Roubo de carga causa p�nico na L. Vermelha

Seis criminosos armados com fuzis renderam motorista e o levaram para dentro do Complexo da Mar�

Por RAFAEL NASCIMENTO

Uma marca de tiro no vidro dianteiro do carro da escolta. Seguran�as n�o reagiram ao assalto
Uma marca de tiro no vidro dianteiro do carro da escolta. Seguran�as n�o reagiram ao assalto -

Um roubo de carga levou p�nico aos motoristas na Linha Vermelha �s 9h30 de ontem. Cerca de seis homens, armados com fuzis, renderam um motorista de um furg�o que transportava celulares. O carro era escoltado por dois seguran�as, que estavam em outro ve�culo, e que n�o reagiram. Mesmo assim, os criminosos atiraram na dire��o dos agentes. Um dos disparos passou a cent�metros da cabe�a do motorista da escolta. O motorista do furg�o foi sequestrado.

Ap�s ser rendido, o condutor do furg�o onde estava a carga foi levado para dentro da Favela do Timbau, no Complexo da Mar�, onde permaneceu ref�m por cerca de duas horas. A carga de eletr�nicos, avaliada em quase R$ 200 mil, n�o foi recuperada.

Durante seu cativeiro, o motorista passou mal e um dos criminosos chegou a comprar um rem�dio para a sua press�o. Ap�s descarregarem a carga, os bandidos deixaram o motorista fazer uma liga��o para um amigo, que o buscou dentro da favela. Ao mesmo tempo a PM fazia opera��o para tentar resgatar a carga e o motorista, mas n�o conseguiu. Ap�s sair da Mar�, o motorista foi para a delegacia prestar depoimento e reencontrou os seguran�as da sua escolta.

Um deles lembrou do momento em que os criminosos atiraram. "Sa�mos do carro quando vimos que era um assalto. Foi quando eles atiraram contra n�s. N�o revidamos. Vimos pelo menos seis homens armados com armas longas e curtas", disse um dos motoristas que n�o quis se identificar. "S� quero agora ir para casa e abra�ar minhas filhas de 21 e 12 anos", contou ele h� 17 anos na profiss�o.

"Por um milagre nada aconteceu comigo. Gosto dessa minha profiss�o, estou nela h� um ano. Rodamos o Rio de Janeiro e o que a gente v� � que n�o tem seguran�a", afirmou o agente de seguran�a, de 25 anos, que quase foi baleado. Ele � casado e pai de um filho de 2 anos.

V�deos publicados na internet mostram motoristas voltando na contram�o, tentando fugir dos disparos. A Linha Vermelha, no entanto, n�o chegou a ser interditada.

"Essa pr�tica tem sido recorrente na regi�o. H� a possibilidade de algu�m de dentro da empresa ter repassado as informa��es sobre o ve�culo. Estamos intensificando o trabalho de investiga��o para encontrar os envolvidos no crime", afirmou o delegado, Marcus Neves, da 17� DP (S�o Crist�v�o). Por a carga ser avaliada em mais de R$ 100 mil, a investiga��o do roubo ficar� a cargo da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas.

Desde dezembro, o registro do roubo de cargas estava caindo, mas, em mar�o voltou a subir, com 917 casos �ndice superior a qualquer outro m�s de mar�o. N�meros de abril ainda n�o foram divulgados.

Especialistas criticam falta de controle de muni��o da PF

O diretor-executivo do Instituto Sou da Paz, Ivan Marques, classificou como "um absurdo" a Pol�cia Federal n�o contabilizar o n�mero de armas e muni��o extraviadas da institui��o.

Conforme O DIA revelou, a PF n�o faz a contabilidade da quantidade dos desvios e somente abre inqu�ritos quando constata o crime. A informa��o foi fornecida pelo pr�prio diretor-geral da PF, Rog�rio Galloro, ap�s um pedido feito pela reportagem do n�mero de muni��es e armas desviadas da corpora��o nos �ltimos 15 anos, via Lei de Acesso � Informa��o.

Em resposta ao pedido, Galloro disse que seria invi�vel fornecer a informa��o pois "os sistemas utilizados para registros de ocorr�ncias n�o trazem anota��es espec�ficas sobre tais informa��es, inicialmente sendo invi�vel a distin��o, por meio de relat�rios do sistema, de estat�sticas especificamente relacionadas a armas e muni��es do �rg�o".

De acordo com Marques, "o caso � grave e � necess�rio uma mudan�a urgente na forma de gerir um banco de dados da muni��o da institui��o. Al�m disso, � algo que deve ser adotado na gest�o das pol�cias estaduais". Atualmente, as pol�cias militares de S�o Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, possuem um sistema informatizado de contabilidade da muni��o.

Marques lembrou que o Brasil � signat�rio do Tratado sobre o Com�rcio de Armas (TCA), que imp�e aos pa�ses integrantes controle na importa��o e nos arsenais internos, principalmente nas quest�es de desvios.

O Diretor da Associa��o Brasileira de profissionais de Seguran�a, Vin�cius Cavalcante, opinou que a falta de controle aumenta a perspectiva de desvio. "E isso � interessante para a criminalidade na medida que permite acessar a um conjunto de muni��o de boa qualidade e normalmente a um custo mais baixo", disse.

E alfinetou: "O que � paradoxal � que o �rg�o que tem o encargo de fiscalizar todo mundo, n�o se fiscaliza".

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