de maio, além, claro, das acusadas, que tiveram a prisão preventiva mantida.
Em março, a defesa de Suyany havia pedido a prisão domiciliar da cigana, alegando que ela foi agredida e vem sofrendo ameaças dentro do Instituto Penal Djanira Dolores de Oliveira, no Complexo de Gericinó, Zona Oeste. O pedido, no entanto, foi negado.
Já os advogados de Júlia pediram a retirada dela da denúncia da autoria do crime, mas a Justiça também negou o requerimento, ao pontuar que os laudos periciais são suficientes para comprovar a causa da morte como intoxicação exógena ou envenenamento. Segundo a juíza, a investigação apontou que elas agiram de forma "calculada e fria", no objetivo de matar o empresário e tomar seus bens.
O caso
Segundo as investigações da Polícia Civil, Luiz Marcelo morreu envenenado após comer um brigadeirão feito por Júlia, sua namorada. A apuração da 25ª DP (Engenho Novo) identificou que o crime teve motivação financeira, já que a acusada tinha uma dívida de R$ 600 mil com a cigana Suyany Breschak, por trabalhos espirituais contratados pela psicóloga.
A investigação apontou que Júlia deu um brigadeirão com 50 comprimidos moídos de Dimorf de 30mg, um remédio controlado, para o homem. Imagens do circuito interno de segurança do prédio onde o empresário morava, no Engenho Novo, Zona Norte, mostram, no dia 17 de maio, ele sonolento ao conversar com a namorada, o que para a polícia significou que ele já tinha sido envenenado. Exames feitos pelo Instituto Médico Legal (IML) confirmaram a presença de morfina e outras substâncias no corpo da vítima.
A polícia apontou ainda que Suyany, considerada a mandante do crime, foi beneficiária de todos os bens furtados do empresário e recebeu o carro dele como parte do pagamento da dívida. O veículo da vítima foi encontrado em Cabo Frio, na Região dos Lagos, após ter sido vendido por R$ 75 mil, e recuperado, junto com outros bens. O homem que dirigia o veículo foi preso por receptação. Com ele, os agentes localizaram o celular e o computador da vítima.
Júlia, que está presa desde o dia 5 de junho, responde pelos crimes de homicídio por motivo torpe com emprego de veneno e com uso de traição ou emboscada, por estelionato, associação criminosa, falsidade ideológica, fraude processual e uso de documento falso. Ela também foi indiciada por se apropriar dos bens do empresário e por vender suar armas.
Suyany, presa desde o dia 28 de maio, responde pelos mesmos crimes da psicóloga, menos o uso de documentos falsos. Considerada a mandante do assassinato, a cigana teria instruído Júlia a ministrar o medicamento, além de ter descoberto como adquirir os comprimidos inseridos no brigadeirão.