Viajar: cada dia mais caro. Trata-se da inflação do turismo.

Santos Dumont congestionado e Galeão às moscas

Aeroporto Santos Dumont congestionado e Galeão às moscas
Aeroporto Santos Dumont congestionado e Galeão às moscas -
A vilã é a passagem aérea. No entanto, outros setores do turismo influenciam na alta. O Índice IPCA, do IBGE apontou acúmulo de alta em 23,53% nas passagens aéreas, em 2022. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas Aéreas (ABEAR), em 2022, o país chegou a pagar quase 50% a mais na querosene de aviação do que os Estados Unidos.
“Esses serviços são, na maioria das vezes, comprados mediante parcelamento, o que, com o crédito mais caro, explica a dificuldade do setor do turismo em ultrapassar o nível pré-pandemia”, avalia Fabio Bentes - economista responsável pela pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo

A hospedagem  também influenciou, com aumento de 18,21%, assim como os pacotes turísticos , 17,16% mais caros. Essas três variações se projetaram acima do nível geral de preços, que subiu 5,79%.
“Os reajustes de praticamente todos os segmentos, o aumento significativo da taxa de juros e o alto comprometimento da renda com dívidas fazem com que os gastos com lazer sejam comedidos, mas ainda assim consideravelmente maiores do que em 2021”, afirma José Roberto Tadros - presidente. da CNC.
Ausência de concorrência encarece o setor
O levantamento Air Monitor 2023, realizado pela American Express Global Business Travel, revela que o valor das tarifas aéreas deve subir no mundo todo este ano. 
“O preço do combustível, claro, impacta no valor que o passageiro vai desembolsar. Essa alta, no entanto, pode ser compensada comprando a passagem com antecedência e fora de alta temporada ou de datas comemorativas, por exemplo”, explica Patrícia Guedes - fundadora do Passagens Imperdíveis.
Para especialistas do setor, não somente os juros, câmbio ou combustível são os responsáveis pelos altos preços e falta de ofertas de rotas.
“Acho que o grande problema é a falta de concorrência. Tem que implementar o modelo 'céus abertos'. Temos que liberar as low costs que hoje, no Brasil não tem em operação. Só com a concorrência, teremos redução de preço” – defende José Domingos Bouzon – Vice presidente do SindHotéis.
A inexistência de uma grande e forte companhia brasileira no setor também enfraquece o país que já teve operando simultaneamente grandes companhias nacionais como a Varig, Vasp e Transbrasil.
“O Brasil não tem mais empresa de bandeira dele que ajude a controlar os preços. A saída é o novo presidente da Embratur [Marcelo Freixo] e a nova ministra do Turismo [Daniela carneiro] chamarem as aéreas para uma conversa. O governo precisa abrir para as low costs até como uma forma de pressionar as demais companhias a baixarem os custos” – avalia Alfredo Lopes, presidente do Sindicato Hotéis Rio.

Santos Dumont congestionado e Galeão às moscas
A ociosidade e a precariedade do sistema aéreo comercial brasileiro preocupa não somente o Governo Federal, mas também toda a cadeia econômica do país. Isso porque a vulnerabilidade do sistema não prejudica somente o turismo, mas a economia em geral que pode ser estagnada por problemas logísticos.
“O preço alto das passagens e as questões relacionadas ao funcionamento do aeroporto do Galeão estão na ordem do dia do Ministério do Turismo e da Embratur, que já assumiram cuidando com afinco dos temas para encontrar as melhores soluções.” Roberta Werner, diretora-executiva do Visit.Rio.

A cúpula federal desembarcou no Rio de Janeiro para tentar uma solução para o Aeroporto Antônio Carlos Jobim e voltaram para Brasília com sugestões, mas sem sinalizarem uma opção a curto prazo para esse importante terminal.
Além da ociosidade, a devolução do Aeroporto Internacional Tom Jobim por parte da concessionária, preocupa o Governo Lula. Pela lei de licitação, a empresa só pode encerrar sua administração quando houver nova licitação e a entrada em operação da substituta. No entanto, estuda-se a possibilidade dele voltar para a União até chegar-se a uma solução definitiva.
O receio da gestão Lula é de que a atual concessionária não consiga administrar o aumento da demanda de verão culminando com o carnaval. A justificativa para o rompimento foi terem admitido a "incapacidade de cumprimento das obrigações originárias do contrato".
O setor de aviação funciona de forma interligada. Qualquer colapso regional pode estender não somente ao país, mas impactar globalmente.
Outra alternativa estudada é oferecer contrapartidas para que o consórcio desista da devolução. No entanto, dependendo do que for oferecido a Rio Galeão pode gerar reivindicações parecidas pelas outras administradoras privadas de terminais.
“É um problema que tem que ser resolvido. Acho que agora a ministra já está se posicionando. O que não pode é você chegar via Internacional [terminal do Galeão] e todas as demais conexões estão no regional Santos Dumont [aeroporto doméstico no centro do Rio] sem nenhum transporte interligando os terminais. Algo inimaginável” - resume Alfredo Lopes.

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