'Foi um susto quando cheguei no mercado. Verduras e legumes faltando e pre�os exorbitantes". O relato da dona de casa Silvia dos Santos, de 64 anos, em um mercado do Centro do Rio ontem foi o sentimento de muitos cariocas. Por causa da greve dos caminhoneiros iniciada na segunda-feira, a distribui��o dos alimentos em todo o estado foi afetada. A circula��o de �nibus tamb�m foi reduzida devido � falta de combust�vel, e as empresas alertam que hoje ser� ainda pior se os protestos e bloqueios nas estradas n�o forem suspensos.
Segundo a Fetranspor, federa��o das empresas de transporte, cerca de 40% dos �nibus no estado n�o foram para as ruas e a previs�o � de que hoje at� 70% da frota fiquem nas garagens. O operador do BRT informou que hoje o sistema deve funcionar com apenas metade dos ve�culos. O Rio �nibus, que representa as empresas da capital, informou que 28% da frota n�o foi para as ruas no fim da tarde de ontem. A prefeitura pede que os cariocas usem preferencialmente os trens, metr� e barcas.
Nos supermercados da cidade visitados pelo DIA faltavam sobretudo verduras e legumes, como cenoura, quiabo, salsa, e em alguns locais at� batata, cebola e tomate. O pre�o de alguns produtos quase quadruplicou.
"A batata que comprei por R$ 1,90, na semana passada, encontrei por R$ 7 hoje (ontem). Estamos com medo", relatou a aposentada Aneide Aumentero em um hortifruti na Lapa. "Estou estocando comida para os pr�ximos tr�s dias, mas salsinha, cebolinha e alface n�o encontrei em lugar nenhum", disse o comerciante Luciano Matos em um mercado no Centro.
"Infelizmente tivemos que repassar a alta dos pre�os para o cliente. Mas o caminh�es precisam voltar pois os estoques est�o no fim", contou o funcion�rio do hortifruti da Lapa, Andr� Luiz Siqueira, que explica que o estabelecimento compra os alimentos na Ceasa, principal atacadista de alimentos do Grande Rio.
Segundo o gerente da Associa��o Comercial dos Produtores e Usu�rios da Ceasa Grande Rio e S�o Gon�alo (Acegri), Wagner Martins, mais de 70% das lojas da Ceasa, que funcionam 24 horas por dia, n�o abriram ontem. Dos 700 caminh�es que abastecem o local diariamente, apenas 245 chegaram ao centro de distribui��o na ter�a-feira e 75 nesta quarta.
"Faltou muita mercadoria e a tend�ncia � s� piorar. O mercado est� sem nada, n�o est� tendo reposi��o de produtos e as poucas que t�m, � porque tem estoque", afirmou Wagner. A redu��o no abastecimento reflete na alta dos pre�os que em alguns casos mais do que quadruplicaram no local. A caixa de banana que custava R$ 80 chegou a R$ 350 ontem. "O saco da batata lisa custava R$ 70 (semana passada), ontem (ter�a) estava R$ 150 e hoje (ontem) est� R$ 300. Desde segunda n�o temos reposi��o deste produto", afirma Marcos Vin�cius Figueiredo, de 30 anos, gerente de uma loja na Ceasa.