Base para uma escola sem base

Por J�lio Furtado Professor e escritor

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ABNCC (Base Nacional Comum Curricular) que se tornou lei em dezembro de 2017 tem como principal papel, definir as aprendizagens m�nimas e progressivas que todos os estudantes de todas as escolas do Brasil (p�blicas e particulares) devem aprender em cada ano e em cada �rea de estudo. Ela n�o � novidade. Esse documento j� estava previsto na Constitui��o Federal desde a d�cada de oitenta. A BNCC enquanto uma lei, regula, padroniza, mas tamb�m provoca, desestabiliza, instiga a escola e, em especial, os professores a mudarem sua forma de ensinar.

A Base Nacional j� chegou em meio a cr�ticas e resist�ncias. As principais ocorrem porque a BNCC reduziu o ciclo de alfabetiza��o de 3 para dois anos, n�o consolidou as quest�es de g�nero como conte�do obrigat�rio e instituiu o Ensino Religioso como �rea de conhecimento de oferta obrigat�ria nas escolas p�blicas. � fato que n�o podemos nos calar diante dessas quest�es, por�m, na minha opini�o, a quest�o mais s�ria diz respeito �s pr�ticas docentes.

O maior foco deve ser a forma��o continuada dos professores que est�o nas salas de aula, pois a efetividade da BNCC repousa numa pr�tica docente din�mica que atribua ao aluno papel crescentemente ativo no ato de aprender. Aprendemos a dar aulas com os professores que tivemos, logo, somos o retrato de um modelo cristalizado de ensino. Professor fala, aluno ouve, de prefer�ncia em fileiras de carteiras retil�neas que nos permitam ver uma s� cabe�a (cabendo a�, no m�nimo, duas interpreta��es). Romper com esse modelo requer treinamento, apoio t�cnico, infraestrutura material e, acima de tudo, motiva��o e cren�a de que � poss�vel.

Para que a Base fa�a diferen�a na Educa��o nacional, ela ter� que ser vista muito mais pelo seu lado de oportunidade do que por sua dimens�o legal. A hist�ria mostra que nunca conseguimos mudan�as efetivas na Educa��o somente a partir de leis e decretos. Para promover mudan�as, a legisla��o precisa ser legitimada e isso somente ocorre quando as mudan�as institu�das encontram eco na cren�a dos professores, que por sua vez s� acreditam quando se sentem seguros e enxergam a coer�ncia do processo. Os Estados e Munic�pios ter�o que receber suporte financeiro para investir na forma��o docente e para garantir uma pol�tica salarial que restaure a dignidade social do professor. Sem isso, ser� apenas Base para uma escola sem base.

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J�lio Furtado, colunista do DIA Divulga��o

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