Ap�s megaopera��o que prendeu 168 pessoas, rela��o entre a Liga da Justi�a e candidatos � alvo de apura��o
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C�SSIO BRUNO E MARIA INEZ MAGALH�ES
Transferência dos suspeitos de integrarem milícia presos em Santa Cruz para o o Complexo Penitenciário de Bangu - Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Rio - O poder político da maior e mais bem estruturada milícia do Estado do Rio, a Liga da Justiça, está sendo investigado pela Polícia Civil. Só em Santa Cruz, Paciência e Campo Grande, bairros da Zona Oeste onde o grupo paramilitar domina e manda executar inimigos, há 11 zonas eleitorais com, pelo menos, 720 mil eleitores. Não à toa, os investigadores tentam identificar os candidatos que têm relações espúrias com a quadrilha em busca de votos para as eleições deste ano. No último sábado, uma megaoperação prendeu 168 pessoas ligadas a essa milícia.
Segundo investigadores ouvidos pelo DIA, a Liga da Justiça efetivamente se vale da influência que possui nessa região para beneficiar candidatos, que não necessariamente também são milicianos. Atualmente, o chefe do grupo é Wellington da Silva Braga, o Ecko, que conseguiu escapar da megaoperação da Polícia Civil após troca de tiros com agentes da corporação em uma festa em Santa Cruz.
Ecko sucedeu a Carlos Alexandre Braga, o Carlinhos Três Pontes, morto em abril de 2017, após uma operação da Delegacia de Homicídios. Conforme O DIA publicou em 4 de setembro de 2016, Três Pontes mandou matar ao menos três candidatos e cabos eleitorais na Baixada Fluminense, região para onde o grupo vem se expandindo. Atualmente, na disputa pelo comando da Liga da Justiça também estão os irmãos Natalino José Guimarães, ex-deputado, e Gerônimo Guimarães Filho, o Gerominho, ex-vereador, eleitos pelo poder político da milícia.
As 11 zonas eleitorais da Zona Oeste que abrangem as áreas de atuação da milícia Liga da Justiça são 25ª, 120ª, 122ª, 125ª, 240ª, 241ª, 242ª, 243ª, 244ª, 245ª e 246ª. Nelas, embora até agora não haja qualquer relação com o grupo paramilitar, a mais votada em todas, nas eleições de 2014, foi a deputada estadual eleita Lucinha (PSDB), com 56.034 votos de um total de 65.760. Em 2016, o filho dela, o vereador Júnior da Lucinha (MDB), foi campeão em seis zonas totalizando nelas 25.135 votos dos 45.124.
Marielle Franco
Ontem, o coronel Carlos Cinelli, porta-voz do Gabinete Intervenção Federal no Rio, admitiu que o assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol) pode ter envolvimento da quadrilha. "Os dados da investigação ainda são tratados no nível da Secretaria de Segurança. O (comandante da intervenção federal no Rio) general Braga Netto até comentou que houve avanços nessa última semana. Só o curso da investigação é que vai dizer. Mas é possível que haja alguma correlação entre a ação que resultou na prisão dos milicianos, em Santa Cruz, e o caso da vereadora Marielle", afirmou Cinelli.
Marielle era uma das assessoras da CPI das Milícias, em 2008, que pediu o indiciamento de 225 políticos, policiais, agentes penitenciários, bombeiros e civis. Dias antes de morrer, a vereadora denunciou policiais militares do 41º Batalhão (Irajá). Nesse caso, a polícia já ouviu ao menos seis vereadores na condição de testemunhas.
Pol�cia v� ind�cios claros de associa��o ao crime
Do lado de fora da Cidade da Pol�cia, um grupo de m�es, esposas e outros familiares dos suspeitos chamava a aten��o. Desde s�bado, parentes dos presos j� formavam fila no local em busca de informa��es. Ontem, durante a sa�da deles, houve gritos, choros e reclama��es de que estavam sendo levados "injustamente".
M�e de Jorge Vieira Gon�alves, de 38 anos, a cozinheira Temilda Santa, 64, passou a manh� no local e n�o sabia da transfer�ncia dele para Bangu. Segundo ela, o filho � formado em Administra��o e trabalha em uma empresa terceirizada que presta servi�os para a Funarte.
"N�o tenho uma informa��o sequer. Ele n�o � bandido, � trabalhador. E � hipertenso, trouxe o rem�dio dele, mas n�o deixaram entregar", queixou-se.
A esposa do rapaz, Fabiana Santos, 40, relatou que estava no s�tio quando os policiais chegaram: "N�o era uma festa de bandidos, era um pagode". Outras m�es chegaram a levar comida, mas n�o conseguiram deixar com os policiais, segundo relataram.
Questionada, a Pol�cia Civil ressaltou que o s�tio onde foram realizadas as pris�es � um "local notoriamente dominado pela mil�cia, com criminosos fortemente armados promovendo uma festa em celebra��o a milicianos".
Segundo a Pol�cia Civil, quem frequentava o evento tinha "consci�ncia dessa a��o delituosa" e antes de entrar no s�tio precisou passar por grupos armados de fuzil. Por fim, a pol�cia declarou que h� ind�cios claros e suficientes de associa��o com a atividade criminosa de todos os presos em flagrante.
Sete ve�culos e um helic�ptero para a transfer�ncia
Os 168 homens presos segundo policiais que participaram da opera��o , na madrugada de s�bado, no evento de pagode em Santa Cruz, foram levados algemados da Cidade da Pol�cia para a Cadeia P�blica Frederico Marques, em Benfica, por volta de 13h de ontem.
No local, a Secretaria Estadual de Administra��o Penitenci�ria (Seap) fez o registro deles no sistema carcer�rio. E, em seguida, todos foram transferidos para o Complexo Penitenci�rio de Gericin�, na Zona Oeste.
Para o transporte dos presos, o Servi�o de Opera��es Especiais (Seop) da Seap utilizou sete ve�culos: um �nibus, quatro caminh�es e mais duas viaturas.
Al�m disso, um helic�ptero da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e pelo menos quatro viaturas da especializada acompanharam a transfer�ncia do bando.
Galeria de Fotos
Transferência dos suspeitos de integrarem milícia presos em Santa Cruz para o o Complexo Penitenciário de Bangu
Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Transferência dos suspeitos de integrarem milícia presos em Santa Cruz para o o Complexo Penitenciário de Bangu
Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Até um helicóptero da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) foi usado na transferência dos suspeitos
Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
