Caso Moïse: dois são condenados pela morte do congolês

Fábio Pirineus e Aleson Cristiano foram julgados por homicídio triplamente qualificado

Familiares estavam com bandeira do Congo e camisas com foto do Moïse durante o julgamento
Familiares estavam com bandeira do Congo e camisas com foto do Moïse durante o julgamento -
Rio - Fábio Pirineus da Silva, o Belo, e Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, conhecido como Dezenove, foram condenados por homicídio triplamente qualificado contra Moïse Mugenyi Kabagambe, na noite desta sexta-feira (14). A pena de Fábio ficou em 19 anos, seis meses e 20 dias de reclusão, e Aleson Cristiano foi condenado a 23 anos, sete meses e 10 dias de prisão em regime fechado. Os dois estão presos desde janeiro de 2022. 
A decisão foi proferida pelo juiz Tiago Portes após dois dias de júri popular, composto por duas mulheres e cinco homens. O terceiro réu, Brendon Santos, o Tota, teve seu nome desmembrado do processo original após sua defesa recorrer da sentença de pronúncia. O pedido segue em tramitação no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O julgamento foi marcado por emoção e pela tentativa da defesa de reduzir a pena dos acusados. Durante os debates, a promotoria do Ministério Público do Rio (MPRJ) ressaltou a brutalidade da conduta dos réus na sessão de espancamento contra Moïse. A defesa, por sua vez, buscou a todo momento a absolvição, alegando legítima defesa, ou a reclassificação do crime para homicídio culposo ou lesão corporal seguida de morte.

Segundo a promotora Rita Madeiro, a defesa baseou seus argumentos em boatos sem provas sobre o congolês e tentou justificar as ações dos réus como não intencionais. "Fizeram com consciência. Eles quiseram o tempo todo. Não houve legítima defesa", afirmou.
O juiz Thiago Portes ainda salientou o fato de Moïse ter sido morto no país onde ele e sua família buscaram apoio e abrigo após fugir da guerra em seu país, a República Democrática do Congo.

"A morte da vítima gerou comprovados abalos de ordem psicológica e psíquica nos familiares da vítima, notadamente a genitora e o irmão, oriundos da República Democrática do Congo, que se evadiram da guerra, dos conflitos armados existentes em seu país, com a legítima expectativa de encontrar uma vida minimamente digna no Brasil. Fugiram da guerra, mas encontraram em um país que se diz acolhedor a crueldade humana e mundana, que ceifou a vida de seu filho e irmão."
Ao longo do julgamento, o júri assistiu a um vídeo inédito que mostrava os acusados zombando de Moïse, que estava imobilizado e desacordado. Nas imagens, Fábio aparece tirando uma foto do congolês com o celular, enquanto Brendon Santos faz um gesto de hang loose, sinalizando positividade com o polegar e o dedo mínimo. As imagens impactaram os familiares de Moïse que acompanhavam o julgamento, levando muitos às lágrimas.
1º Tribunal do Júri julga dois dos três acusados pela morte de congolês Moïse
1º Tribunal do Júri julga dois dos três acusados pela morte de congolês Moïse Divulgação
Irmão mais velho de Moïse se emociona do lado de fora da sala onde acontece o júri popular
Irmão mais velho de Moïse se emociona do lado de fora da sala onde acontece o júri popular Pedro Teixeira/Agência O Dia
Irmão mais velho de Moïse se emociona do lado de fora da sala onde acontece o júri popular
Irmão mais velho de Moïse se emociona do lado de fora da sala onde acontece o júri popular Pedro Teixeira/Agência O Dia
Irmão mais velho de Moïse se emociona do lado de fora da sala onde acontece o júri popular
Irmão mais velho de Moïse se emociona do lado de fora da sala onde acontece o júri popular Pedro Teixeira/Agência O Dia
Familiares estavam com bandeira do Congo e camisas com foto do Moïse durante o julgamento
Familiares estavam com bandeira do Congo e camisas com foto do Moïse durante o julgamento Pedro Teixeira/Agência O Dia
Familiares estavam com bandeira do Congo e camisas com foto do Moïse durante o julgamento
Familiares estavam com bandeira do Congo e camisas com foto do Moïse durante o julgamento Pedro Teixeira/Agência O Dia
Familiares estavam com bandeira do Congo e camisas com foto do Moïse durante o julgamento
Familiares estavam com bandeira do Congo e camisas com foto do Moïse durante o julgamento Pedro Teixeira/Agência O Dia