Pelos bastidores do metr� do Rio

Por tr�s dos 58 quil�metros de trilhos, est�o mais de 2 mil funcion�rios que fazem o sistema funcionar

Por GUSTAVO RIBEIRO

Jennifer ganhou chocolates de usuários na Páscoa
Jennifer ganhou chocolates de usuários na Páscoa -

Rio - São incontáveis as expressões de bom dia, boa tarde, boa noite, bom trabalho e bom descanso que o auxiliar de estação mais famoso do MetrôRio deseja diariamente. Responsável pela liberação do acesso para portadores de gratuidades há cinco anos na Carioca, João Felipe dos Santos, 40, é uma das peças-chave para promover o transporte de 880 mil passageiros todos os dias. "Às vezes estamos tristes, preocupados, e isso levanta a gente. É um exemplo de amor ao próximo", elogiou a professora Sueli Figueiredo, 70, abraçando aquele que considera amigo.

Ao todo, 2.657 funcionários garantem a operação de três linhas em 58 quilômetros, 64 trens e 41 estações. Muitas curiosidades permeiam os bastidores. Quem imagina, quando o metrô para, que o condutor pode ter saído da cabine e ido consertar uma avaria? Não é tão frequente, mas acontece. "Se houver um vazamento de ar comprimido, esse cara tem que entrar debaixo do trem, identificar onde está vazando, fecha de um lado, fecha de outro, isola aquele trecho e continua rodando o trem", explicou um dos treinadores.

O Centro de Controle Operacional (CCO), na Central, é o cérebro do sistema metroviário, onde controladores monitoram todas as linhas - Maíra Coelho / Agência O Dia

SEGURANÇA NO TRANSPORTE

Para um leigo, o painel negro que cobre uma parede do Centro de Controle Operacional (CCO), na Central, exibe um emaranhado de cores e figuras indecifráveis. Mas é o cérebro do sistema, de onde controladores de tráfego e o pessoal de inteligência não desgrudam os olhos de cada linha para garantir a segurança no transporte. Monitoram o deslocamento das composições, a sinalização e imagens de 1,8 mil câmeras das estações em tempo real, e podem fazer qualquer intervenção operacional. No Carnaval, por exemplo, precisaram suspender a energia da via por conta de acesso indevido de usuários.

Os 'neurônios' do CCO ficam conectados 24h por dia, porque de madrugada é preciso garantir a segurança das equipes que fazem manutenções preventivas na via. Já no Centro de Manutenção, em uma área de 60 mil m² na Cidade Nova, são feitos serviços programados nos trens.

Simpatia desperta amizades

O funcion�rio carism�tico da Carioca desenvolveu o h�bito de cumprimentar todos porque sentia falta de di�logo. "Na inf�ncia, a gente cumprimentava os vizinhos e isso � escasso hoje", contou Jo�o Felipe. Auxiliar na mesma esta��o h� um ano, Jennifer Cruz, 28, tamb�m � querida. Na P�scoa, ganhou at� chocolates de passageiros. Condutora desde 2001, Maria de F�tima Costa, 43, ama o que faz. No in�cio, sofreu preconceito. "Uma amiga perguntou: 'Vai virar sapat�o?'", lembrou, rindo.

Pre�o por km menor do que S�o Paulo

O pre�o do quil�metro da linha metrovi�ria carioca � 5% inferior ao custo da recentemente concessionada Linha 5 de S�o Paulo e abaixo da m�dia mundial identificada pelo estudo do pesquisador Bent Flybjerg, que compara os custos de 28 metr�s executados nas �ltimas d�cadas. A informa��o � do secret�rio estadual de Transportes, Rodrigo Vieira, que alerta, no entanto, que � preciso aten��o para o fato de que h� diferen�as do tipo de solo e de constru��o.

Os metr�s do Rio e de S�o Paulo come�aram a funcionar com apenas cinco anos de diferen�a: em 1979 e 1974, respectivamente. Passadas quatro d�cadas, o sistema paulista avan�ou mais que o carioca, com seis linhas e 79 esta��es constru�das ao longo de 89,8 quil�metros. L�, s�o transportados 4,5 milh�es de passageiros por dia (3,6 milh�es a mais).

Apesar de ter sido idealizado na d�cada de 40 (o Plano Metrovi�rio foi um projeto da Cia. Carris de Bondes - Light, de 1947), o Metr� Rio s� foi efetivamente projetado em 1968 por uma equipe de especialistas alem�es. Em mar�o de 1979, iniciaram-se as opera��es com cinco esta��es: Pra�a Onze, Central, Presidente Vargas, Cinel�ndia e Gl�ria.

Galeria de Fotos

Jennifer ganhou chocolates de usuários na Páscoa Maíra Coelho / Agência O Dia
Jo�o Felipe (esquerda) � reconhecido pela sua simpatia com passageiros. Jennifer (direita) ganhou chocolates de usu�rios na P�scoa Maíra Coelho / Agência O Dia
Condutora desde 2001, Maria de F�tima Costa sofreu preconceito no in�cio da carreira Maíra Coelho / Agência O Dia
Simulador do metr� (direita) treina condutores Maíra Coelho / Agência O Dia
No Centro de Manuten��o (esquerda) s�o feitos servi�os programados nos trens Maíra Coelho / Agência O Dia
O Centro de Controle Operacional (CCO), na Central, � o c�rebro do sistema metrovi�rio, onde controladores monitoram todas as linhas FotoS MA�ra Coelho / Ag�ncia O Dia
Secret�rio Paulo Messina condiciona a corre��o salarial de servidores e a antecipa��o do 13� ao resultado da arrecada��o Marcio Mercante / Agencia O Dia

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